Nos últimos anos, tem aumentado na mídia um cem número de novos Malthusianos que acreditam que a população mundial vai morrer de fome. A constante agressão ao meio ambiente por parte dos agricultores irá condenar a humanidade à fome.

Os agricultores do Brasil são os mais agredidos: devastação da Floresta Amazônica, uso exagerado de defensivos agrícolas (recuso-me a usar a expressão agrotóxicos), eliminação da fauna e flora, contaminação do lençol freático e por aí afora.

Isto tudo acontece porque o agricultor está tão ocupado em produzir cada vez mais com custo menor que não tem tempo para se defender.

A memória dos pseudosecologistas de plantão é muito fraca. Se tivessem um pouco de bom senso iriam procurar a verdade.

Normam Borlaug, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, mostrava com frequência que a revolução verde salvou uma área equivalente a três Amazônias. É uma verdade matemática:

Em 1950, em uma área de 575 milhões de hectares, foram produzidas 631 milhões de toneladas de grãos, com uma produtividade de 1,1 t/ha. No ano 2000, foram produzidas 2.060 milhões de toneladas em 720 milhões de hectares, com um rendimento de 2,86 t/ha. Se em 2000 tivéssemos o mesmo rendimento em t/ha que em 1950, seriam necessários  plantar 1.873 milhões de hectares. O ganho de produtividade, de 1,1 para 2,86 t/ha, resultou numa economia de área (preservação) da ordem de 1,153 bilhões de hectares. Ora, considerando que a região Norte (Amazônia brasileira) tem 387 milhões de hectares, podemos reforçar as declarações do prof. Borlaug, mostrando de forma inquestionável que a Revolução Verde salvou três  Amazônias (1.153 ÷ 387 = 2,979).

Estes ganhos observados em nível mundial também foram constatados no Brasil. Dados da CONAB/MAPA mostram, de forma clara, que a produção de grãos no Brasil, no período de 40 anos (1977 a 2017) aumentou  407%, enquanto a área cresceu apenas 63%.

Outro ponto importantíssimo, com relação ao volume de produção, é o fato de o Brasil ter se tornado o 3º maior produtor de alimentos do mundo, sem destruir o meio ambiente. É prática comum dos ecologistas de plantão falarem da destruição do meio ambiente pela produção de grãos e pecuária. Há tempos que a Embrapa/MAPA tenta mostrar a realidade sem que os grandes veículos de comunicação se atentem para a verdade dos fatos.

Como este livro tem como objetivo principal apresentar  as oportunidades de investimento no agronegócio brasileiro (Brazilian Agribusiness), seria oportuno mostrar aos investidores que o Brasil, dentre os grandes produtores de alimentos, é o que melhor garante a preservação ambiental. No total, o país  ainda mantém 66,3% de seu território dedicado à preservação e proteção da vegetação nativa.

Estes dados indicam que existe um ganho real de produtividade que posterga as previsões de Malthus, mas ao mesmo tempo existe um ponto de inflexão na trajetória da agricultura mundial. Este ponto  é caracterizado pelo fato de que os recursos naturais tendem a escassear em relação ao crescimento da população.

Desta forma, para investidores, torna-se imperioso que observem quais os países que ainda oferecem condições de recursos naturais que permitam a expansão da produção para atender o crescimento previsto da população mundial até 2050 (9 bilhões). No 4º Fórum de Agricultura da América do Sul, realizado em Curitiba, em 2016, trabalho interessante foi apresentado pela INTL FCStone, onde relacionou, baseado em informações do USDA, países que ainda possuem capacidade de expansão de suas áreas de produção de grãos, considerando as limitações de sustentabilidade. Os dados estão na tabela acima.

Para melhor embasar estes dados, usamos informações da Embrapa Monitoramento por Satélite (capítulo especial deste livro) para determinar o uso das terras do Brasil. Esta informação está  sumarizada na tabela a seguir.

