Os dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geogra a e Estatística, recentemente divulgados no seu livro bilíngue “Brasil em números”, “Brazil in figures”, confirmam a importância numérica e tecnológica da atividade pecuária brasileira. O texto a seguir é uma transcrição do trabalho referido. As observações do Autor estão grafadas em itálico.

Por mais que ainda sobreviva algum complexo de inferioridade em relação às atividades do campo, tradicionalmente consideradas “menores” quando comparadas com as industriais, as comerciais ou os serviços, são elas que tornam o País viável e sustentam nossa combalida economia, compensando o déficit dos outros setores.

As atividades das zonas rurais nos setores da agricultura, da pecuária e do agronegócio em geral, tanto pelo volume quanto pela qualidade dos produtos, resultante da alta tecnologia empregada transformaram, em poucas décadas, o Brasil em um dos mais importantes produtores e exportadores do Planeta.

Tendência de crescimento

A atividade desenvolvida no território brasileiro mostra que a maioria dos rebanhos de animais criados no País avançou em termos quantitativos. Embora com taxas de variação inferiores às da produção agrícola, a tendência geral do setor é de crescimento.

No período de 2013 a 2014, o único tipo de rebanho que registrou queda foi o de bubalinos que reduziu seu efetivo em torno de 1,0%.

O rebanho bovino contabilizou um ligeiro aumento, passando de 211,8 milhões no ano de 2013 para 212,3 milhões de cabeças em 2014.

As taxas de crescimento do efetivo de suínos e aves, contudo, foram bem mais expressivas, tendo o segmento de galináceos (galos, frangos, e pintos de um dia) e de galinhas superado a marca de 1,5 bilhão de cabeças.

Caprinos, ovinos e codornas

À exceção dos rebanhos de maior valor agregado, que respondem pelo abastecimento interno e contribuem para a geração de divisas em moeda estrangeira, o segmento de pequenos animais (caprinos, ovinos e codornas) também manteve o seu ritmo de expansão estimulado pelos investimentos nas pequenas e médias propriedades da agricultura familiar, com destaque para aumento do efetivo de codornas.

Em relação aos caprinos e ovinos, se não fosse a seca registrada na região Nordeste no período, onde se encontra a maior parte dos criatórios, provavelmente a expansão do segmento teria sido bem maior haja vista que a demanda doméstica pela carne dessas espécies de animais tem aumentado anualmente.

Aves e suínos

Na esteira da expansão dos principais rebanhos comerciais, verificou-se também o crescimento da produção de carnes especialmente de aves e suínos.

Puxado pelo aumento da demanda doméstica e pela escalada das vendas externas, a avicultura nacional avança ano a ano. Uma prova disso é que de 2009 a 2014, o peso médio das carcaças de aves saltou de 9,9 milhões para 12,5 milhões de toneladas.

A produção de carne suína, depois de registrar leves quedas em alguns anos, voltou a crescer, alcançando 3,2 milhões de toneladas em 2014.

Carne Bovina

No que se refere à carne bovina, nota-se uma pequena redução no período recente, fruto da queda do consumo interno, situação que tende a ser revertida no curto prazo pela recuperação das exportações do setor.

Bom desempenho da pecuária

O bom desempenho da pecuária brasileira pode ser observado, ainda, ao se aplicar a variação da quantidade e do valor dos produtos de origem animal produzidos nas fazendas e sítios do País. Nesse aspecto, o destaque recai sobre a produção de leite, ovos, mel de abelha, peixes e camarão.

Leite

O leite é o principal produto de origem animal produzido no Brasil. A produção animal desse alimento, majoritariamente desenvolvida em propriedades familiares, cresceu 2,7% de 2013 a 2014, atingindo a marca de 35,2 bilhões de litros.

Como resultado da melhora da produtividade e da alta dos preços praticados no mercado interno, o valor da produção leiteira passou de R$32,4 bilhões para R$33,8 bilhões, o que representou uma variação positiva de 4,2% no período.

Ovos

O setor dedicado à produção de ovos de galinha, que representa uma importante parcela da riqueza gerada pela avicultura nacional, ampliou em 12,7% o seu valor de produção (2013 a 2014).

Peixes

Entre todos os segmentos listados, o que apresentou as maiores taxas de crescimento no período (2013 a 2014) foi a produção de peixes cuja quantidade e o valor aumentaram 20,9% e 34,4%, respectivamente.

A produção pesqueira de água doce no Brasil provém, historicamente, do extrativismo realizado nos lagos e rios, especialmente na região Norte. Mas, recentemente, a criação de peixes em cativeiro tem atraído cada vez mais produtores familiares e não familiares, convertendo-se em uma alternativa para diversificar e ampliar a renda de propriedades rurais em diferentes áreas do território nacional. O resultado desse movimento, como foi visto, tem sido o avanço vertiginoso da atividade. Entre as principais espécies responsáveis pelos ganhos de produção da piscicultura brasileira, destacam-se a tilápia (41,9%), o tambaqui (29,3%) o tambacu e a tambatinga (8,5%), a carpa (4,4%) e outros peixes (15,9%).