O agronegócio tem sido, há um bom tempo, o sólido pilar da economia brasileira. Enquanto o PIB nacional despencou 3,8% em 2015 e muito perto disso em 2016, o PIB do campo saltou mais de 2,5%. O agro foi o único setor da economia que fechou no azul nesses anos. Por tudo isso, em muito pouco tempo passou de 21,5% para 23% do Produto Interno Bruto do país. Além disso, gera 1/3 dos empregos e representa mais de de 40% das exportações. São indicadores que não podem ser ignorados pelos especialistas ou não do setor independente de suas bandeiras.

São resultados extremamente positivos, obtidos em um momento particularmente desa ador para o País, que atinge 12% de desemprego com as taxas de juros mais altas do mundo. Mais do que isso, o agronegócio desafia a produtividade mundial em competitividade e crescente uso de tecnologia. Quais são os países que podem contar com duas safras de grãos em crescente produtividade e uma pecuária extensiva, que ocupa apenas 1 UA (unidade animal) e tem, assim, um tremendo potencial de crescimento?

Mais dados

Que tal mais dados? O agro representa negócios de R$ 1,4 trilhão/ano, de acordo com levantamento da CNA. Além disso, em dois anos obteve superávit comercial superior a US$ 150 bilhões, de acordo com a Secex, representando um dos setores de maior expressividade e interesse pelos fundos privados e capital estrangeiros, como fronteira de alimentos em um mundo carente de recursos.

Boa notícia

Outra boa notícia: o ritmo de crescimento do agronegócio brasileiro não diminuirá em 2017. Pelo contrário, deve se intensi car. A previsão da Conab é de safra de grãos superior a 215 milhões de toneladas neste ano, o que representa 15 milhões de toneladas a mais de alimentos para consumo interno e, especialmente, fortalecimento da marca agro-Brasil no exterior. Dois campeões de exportação ampliarão ainda mais sua presença internacional. O complexo soja deve gerar cerca de US$ 10,5 bilhões em receita para o Brasil. Mais de 1,6 milhão de toneladas de carne bovina devem ser vendidas para 150 países. Isso sem dizer que o Brasil é campeão de exportações de café, suco de laranja, carne de frangos…

Relevância do Brasil

Não podemos deixar de lembrar que há apenas três anos, a FAO alertou o mundo para a relevância do Brasil no desa o global de dobrar a produção de alimentos até 2050, para atender a mais de 2 bilhões de novos consumidores em todo o mundo.

Por todos esses números e informações, toca profundo em nós, que ajudamos a fazer do Brasil um campeão de produção de alimentos, qualquer comentário negativo sobre o agronegócio.

É o caso da denúncia recorrente de que somos campeões mundiais de uso de defensivos agrícolas. Ora, a simples divisão entre o total de defensivos gastos por ano e o tamanho da área tratada mostra que, na verdade, estamos muito, mas muito aquém dos verdadeiros campeões de consumo de agroquímicos: os europeus.

Preservação do ambiente

Também acusam o agronegócio de invadir áreas indígenas, usar trabalho infantil e práticas escravocratas. A verdade é que o produtor rural preserva áreas nativas e matas ciliares e protege 20% de suas fazendas – percentual que sobe para 80% no Bioma Amazônico. Aliás, as restrições na região da Amazônia legal não permitem a comercialização de carnes pelas grandes redes como forma de controle da expansão da bovinocultura neste bioma tão importante para o nosso mundo. Em relação ao trabalho, o campo segue a legislação, cada vez mais próxima daquele que rege direitos e deveres da sociedade. Se o produtor a desrespeita é punido, como qualquer empresário do mundo urbano.

Há quem também acuse o agro de desmatamento desenfreado. A verdade é que a produção de grãos ocupa apenas cerca de 60 milhões de hectares de terras e a pecuária é praticada em 170 milhões de hectares. É um percentual pequeno da área disponível. Mais de 60% das terras brasileiras estão preservadas e ainda temos 25% de pastos e áreas degradadas para possível recuperação sem que se derrube uma árvore.

Mais recentemente, uma escola de samba do Rio de Janeiro voltou ao tema, culpando o agronegócio por mazelas contra a população indígena que, diga-se de passagem, detém 13% das terras brasileiras – mais do que o agronegócio ocupa com produção de alimentos.

Esse episódio, aliás, movimentou o setor produtivo. Vários textos de repúdio foram divulgados, assim como a realização de campanhas de valorização do agro para a sociedade.

Que  que bem clara a posição da ABMRA: as pessoas e entidades podem se expressar, como fez essa escola. Cabe a nós, profissionais, empresas e instituições do agro, rebater as inverdades com fatos, números e estatísticas verdadeiras.

A valorização do agro

O agro tem de aprender a se valorizar perante o mundo urbano e o mundo urbano tem que entender o papel do agro no contexto geral. Se somos tão fortes economicamente, temos de ser igualmente representativos perante as pessoas dos grandes centros. Pelos exemplos citados, as críticas existem. Então, cumpre a nós mostrar quem somos, o que fazemos e a maneira como produzimos.

Somente assim plantaremos a semente do conhecimento, mostrando a todos os públicos a importância do agronegócio. Não podemos culpar este ou aquele movimento por nos desmerecer. Temos de nos adiantar e levar a nossa mensagem, com clareza e transparência. Só assim mudaremos a imagem do agronegócio brasileiro, pois temos competência para produção de alimentos com sustentabilidade, respeitando as pessoas e o meio ambiente.

Abri este artigo, o primeiro de uma série para a revista Animal Business, para lembrar a todos nós a importância econômica do agronegócio para o nosso país e, por extensão, para o mundo. Nosso papel como ABMRA é fomentar a comunicação e posicionamento correto do Brasil no mundo econômico.