O quadro  mostra claramente que lavouras mais florestas representam apenas 9% do território nacional ou 76,6 milhões de hectares, sendo que destes há 33, 9 milhões com soja e 17,6 milhões com milho. Outras lavouras ocupam 11,3 milhões; cana-de-açúcar tem  9,0 milhões e florestas plantadas completam a área com 4,8 milhões de hectares. Importante observar que pastagens naturais e pastagens representam 21,2% do território ou 180,5 milhões de hectares. Estudos feitos pela Embrapa Amazônia Oriental mostram que, embora a taxa de lotação de bovinos por hectare tenha aumentado em 92% de 1975 até 2006 (ano do estudo), passando de 0,4 para 1,2 cabeças/ha, representa cerca de 5,1@/ha/ano,o que é muito baixo. Só como especulação podemos verificar que, se o Brasil dobrasse a lotação de cabeças/hectare, estaríamos disponibilizando, aproximadamente, 90 milhões de hectares sem ter de desmatar ou mexer num hectare das áreas sob proteção. Nenhum outro país no mundo tem estas condições.

Como o intuito deste capítulo é abordar soja e milho como opções atraentes de investimento, temos a certeza de que o ponto mais importante desta atratividade já foi abordado: o Brasil tem terra disponível sem comprometer seus projetos e sua posição de líder em sustentabilidade.

Soja e milho representam 55,7% e 28,9%, respectivamente, do total da produção de grãos (2017).

Soja (Glycine max) – Cultivo de clima temperado, de origem asiática, foi introduzido no Rio Grande do Sul, no início do século 20, mas somente passou a ter certa importância econômica a partir dos anos 60. Houve um casamento entre o desenvolvimento da avicultura e suinocultura com a cultura da soja. Pesquisas realizadas na Universidade Federal de Viçosa, pelo Instituto Agronômico de Campinas e, mais tarde, pela Embrapa, por meio  de tecnologia nacional, desenvolveram variedades de soja que foram se adaptando às diferentes regiões do país e elevaram nossos rendimentos por hectare em níveis superiores aos principais concorrentes no mercado mundial.

Saindo do Sul , a soja veio para o Sudeste , Centro-Oeste , Nordeste  e Norte  para se tornar o carro-chefe das lavouras locais. Hoje, a soja representa 55,7% da produção de grãos (grãos + oleaginosas), ocupando 33,9 milhões de hectares ou 4,0% do total de lavouras cultivadas no Brasil. Nos quadros anexos, podemos verificar o avanço tecnológico das lavouras de soja.

Em 1997, de uma área com 11,4 milhões de hectares, foram colhidas 26 milhões de toneladas (rendimento de 2.298 kg/ha). Agora, em 2017, numa área de 33,9 milhões de hectares, colheu-se 114 milhões de toneladas (rendimento de 3.364 kg/ha – recorde nacional).

Esta evolução, na produção de 1997 a 2017, de 336% com apenas 198% de aumento de área, mostra quanto a pesquisa agronômica conseguiu realizar nestes 10 anos.

Graças a esta excepcional performance, o Brasil tornou-se o 2º maior produtor mundial (114 milhões de toneladas) com 31% do total e o maior exportador do grão com 42,3% do mercado mundial (68,2 milhões de toneladas).

Este crescimento significante da produção de soja trouxe junto uma expansão também surpreendente na produção de milho. Ambas culturas foram, primariamente, alavancadas pela indústria de alimentação animal, que viu nestes dois ingredientes a chave para se tornar líder na produção de aves e suínos. No decorrer do capítulo, voltaremos a discorrer sobre este crescimento na produção destas culturas mas, antes disto, gostaríamos de relatar o avanço da produção do milho.

Milho – Planta originária da América Central e Norte. Hoje, por meio  de estudos genéticos e taxonômicos sabemos que o milho (Zea mays) descende do Teosinto. O Teosinto é um capim selvagem da família Poaceae que inclui a espécie Zea mays(milho). O nome Teosinto deriva da palavra Teocintl, na língua Nahuátl e que, de acordo com historiadores, significava “Grãos dos Deuses”. Acredita-se que o milho foi domesticado no México cerca de 10.000 a 6.000 anos atrás. O milho atual não tem qualquer semelhança com seu ancestral, a não ser a conotação de “Grãos dos Deuses”, por sua importância na segurança alimentar.

