Mauro Zafalon

A peste suína aumentou ainda mais na China e está provocando uma reestruturação no setor de proteínas do país. A doença já supera uma centena de focos, espalhados pelas principias regiões de produção.

O país asiático, que começou o ano com 440 milhões de animais, deverá terminar com apenas 374 milhões, ou seja, uma queda de 15%.

Essa redução do rebanho e do abate deixará a China mais vulnerável à oferta externa de proteínas, abrindo espaços para a entrada de outros países nesse gigante mercado da Ásia. O Brasil é um dos principais favorecidos em todas as carnes: bovina, suína e de aves.

O cenário ruim da suinocultura chinesa deverá persistir nos próximos anos. A redução do rebanho, a proibição de transportes de uma região para outra e os preços baixos em várias áreas afetam também a sobrevivência dos produtores, na sua maioria em pequena escala.

Preços baixos, novas regulamentações, dificuldades para investimentos e custos elevados, principalmente os da alimentação dos animais, vão retirar a capacidade de produção de muitos suinocultores chineses.

A produção de carne suína deverá recuar para 51.4 milhões de toneladas no ano. O consumo também cai, mas ainda será superior à oferta de 53.2 milhões de toneladas. Com isso, as importações deverão subir para dois milhões de toneladas no período, 33% mais do que no ano anterior, na avaliação do USDA.

A queda na oferta de carne suína, a de maior consumo no país, vai puxar também a bovina, cuja produção subirá 1% no ano, atingindo 6.5 milhões de toneladas.

A demanda maior pela carne bovina forçará os chineses a importar pelo menos 1.6 milhão de toneladas, 20% mais do que em 2018. O Brasil tem sido um dos bons parceiros para os chineses nessa área.

A carne de frango deverá substituir parte das necessidades da suína, obrigando o país também a elevar as importações dessa proteína. Boa parte desse produto sairá do Brasil.

 

Folha de São Paulo