Os preços dos lácteos estão pressionados negativamente no mercado internacional.

De acordo com os leilões realizados pela plataforma Global Dairy Trade (GDT), referência no mercado internacional, considerando todos os produtos lácteos comercializados, a cotação média até julho, último dado disponível até o fechamento deste artigo, cou em US$2,29 mil por tonelada.

Na comparação com igual período do ano passado, o preço médio caiu 15,3%. Desde o início das quedas, em outubro de 2015, os produtos acumulam desvalorização de 14,6%.

No caso do leite em pó, cotado em US$2,09 mil na média do período analisado, a desvalorização foi de 17,2%, em relação a 2015.

Figura 1. Preço médio do leite em pó integral e preço médio dos produtos lácteos desde 2015 dos leilões da Fonterra, em US$/tonelada.

Cenário de pressão de baixa

Esse cenário de pressão de baixa no mercado internacional está relacionado à queda da demanda mundial e ao aumento da produção de leite e derivados, que geraram estoques. A situação econômica de alguns grandes importadores de lácteos, como a Rússia e a Venezuela, agravaram este quadro.

Diante deste cenário, os contratos futuros de leite em pó integral continuam sem apontar para grandes mudanças até o início de 2017.

Até janeiro, as projeções são de preços entre US$2.105 e US$2.180 por tonelada, ou seja, sem alteração significativa no atual patamar de preços.

Em 2015, a captação de leite totalizou 24,74 bilhões de litros, uma queda de 2,7% em relação ao ano anterior.

Desde o início da série histórica da Pesquisa Trimestral do Leite, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que começou em 1997, não havia sido registrado queda na produção.

Se analisarmos a produção divulgada na Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) também realiza- da pelo IBGE, que possui uma série histórica maior (desde 1974), a última queda na produção brasileira ocorreu em 1993.

Em 2016, a produção continua em decréscimo. Segundo estimativas da Scot Consultoria, a produção deverá ser 3,0% menor no primeiro semestre.

Esse resultado ocorreu em função do menor investimento na atividade por causa dos altos custos de produção e quedas nos preços do leite a partir de meados de 2015. Problemas climáticos em algumas regiões também colaboraram com este cenário.

Importação crescente

A escassez de leite, no mercado doméstico, por conta da redução da produção, tem elevado os preços no mercado interno, o que torna a importação competitiva.

De janeiro a junho, o Brasil exportou 19,96 mil toneladas de produtos lácteos. Na comparação com igual período de 2015, houve queda de 23,0% no volume embarcado.

No caso das importações, houve aumento de 60,8% em volume nos primeiros seis meses deste ano, comparado com igual período de 2015, totalizando 104,91 mil toneladas de lácteos.

Os preços mais baixos no mercado internacional aumentaram a competitividade do produto importado, mesmo com o dólar valori- zado frente ao real. Junto a isso, a menor disponibilidade interna, incentivaram as compras fora do país.

De janeiro a junho, a balança comercial brasileira de lácteos cou negativa, com dé cit de US$204,05 milhões. O déficit aumentou 77,2%, frente ao mesmo período do ano anterior.

Preocupação

No Brasil, as importações em alta geram uma preocupação com relação aos preços no mercado interno. Caso as compras no exterior persistam em grandes volumes no segundo se mestre, quando a produção interna retoma com mais força, a pressão de baixa sobre os preços no mercado interno pode ser mais forte.

No primeiro semestre, a queda na produção de leite no país fortaleceu os preços pagos ao produtor e também no atacado e no varejo, mesmo com a demanda patinando em função do cenário econômico vivido pelo país.

Espera-se recuperação na produção a partir de agosto/setembro na região Sul e em Minas Gerais, mas os incrementos deverão ser comedidos este ano, em função dos menores investimentos e gastos por parte do produtor na atividade, além de questões climáticas.

Situação desfavorável

Para o produtor de leite, a situação não está favorável. Apesar das altas nos preços recebidos pelo leite, de 16,6% na comparação anual, os custos de produção subiram mais, 24,3%, estreitando a margem da atividade.

Escassez no mercado doméstico

A escassez de leite no mercado doméstico, junto aos menores preços dos lácteos no mercado internacional, aumentou a importação do produto pelo Brasil.

Esse cenário de pressão de baixa no mercado internacional está relacionado à queda da demanda mundial e ao aumento da produção de leite e derivados, que geraram estoques. A situação econômica de alguns grandes importadores de lácteos como a Rússia e a Venezuela, agravaram este quadro.

No caso das importações, houve aumento de 60,8% em volume nos primeiros seis meses deste ano, comparado com 2015, totalizando 104,91 mil toneladas de lácteos.