A quantidade de milho colhido no Brasil em 2017 foi de 97,7 milhões de toneladas, o que coloca o país como o 3º maior produtor mundial. O crescimento desta produção foi diferente  em outras partes do mundo.

A produção do cereal no Brasil cresceu de 2003 a 2017, de 47,4 para 97,7 milhões de toneladas – um aumento de 106%, enquanto a área cultivada passou de 13,2 para 17,6 milhões de hectares – um crescimento de apenas 33%. Este aumento surpreendente veio a reboque da soja.

O Brasil, por suas características geográficas e bastante individuais, sempre pode cultivar duas safras de milho: uma de verão (plantada de agosto a novembro e colhida no 1º quadrimestre do ano seguinte) e uma segunda chamada de inverno ou safrinha (plantada no 1º trimestre do ano e colhida de junho a setembro). Em 2003, o total de 47,4 milhões de toneladas foi constituído de 34,6 milhões da safra de verão (73%) e de 12,8 milhões da safrinha (27%).

Com a melhoria genética das variedades de soja, de ciclo mais curto e mais adaptadas às diferentes regiões do país, a migração desta lavoura para o Centro-Oeste, mas também para o Norte e Nordeste, resultou numa transformação imensa do perfil da safra de milho. Com o advento do plantio direto da soja, as novas variedades tolerantes ao glifosato e o ciclo de não mais que 90 dias permitiu, principalmente, no Centro-Oeste, o plantio do milho após a colheita da soja. O que era safrona (verão) virou safrinha e a safrinha (inverno) virou safrona. Em 2017, a safra de verão produziu 30,4 milhões de toneladas (31%) enquanto a safra de inverno, 67,3 (69%). Em 15 anos, houve uma completa inversão entre os tamanhos das safras de milho. Este crescimento proporcionou ao Brasil passar de importador líquido de milho para o 2º exportador do planeta.

No verão, a área plantada com milho continua a dar lugar à soja, e o aumento da área de soja, neste período, resulta em condições excelentes de plantio de milho de inverno, na palha da soja.

Existe uma grande sinergia entre a produção de soja e de milho. O produtor sabe a necessidade da rotação de cultura e os avanços tecnológicos, como o plantio direto que veio tornar esta sinergia ainda mais importante.

As duas culturas, do ponto de vista de utilização, são de certo modo bastante semelhantes em que pesem as grandes diferenças de volumes produzidos.

Usos da Soja – O quadro a seguir mostra, de forma esquemática, o destino e os principais usos da soja no Brasil:

Da soja produzida, apenas 36,5% foram processadas e 56% exportadas como grãos sem qualquer agregação de valor. Do volume processado, 76% foram para farelo, sendo 51% usados na alimentação animal e 49% exportados. Os restantes 24% de óleo tiveram 16% exportados e 84% consumidos no mercado interno, sendo que 59% destinaram-se à alimentação e 41% à produção de biodiesel. Faz-se importante, neste ponto, frisar que a soja, por conter um agente antinutricional, só pode ser utilizada na alimentação animal após ser submetida a tratamento térmico (processamento). Antes de entrar em detalhes quanto ao processamento posterior, gostaríamos de mostrar a evolução das exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo).

No período de 1996 a 2017, a exportação de grãos cresceu 804%, conquanto as de farelo, 28% e a de óleo 39%. Esta situação decorre da Lei Complementar nº 87 (conhecida como Lei Kandir) que acabou por isentar os produtos primários de ICMS na exportação e taxar os industrializados. O governo, no momento, estuda a alteração por meio  de uma PEC, visando a estimular a exportação dos produtos de maior valor agregado.

