O cenário do mercado do boi gordo para o último bimestre deste ano está definido. Como ocorreu até aqui, a demanda continuará sendo o entrave para a arroba atingir patamares elevados e cai a expectativa quanto aos estímulos de venda, normais neste período, mas que certamente não terão força para puxar os preços.

Agora é começar a pensar em 2017, o que vem por aí.

Para começar, há incertezas relacionadas a que tipo de efeito, de alta ou de baixa, a interação dos fundamentos terá no mercado do boi gordo em 2017.

Quanto à oferta, espera-se um ano ligeiramente mais ofertado quando se trata de bovinos terminados.

Participação de fêmeas

Veja na gura 1 a participação de fêmeas nos abates. Note que a retenção de vacas e novilhas aumentou a partir de 2015. Ou seja, as que ficaram no rebanho e entraram em monta naquele ano, irão desmamar bezerros 2017. Em função disso, deveremos ter mais oferta de animais jovens no próximo ano.

Se a disponibilidade de bezerros será maior por causa da retenção de matrizes, a onda de oferta de categorias mais eradas, entre elas, boi gordo, demorará, pelo menos, mais um ano para chegar ao mercado.

Porém, o que poderá ocorrer será a oferta de um pouco mais de fêmeas ao frigorí co, pois desde o início de 2016, quando não havia abundância de bezerros, os preços destes bovinos jovens caíram (figura 2). O pouco estímulo do recriador para repor o rebanho nos preços referentes à oferta de venda pela desmama, fez a demanda cair e derrubou o mercado.

Mais bezerros

Com mais bezerros no mercado em 2017, mais um componente baixista estará presente e isso deve reduzir a atratividade da retenção de fêmeas. Sendo assim, pode ser que as indústrias encontrem mais facilidade de obtenção de matéria-prima, principalmente através da compra de fêmeas. Veja a gura 2.

Concluindo a análise da oferta, é importante deixar claro que este aumento não signi ca abundância em 2017. Dentre todas as categorias, os bezerros devem ser a de maior incremento de disponibilidade.

Sem recessão

Agora, do lado da demanda, talvez venha a perspectiva mais animadora para o pecuarista. Sairemos da recessão.

O Boletim Focus do Banco Central, publicado em 21/10/2016, indica que a economia crescerá

A situação do mercado de carne em 2017 ainda não está de nida.

a uma taxa de 1,23% no próximo ano. Para completar o pacote de boas notícias, a in ação virá quase para o centro da meta, cando em 5,0% e a produção industrial, depois de cair por dois anos seguidos, crescerá 1,1%. Ou seja, mais atividade econômica, mais poder de compra da população.

E o melhor é que a carne bovina possui uma relação de elasticidade renda alta. Isso indica alta sensibilidade à situação econômica. E não deixa dúvida que uma das primeiras coisas que voltam quando a situação melhora, é o consumo de carne bovina.

Portando, o fator altista para os preços da arroba será o crescimento do consumo interno.

Fica a dúvida, porém, sobre o resultado desta interação. Aumento de oferta e crescimento da demanda. Impossível mensurar qual o tamanho da cada uma e quem irá vencer esse embate.

Por m, para planejamento, projetar uma arroba “brigando” com a in ação medida pelo IGP-DI (aqui usamos este indicador pois sua composição está ligada aos produtos do agronegócio), que está estimada em 5,5%, é uma boa medida.