Há séculos o homem vem interferindo drasticamente na reprodução dos cães, tanto para criar raças capazes de executar determinados serviços, como caça, tração de trenós, localização de drogas, segurança, polícia, etc…, como simplesmente para a produção de animais belos ou diferentes.

Diferentemente do que acontece com os animais na natureza, onde a reprodução é feita sem nenhuma grande interferência externa, no caso dos cães, mais do que em outras espécies animais, o homem vem interferindo sistematicamente, o que resultou na criação de cerca de 400 raças (e variedades) diferentes, cada vez mais afastadas do animal original que é o lobo selvagem. E nesses cruzamentos dirigidos com o objetivo de desenvolver e “aperfeiçoar” determinadas raças, a estética tem sido privilegiada em comparação com a anatomia, a fisiologia e a conseqüente saúde dos animais.

Há raças em que as patas são pequenas demais para suportar o peso do corpo. Noutras, a cara é tão achatada que os olhos ficam desprotegidos e são facilmente machucados. Em algumas, para que o rabo fique enroscado, a coluna fica deformada. Há raças em que a distrofia coxo-femoral ocorre com muita freqüência. Há outras praticamente sem focinho, em que o cão tem dificuldade de respirar, meramente por uma questão anatômica.

Há informações de que no Reino Unido, três em cada sete milhões de cães têm pedigree, ou seja, são produtos de cruzamentos dirigidos, e portadores de problemas de saúde, o que faz com que os seus proprietários gastem fortunas, por ano, com visitas ao veterinário.

O Imperial College of London realizou uma pesquisa que exemplifica muito bem a dimensão do problema dos cruzamentos consangüíneos e que são os maiores responsáveis pelo aparecimento dos mais diferentes problemas anatômicos e fisiológicos que atormentam os cães e seus donos. Na raça Pug, por exemplo, os mais de 10 mil exemplares registrados no Reino Unido são originários de apenas 50 indivíduos distintos. Situações idênticas ou semelhantes ocorrem com várias outras raças.

A conclusão é que, quando o leitor se decidir por determinada raça não se deixe levar pela apenas pela aparência. Consulte um médico veterinário para saber se o animal tem ou se está livre de algum problema genético capaz de afetar a sua saúde.