No caso da soja, não acredito que vá ajudar muito porque o maior comprador de grão do Brasil é a China com 30%, e  dificilmente irá comprar farelo ou óleo, uma vez que construiu dezenas de esmagadoras de soja (17) ao longo da sua costa. As alternativas mais importantes para o Brasil melhorar o rendimento econômico da sojicultura e que constituem excelentes oportunidades de investimento são:

  • Processar e transformar a soja em carne (O Brasil tem capacidade ociosa de esmagamento de soja). Estudos do IBGE e BNDES (2006 /2008) mostram que a geração de empregos é quatro vezes maior nesta situação. O complexo soja gerou 900 mil empregos diretos e indiretos, enquanto  o complexo carnes criou  3,5 milhões de empregos diretos e indiretos. Mais ainda: todos os estudos do Banco Mundial, FAO, BIRD, indicam que o aumento da renda per capitanos próximos anos está diretamente relacionado a um aumento no consumo de proteína animal.
  • O aumento da produção de farelo resulta num aumento na produção de óleo. Para a utilização do maior volume de óleo, teremos  de  aumentar a produção de biodiesel. Hoje, no Brasil de B8 (8% de biodiesel no diesel – 2017), 82% deste biodiesel é derivado do óleo de soja e, em segundo lugar, vem a gordura/sebo bovino, com 16%. O programa Renovabio, aprovado por Lei pela Câmara e Senado e sancionada pelo Presidente da República em dezembro 2017, estabelece o uso de B20 (diesel com 20% de biodiesel), ou seja, 2,5 vezes mais que agora. Estima-se a necessidade de investimentos da ordem de US$ 5,0 bilhões.

Usos do milho – O milho no Brasil tem, basicamente, duas funções principais: o aproveitamento na alimentação animal e na industrialização. O cereal constitui um dos principais produtos de subsistência em algumas regiões do país. O gráfico a seguir mostra seus principais destinos e usos.

O milho no Brasil, atualmente, tem três destinos: alimentação animal (55%), industrialização e sementes (12,3%) e exportação (32,7%). O uso na alimentação animal tem um percentual muito parecido como perfil mundial de consumo. A exportação varia em função do volume da produção doméstica e das cotações internacionais. Como mencionamos anteriormente, o Brasil passou de importador para exportador. O quadro a seguir mostra a evolução das exportações brasileiras de milho.

Em 1997, o Brasil importou 439 mil toneladas de milho e exportou 348 mil. Em 2017, o volume exportado cresceu 8.300% passando para 29 milhões de toneladas, enquanto a importação foi de 1,3 milhões de toneladas (+201%). Desde 2000, o único aumento significativo da importação se deu em 2016, quando foram importadas 2,9 milhões de toneladas, em função da quebra de 21% na safra daquele ano, decorrente da frustração da safra de inverno (quebra de 18 milhões de toneladas).

O gráfico mostra que, independentemente do aumento das exportações, o Brasil continua a importar ao redor de 700-800 mil toneladas de milho. Estas são, praticamente, oriundas da safra de inverno do Paraguai, que têm, em função da proximidade com o oeste do Paraná e de Santa Catarina, preços muito favoráveis às grandes integrações de aves e suínos nesta região.

Com relação ao percentual destinado à industrialização, este é processado, basicamente, por dois métodos: moagem seca e moagem úmida.

Moagem secaé o processo de moagem do milho no qual não se utiliza água. O grão seco limpo passa por uma série de moinhos e peneiras, gerando os diversos produtos com base no tamanho da partícula (canjica, grits, fubás, etc.) e que se destinam, principalmente, à alimentação humana. Em moinhos de moagem seca podem também ocorrer processos de degerminação, cozimento, flocagem e extração de óleo, gerando também subprodutos que são utilizados na alimentação animal (farelo desengordurado de gérmen).

Moagem úmida,como o nome indica, é a moagem do milho na qual se utiliza água para auxiliar na separação de suas partes (película, gérmen, proteína e amido). É um processo bastante distinto e mais complicado que a moagem a seco, gerando derivados diferentes. Dentre os produtos oriundos desta moagem podemos destacar: óleo, xaropes de frutose e/ou glicose, amidos alimentícios e industriais, dextrina e subprodutos para alimentação animal (farelos de glúten com 21% ou 60% de proteína).

Outro destino do milho e que vem sendo estimulado, principalmente, para o Centro-Oeste, é a produção de etanol a partir do milho. Cresce na região o número de usinas de álcool que estão se adaptando para se tornar usinas flex. Estas, após a safra de cana-de-açúcar, usariam, com adaptações, os equipamentos para produzir etanol do milho.

