O que poderia ser uma coincidência tem se tornado uma ameaça à fertilidade dos plantéis. Com a volta das chuvas e a melhora gradativa das pastagens, muitos produtores se apressam em colocar suas fêmeas em estação de monta, porém, o início do manejo, coincide com a segunda etapa de vacinação contra a febre aftosa, obrigatória para todas as categorias em quase todos os Estados durante o mês de novembro.

Em Miranda, no Mato Grosso do Sul, um estudo conduzido por oito pesquisadores, revelou que os animais vacinados no 30o dia após a inseminação artificial em tempo xo (IATF) tiveram perda gestacional 4,2 vezes superiores quando comparados ao grupo vacinado 20 dias antes de passar pela inseminação. Ou seja, a vacinação feita após o manejo reduziu a fertilidade das fêmeas em 16,5%.

Segundo o vice-presidente do Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC), Sebastião Guedes, esse risco precisa ser informado com antecedência. “É obrigação dos fornecedores avisarem os criadores sobre os perigos que a vacina contra a aftosa pode provocar quando aplicada após a IATF. Acredito que deveria ser de responsabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) exigir dos fabricantes de vacinas que invistam na comunicação do problema e, deste modo, orientem os produtores sobre o que fazer para reduzir essas perdas”, avalia Guedes.

A partir de 2017, a Famato (Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso) vai inverter o calendário de vacinação contra a febre aftosa no Estado. Em maio, a vacina será aplicada em todo o rebanho (de mamando a caducando), enquanto em novembro serão vacinados apenas os animais de zero a 24 meses. “Outros Estados deveriam seguir o exemplo da Famato e pleitear, junto ao Mapa, alterações em seus calendários de vacinação. Certamente, reduziriam os problemas de perda gestacional decorrente da vacina contra aftosa”, diz Guedes.