Por Mauro Zafalon

A forte demanda chinesa por carne suína brasileira pode estar com os meses contados. Na avaliação do governo chinês, o rebanho volta ao patamar anterior à crise da Peste Suína Africana no segundo semestre, e os abates se normalizam a partir de 2022.

Analistas de mercado dizem, contudo, que ainda é cedo para essa estimativa. A segunda onda da doença afetou intensamente algumas regiões, aumentando a mortalidade de leitões e dificultando a recomposição do rebanho.

Este, segundo o Ministério da Agricultura chinês, está em 400 milhões de cabeças atualmente. Com o nascimento de 30 milhões de leitões por mês, o ministério espera uma recomposição rápida.

A China pode até estar próxima da recomposição de sua suinocultura, mas um outro problema afeta seriamente o setor: os custos de produção. E, neste quesito, os produtores brasileiros podem ganhar em competitividade.

Sempre preocupados com a sustentação alimentar, os chineses mantêm elevados estoques de alimentos. Neste ano, com o aumento dos preços do milho, boa parte desses estoques está indo para a ração.

Profissionalização

A recomposição do rebanho de suínos do país está exigindo uma profissionalização da produção, principalmente com a utilização maior de milho e de ração industrializada. No ano passado, a produção de ração subiu para 290 milhões de toneladas, 11% mais do que em 2019, segundo o USDA.

Neste ano, a demanda continua forte. Um dos gargalos para a China é que os preços internacionais das commodities sobem, e a safra de grãos do país permanece em 669 milhões de toneladas.

Importações

A saída são as importações, que vêm crescendo em todos os produtos. Os dados mais recentes das compras chinesas de milho indicam 28 milhões na safra 2020/21 e 15 milhões na próxima.

Com os preços elevados do cereal, a China também passou a importar mais trigo, sorgo, arroz e cevada, elevando a participação desses itens na composição da ração.

Milho

A produção de milho do país asiático sobe de 261 milhões de toneladas, nesta safra, para 268 milhões na próxima. Os estoques finais, porém, caem de 207 milhões para 193 milhões no mesmo período, segundo o USDA.

O preço do cereal no Brasil pode ajudar os produtores internos a serem mais competitivos. Mas, por ora, o cenário não é bom, devido à seca na safrinha.

 

 

Fonte: Folha de S. Paulo

Equipe SNA