Já existe em Lucas do Rio Verde (GO) uma usina inteiramente projetada para moer exclusivamente milho. A viabilidade econômica por trás desta mudança se prende ao fato que o Centro-Oeste, principalmente Mato Grosso, concentra grande parte da safra de milho de inverno. Em 2017, o Centro-Oeste produziu cerca de 46,1 milhões de toneladas de milho, sendo que somente Mato Grosso produziu 28,6 milhões.

Em função da grande produção de soja e milho no Centro-Oeste, existe um volume bastante considerável de grãos para serem removidos desta região. Como a infraestrutura de transporte favorece a soja, a superprodução de milho, associada a uma deficiência de armazenagem nas propriedades, gera um aumento de frete que encarece o produto. O governo federal criou programas como o PEP (Prêmio para Escoamento de Produto) e PEPRO (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor), para facilitar o escoamento do milho desta região. Só em 2017, o governo gastou R$ 796,8 milhões para levar 10,23 milhões de toneladas de milho para as regiões consumidoras.

A utilização do milho pelas usinas, na entressafra da cana, não somentereduziria o fluxo de milho para outras regiões, como deixaria importante subproduto para a alimentação animal, o DDGS (sigla em inglês), que nomeia os resíduos secos de destilaria com solúveis (RSDS) – produto de alta qualidade para rações animais.

O atual ministro da Agricultura enfatiza que é melhor exportar milho na forma de carne e etanol do que simplesmente vender grão de milho. Da mesma forma que na soja, processar e exportar produtos de maior valor agregado é essencial. Tanto o consumo de etanol como o de carnes, de acordo com a maioria dos analistas, irão crescer nas próximas décadas.

Na safra de cana de 2017/18 (de abril 2017 a 1º de Janeiro 2018), no centro-sul, já foram produzidos 320 milhões de litros de etanol (somente 1,27% da produção total) e cerca de 230 mil toneladas de DDGS. Ainda é pouco, mas há um potencial de crescimento gigantesco. O programa Renovabio vai estimular e trazer recursos para estes processos, uma vez que a adição de etanol à gasolina irá crescer, bem como a frota de carros flex no mundo todo.

Como vimos anteriormente, um dos principais destinos da produção de soja e milho é a exportação. Não resta qualquer dúvida que o crescimento foi enorme, mas sem o acompanhamento da infraestrutura de transporte e armazenagem. Plotamos em gráficos os volumes de soja e milho exportados pelos vários portos das regiões brasileiras, com destaque para os portos listados na região Norte, que são fluviais e fazem parte do chamado Arco Norte. As legendas nos gráficos indicam a região, volume em 1.000t e a porcentagem em relação ao total.

Podemos observar que, em 2000, praticamente 84% das exportações de milho deixavam o país pelos portos do Sul e Sudeste. Nada saía pelo Norte ou Nordeste. No ano de 2017, o volume de exportação pelos portos do Norte e Nordeste passou para 22,8% e 6,6%, respectivamente. Este volume explica o grande crescimento da safra de inverno no Centro-Oeste e a abertura das novas fronteiras agrícolas no MATOPIBA (áreas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

Os próximos gráficos mostram o comportamento das exportações de soja.

Como a exportação iniciou-se mais cedo, já em 2000, alguma soja deixava o país pelo Norte e Nordeste. No entanto, da mesma forma como no milho, o crescimento foi significativo e foi responsável por permitir a exportação de 68,2 milhões de toneladas em 2017. No ano passado, os portos do Norte e Nordeste movimentaram mais de 17,9 milhões de toneladas ou 26,2% do total exportado, enquanto em 2000 este volume foi de 1,57 milhões de toneladas ou 13,7% do total exportado.

Atualmente, o impacto dos custos de frete da área de produção aos portos é de 23% na soja e de 50% no milho. Ainda assim ocupamos, no mercado mundial, o 1º lugar como exportador de soja e o 2º como exportador de milho.

Concluindo, apresentamos, a seguir, uma análise dos pontos fortes e pontos fracos das culturas de milho e soja (análise do tipo SWOT).

Por último, mas não de menor importância, talvez o maior feito da humanidade tenha sido, em meio à desordem política e econômica mundial, o agricultor ser capaz de alimentar esta crescente população.