Por Ricardo Santin*

Há décadas ouço que o Brasil tem o potencial para alimentar o mundo. É um título de responsabilidade gigantesca. Mas, ao analisar a história e os avanços de determinados setores do agro, vejo que podemos atingir esse objetivo. Prova disso é a internacionalização da avicultura brasileira, que neste ano completa 45 anos.

Em 1975, aconteciam os primeiros embarques de carne de frango, com destino a Arábia Saudita e Kuwait. Já no primeiro ano, o volume exportado cresceu seis vezes, passando de 3.500 para 20.000 toneladas. De lá para cá, a cadeia produtiva se organizou e se fortaleceu ainda mais, com o surgimento de entidades como a Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frango, hoje Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Junto aos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento, a ABPA investiu na melhoria da qualidade do produto e deu o primeiro passo para abrir novos mercados. O controle sanitário tornou-se prioridade e atingimos nível de excelência. Em 2004, já éramos o maior exportador de carne de frango do mundo, fornecendo para 136 países.

Fomos longe. Agora, estamos em 160 países nos cinco continentes e vendemos mais de 4 milhões de toneladas por ano. Os frigoríficos passaram a receber constantes visitas de comissões diplomáticas e religiosas. Nos especializamos no abate Halal, exigido por países islâmicos do Oriente Médio, onde ficam alguns dos nossos maiores mercados.

Na articulação institucional, são incontáveis as missões presidenciais e as reuniões com autoridades e representantes de nações importadoras. Tivemos conquistas como o sistema de cotas voltado à União Europeia, que reduziu custos a quem exporta, e a abertura do nosso principal mercado: a China.

O apoio da Apex-Brasil foi fundamental, ajudando a criar as marcas setoriais da avicultura Brazilian Chicken, Brazilian Egg e Brazilian Breeders, evidenciando a qualidade de nossos produtos.

Este 2020 foi um ano desafiador para o setor. Mesmo com as dificuldades, somos reconhecidos pela fiscalização eficiente e investimentos em segurança, que nos mantém livres, por exemplo, da influenza aviária. Ficou evidente nossa capacidade de enfrentar crises sanitárias humanas, mantendo exportações e garantindo abastecimento interno.

Décadas de trabalho e investimentos resultaram em uma marca reconhecida e respeitada no mundo. Tudo isso reforça a convicção de que estamos prontos para os próximos desafios não só na avicultura, mas em todos os potenciais econômicos do País. Com trabalho, união e articulação, tenho certeza: o Brasil vai ajudar a alimentar o mundo no século 21!

*Ricardo Santin é presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)

ABPA/AviSite