O Cooperativismo regido pela Lei 5764/71, com a complementação da Lei 12690/2012, vem se demonstrando como uma importante grandiosa e eficiente ferramenta para promover o desenvolvimento econômico e humano da sociedade, devido seus valores e princípios. Refiro-me ao desenvolvimento social, econômico local /regional, do Estado e do País, baseado em  inclusão, na geração de emprego e renda entre tantos outros benefícios proporcionados principalmente pela sua forma equitativa de distribuição de resultados. O Cooperativismo tem buscado fazer o seu papel principal, mas, vem tentando também ir mais além, de forma a visionar um presente próspero sem comprometer as gerações futuras, e sem comprometer os princípios cooperativistas. Estamos então falando de princípios, princípios cooperativistas e princípios de sustentabilidade.

Será que sabemos quais são esses princípios, será que estamos realizando a “intercooperação” entre eles?

A nossa grande preocupação e atenção está especialmente direcionada a esclarecer a população sobre os princípios do Cooperativismo, suas interações com demais conceitos e temas de maneira correta, clara e concisa viabilizando promover o conhecimento, a divulgação, a propagação, multiplicação, internalização/ vivência e aplicação destes no dia-dia das cooperativas e  de toda população brasileira.

Vaca Holandesa preta e branca

Talvez muitos doutores ainda não saibam o que é o Cooperativismo. Talvez nem saibam quais são estes princípios. Ainda assim temos o direito e a obrigação de esclarecer, mesmo que seja para grande parcela da população.

Da mesma forma ocorre com princípio / conceito da palavra sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável, mas estas são encontradas em muitas explanações, parecem palavras mágicas, já ouvi diversos bons discursos e opiniões que mencionaram seus conceitos e alternativas para um crescimento e desenvolvimento equilibrado. No entanto, se observarmos identificaremos que um número bastante acanhado de pessoas realmente sabem o que propõe estas palavras, bem como conseguem estabelecer uma associação plausível, entre o discurso e a prática.

“Desenvolvimento sustentável e cooperativismo estão interligados”

Vou ainda mais longe. Se tentarmos então respostas relacionadas sobre Cooperativismo, a sustentabilidade, o desenvolvimento sustentável e as interações entre ambos, talvez seja quase impossível encontrar alguém capaz de nos fornecer uma resposta plausível.

Em algumas vivências notei que o conceito do Cooperativismo e sustentabilidade estavam afastados, posicionados em situações opostas, como se estivessem de costas um para o outro, ou até mesmo inexistentes no imaginário e na vida das pessoas.

Cooperativismo é a uma filosofia de vida, e modelo socioeconômico capaz de unir desenvolvimento econômico e bem-estar social, sempre fundamentado na participação democrática, solidariedade, independência e autonomia.
Á um Sistema baseado estritamente na reunião de pessoas, visando as necessidades do grupo, em busca da prosperidade conjunta sendo assim uma alternativa socioeconômica que garante o sucesso através do equilíbrio e justiça entre seus sócios. É regido por 7 (sete) princípios capazes de dar-lhes orientação e de definir seus valores.(Sescoop 2008) – Primeiro Princípio: Adesão Voluntária e Livre: as cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como membros, sem discriminações de sexo, sociais, raciais, políticas e religiosas.

ƒ Segundo PrincípioGestão Democrática e Livre: as cooperativas são organizações democráticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e as mulheres, eleitos como representantes dos demais membros, são responsáveis perante estes.

Nas cooperativas cada membro tem direito a um voto (um membro, um voto), e o voto é importante para o futuro da cooperativa.

ƒ Terceiro PrincípioParticipação Econômica dos Membros: os membros contribuem com o mesmo valor  entre eles para o capital das suas cooperativas e controlam-no democraticamente. Parte desse capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os membros recebem habitualmente, se houver, uma remuneração limitada ao capital integralizado, como condição de sua adesão. Os membros destinam os excedentes para o desenvolvimento das suas cooperativas, benefícios aos membros na proporção das suas transações com a cooperativa ou apoio a outras atividades aprovadas pelos membros cooperados.

ƒ Quarto PrincípioAutonomia e Independência: as cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o controle democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia da cooperativa.

ƒ Quinto PrincípioEducação, Formação e Informação: as cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das mesmas. Informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação.

ƒ Sexto PrincípioIntercooperação: as cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus membros e dão mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.

ƒ Sétimo PrincípioInteresse pela Comunidade: as cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros. Desta forma, é possível definir que uma cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida.

Voltando a Sustentabilidade, cito a definição: é uma expressão usada para conceituar/definir ações que visam atender as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das gerações vindouras, estando diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e material sem agredir o meio ambiente, utilizando os recursos naturais forma inteligente e eficiente permitindo a existência destes no futuro, garantindo assim o desenvolvimento sustentável á humanidade. (Coelho 2007; Simão & Bandeira , 2011)

Ainda percebo a necessidade da população cooperativista em aprimorar seus conhecimentos quanto aos 4º, 5º e 7º princípios; e de aprofundamento nos 2º e 6º princípios.

Conhecer mais do sistema cooperativista é entender como um grupo de pessoas com os mesmos interesses e objetivos podem se unir, constituindo e mantendo relações que gerarão valores através da rede de relação sociais e do alcance de metas que permitirão o crescimento justo, sustentável e equilibrado do grupo, capaz de promover o equilíbrio necessário para as práticas do desenvolvimento sustentável. Saber mais sobre os conceitos de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade é compreender o grau de envolvimento que demandam a favor da melhoria de vida das gerações presentes e da preservação das oportunidades para as gerações futuras.

“Cooperativismo é uma filosofia de vida e modelo socioeconômico capaz de unir desenvolvimento com bem-estar social”

Podemos então perceber que o desenvolvimento sustentável, sustentabilidade e Cooperativismo estão interligados, se interagem, por meio de objetivos e interações onde identificamos elementos que demonstram uma preocupação com o estabelecimento de relações de equilíbrio entre agentes que interagem economicamente e socialmente em um mesmo ambiente, e precisam estar arraigados nas nossas vidas; pois todos somos responsáveis pela promoção da mudança que queremos em nosso País. Há também uma forte preocupação comum em fazer com que objetivos coletivos sejam de maior importância que os objetivos individuais.

Para alcançarmos o desenvolvimento sustentável, o pensamento da nossa sociedade precisa evoluir e sair de uma zona de conforto, momentâneo, individualista de visão estritamente econômica e se mover em direção a um modelo de preocupações coletivas, no entanto, sustentado, que priorize de maneira equilibrada o desenvolvimento social e o respeito ambiental. Mas para que isso ocorra devemos mostrar e demonstrar que o cooperativismo é essa forma de promoção do desenvolvimento geradora do  sentimento de ajuda mútua, coletiva, baseada no trabalho e envolvimento de todos.

Desta forma por meio de articulações junto à sociedade e aos órgãos governamentais, estamos trabalhando a fim de informar a população, formar gestores e associados incentivando as políticas específicas de sustentabilidade, a transferência de tecnologias, de inovações, a aplicação e soluções tecnológicas e a capacitação dos cooperados e seus familiares; pois acreditamos que assim estaremos contribuindo para as mudanças e melhorias nas práticas desenvolvidas no dia-dia das cooperativas, oportunizando  que nossas cooperativas lancem mão de ações, decisões e práticas sustentáveis, menos impactantes.