Os exportadores de carne do Brasil estão propondo testar todos os embarques do produto que chegam à China para provar que as cargas são seguras e evitar mais proibições do país asiático.

As empresas exportadoras seriam responsáveis ​​pela realização dos testes em uma proposta feita ao Ministério da Agricultura do Brasil, informou Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ele disse que o grupo está aguardando uma resposta do governo.

No final de semana, a China suspendeu as importações de uma fábrica de suínos pertencente à JBS e outra da BRF. Na semana passada, as exportações de duas frigoríficas e uma unidade de frango foram interrompidas para a China, maior consumidor de carne brasileira.

“Não há fundamentos científicos para esse tipo de suspensão”, afirmou Turra na segunda-feira, em uma entrevista por telefone.

Embora a China não tenha sido clara sobre as razões da proibição, Turra disse que a decisão do governo chinês foi uma tentativa de amenizar as preocupações dos consumidores sobre surtos do Coronavírus “amplamente divulgados” e paralisações de fábricas no Brasil.

O Ministério da Agricultura informou que irá perguntar à China as razões das suspensões de importação para poder identificar possíveis problemas.

Casos de Coronavírus

Todas as fábricas brasileiras temporariamente proibidas pela China registraram casos do Coronavírus entre trabalhadores, e algumas interromperam as operações, incluindo instalações de propriedade da JBS e BRF. A China também suspendeu as importações de instalações na Europa e no Canadá, que também enfrentaram surtos de Covid-19.

Até agora, as suspensões de exportação são vistas com um impacto menor nas exportações brasileiras e no suprimento de carne da China, já que o país sul-americano possui mais de 14 plantas de suínos e 45 plantas de frangos com permissão para vender para a China.

Os principais exportadores podem redirecionar a carne de outras fábricas autorizadas para cumprir os contratos de exportação que foram mantidos. A JBS, por exemplo, possui um total de cinco plantas de suínos e 12 plantas de frangos no Brasil com permissão para exportar para a China.

“O único impacto para o Brasil é em termos de reputação”, pois a decisão da China pode levar outros consumidores a levantar questões sobre segurança de carne, segundo Turra. “A demanda da China por frango e porco do Brasil continua forte”, disse ele.

“Esse é um problema específico com baixo impacto nas remessas em geral”, declarou Thiago de Carvalho, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo. Ele vê como improvável um grande número de suspensões de plantas pela China, já que o gigante asiático ainda enfrenta uma lacuna de proteína deixada pela Peste Suína Africana.

“A China precisa de carne brasileira”, disse Carvalo em entrevista por telefone, acrescentando que as exportações do país ficaram mais baratas recentemente em termos de dólar, em comparação com os rivais, devido à queda real do Brasil.

 

Bloomberg