O período de seca é importante para a pecuária leiteira ele precede o parto e é de aproximadamente 60 dias. Nesse período a vaca não é ordenhada e gradativamente deixa de produzir leite.

O objetivo deste intervalo, dessa folga, é permitir que as células da glândula mamária se regenerem e se preparem para o período de lactação que está por vir, permitindo a produção e armazenagem de colostro.

Os cuidados neste período são importantes no âmbito da sanidade, da nutrição e do bem-estar animal, entre outros.

Sanidade: no período seco as vacas recebem em cada quarto mamário uma bisnaga de antibiótico, específico para vacas secas (de longa ação) com liberação lenta, a fim de evitar a mastite (inflamação da glândula mamária) na próxima lactação.

Nutrição: a alimentação nesse período difere entre novilhas e vacas prenhes, os requerimentos nutricionais são diferentes entre essas categorias. A novilha precisa alcançar o peso adequado para chegar ao parto. Por exemplo, para novilhas da raça Holandesa, este peso deve ser no mínimo de 550kg, enquanto que em novilhas mestiças holandês x zebu, o peso mínimo deve ser de 500kg.

As gestantes deverão parir tendo uma condição corporal de 3,5, no máximo 4 (em uma escala de 1 a 5), não devendo parir abaixo desse peso ou condição corporal deficiente, pois o risco de partos distócicos aumenta, o baixo escore corporal compromete a produção de leite e o futuro desempenho reprodutivo.

Importante lembrar que não é interessante que a vaca chegue ao parto com excesso de gordura, porque elas tendem a consumir menor quantidade de alimento durante a gestação, ficando propensas a apresentar doenças como cetose (doença causada pelo excesso de mobilização de gordura corporal para produção de leite), problemas de casco, problemas no parto (devido ao elevado peso do bezerro ao nascer), metrite, além de poder sofrer acúmulo de gordura na glândula mamária, prejudicando o crescimento do tecido secretor do leite e, portanto, produção de leite deficiente.

Assim, é indispensável a adequada formulação das dietas e monitoramento da nutrição neste período.

Bem-estar: as vacas prenhes devem estar separadas do restante do rebanho, em local conhecido por elas, tais como o pasto ou baia maternidade, para receber os cuidados necessários nesta fase. Também se recomenda separar as primíparas das multíparas. O piquete maternidade deve contar com sombra para evitar os efeitos do estresse térmico, espaço físico adequado para prevenir o estresse social e alterações de comportamento e ter acesso a água fresca em diversos pontos de acesso fácil.

Considerações finais

Recomenda-se fracionar a dieta em no mínimo três tratos, preferivelmente nos horários mais frescos do dia. O alimento volumoso deve estar picado e ser de qualidade, pois no final do período seco fisiologicamente acontece uma redução de 30% do espaço ruminal, fazendo-se necessário um adensamento dos nutrientes.

Nesta etapa, o consumo será menor ao mesmo tempo em que aumenta a necessidade de proteína e energia, devendo-se oferecer maior proporção de rações concentradas para manter os nutrientes necessários e modificar os micoorganismos ruminais, preparando o animal para o alto consumo de concentrados na lactação e reduzindo doenças como acidoses ou laminite.

Devem ser suspensos o oferecimento do sal branco e a oferta de leguminosas ricas em potássio, para minimizar problemas com edema de úbere e febre do leite.

Estes cuidados permitirão que os animais, após o parto, consumam uma maior quantidade de alimento, se mantenham saudáveis, tenham um desempenho produtivo adequado e alcancem a maior quantidade possível de leite de boa qualidade por lactação.

Foto: Scot Consultoria

Referências bibliográficas:

NRC – NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of dairy cattle. 7.ed. rev.
Washington, DC: National Academy Press, 2001. 381p.

ZONTA, A; ZONTA, M.C. Orientações técnicas sobre manejo de vacas secas. Pesquisa & Tecnologia, vol.13, n.2, 2016.