Ciência e Tecnologia

Por Adeildo Lopes Cavalcante

Ciência e Tecnologia2020-05-27T13:29:02-03:00
811, 2024

Suinocultura entra na era da fenotipagem digital

Por André Casagrande

Prática integrativa traz benefícios à indústria com suínos mais produtivos, rentáveis e sustentáveis

Os processos de melhoramento genético de suínos têm passado por várias fases de transformações tecnológicas, cada uma impulsionando a precisão e a eficiência no processo de seleção e o aprimoramento das características desejáveis dos animais.

A técnica evoluiu da observação visual e seleção empírica, no qual o melhoramento era baseado em características observadas a olho nu e nos conhecimentos práticos dos criadores, para o uso de grandes bancos de dados com informações como ganho de peso e tamanho da leitegada.

“Posteriormente, a seleção genômica revolucionou o setor, e atualmente estamos na era da fenotipagem digital, que está redefinindo o futuro do melhoramento genético”, destaca o mestre em Zootecnia, doutor em Genética e Melhoramento Animal e diretor técnico da Topigs Norsvin, Marcos Lopes.

O especialista lembra que, nos primórdios, características morfológicas como conformação corporal, peso e crescimento eram avaliadas de forma subjetiva, processo que dependia muito da experiência dos criadores e critérios pouco precisos.

“Com os avanços na zootecnia, tornou-se possível a coleta sistemática de dados quantitativos, como eficiência alimentar e número de leitões por leitegada, por meio de modelos estatísticos que utilizavam informações dos animais e de seus parentes para calcular a herdabilidade e os valores genéticos das características de interesse, o que tornou a seleção mais eficiente e precisa”, comenta o zootecnista.

Mais recentemente, ele cita que a genética molecular introduziu a seleção genômica, permitindo a identificação de regiões específicas do DNA (ácido desoxirribonucleico) associadas às características de interesse e possibilitando uma seleção mais precoce e acurada, mesmo na ausência de dados fenotípicos para todos os candidatos à seleção.

Foto: Divulgacao. Topigs Norsvin

E o que mudou?

Conforme relata Lopes, hoje em dia, a atenção se volta novamente para a fenotipagem, mas agora com o suporte de tecnologias digitais. Sensores, câmeras e dispositivos de monitoramento são usados para capturar automaticamente uma ampla gama de dados fenotípicos de forma contínua e em tempo real.

“A fenotipagem digital inclui o uso de imagens 3D, sensores de movimento, brincos eletrônicos (RFID) para rastreamento individual, tomografia computadorizada e sistemas de inteligência artificial para analisar padrões comportamentais e características físicas dos animais. Isso permite uma avaliação mais detalhada e precisa, integrando dados comportamentais, fisiológicos e produtivos”, observa.

Na avaliação do profissional, esses avanços não apenas aceleram o processo de seleção, mas também permitem a identificação de características sutis que antes não poderiam ser avaliadas por métodos tradicionais, além de facilitar programas de melhoramento com foco personalizado para diferentes sistemas produtivos.

“Câmeras 2D e 3D podem ser utilizadas para avaliar a condição corporal dos suínos, permitindo a coleta detalhada de informações sobre seu desenvolvimento físico, uma vez que elas são capazes de capturar imagens que fornecem informações sobre a conformação, o que é fundamental para a seleção de suínos com melhor potencial genético para produção de carne magra e para maior rendimento de cortes nobres”, detalha Lopes.

Além disso, ele acrescenta que elas também possibilitam estimar o peso vivo dos animais sem a necessidade de balanças, o que economiza mão de obra e reduz o estresse dos animais. O uso de câmeras elimina a subjetividade e métodos invasivos, otimizando o manejo dos animais de forma automatizada e repetível.

Outras tecnologias

A tomografia computadorizada (TC) é outra ferramenta valiosa, pois permite uma análise detalhada da estrutura interna dos suínos, ao  gerar imagens tridimensionais de alta resolução que permitem identificar características genéticas desejáveis, como distribuição de gordura intramuscular e desenvolvimento ósseo e muscular.

“Essa tecnologia também possibilita a análise de órgãos internos e propensão a doenças como a osteocondrose, influenciando diretamente a longevidade dos animais”, acrescenta o especialista.

Além disso, câmeras de monitoramento de comportamento têm sido eficazes para acompanhar o bem-estar animal, capturando dados sobre alimentação, locomoção, interações sociais e descanso. Essa análise é fundamental para identificar problemas de saúde, níveis de estresse e bem-estar geral, fatores que afetam a eficiência produtiva e a qualidade da carne.

“Por meio do uso de imagens, hoje podemos avaliar a qualidade e aprumos, identificar o comportamento de fêmeas de alta habilidade materna, além de gerarmos dados que nos auxiliem no melhoramento genético contra caraterísticas indesejáveis, como canibalismo”, relata. “Suínos com bom comportamento social são candidatos ideais para programas de melhoramento, resultando em maior produtividade do plantel”, complementa.

Por fim, ele argumenta que a evolução no melhoramento genético de suínos, da observação visual à coleta de dados e seleção genômica, até a era da fenotipagem digital, demonstra o dinamismo desse processo. “A fenotipagem digital integra genética, automação e grandes bancos de dados, trazendo maior precisão, rapidez e controle sobre o progresso genético, beneficiando a indústria com suínos mais produtivos, rentáveis e sustentáveis”, conclui Lopes.

Com informações da assessoria de comunicação Topigs Norsvin
Foto: Divulgação
111, 2024

O futuro da carne artificial já chegou

Por Luiz Octavio Pires Leal – da Academia Brasileira de Medicina Veterinária

Carne artificial é aquela produzida pela indústria de alimentos. E ela pode ser de mais do que um tipo: as de origem vegetal, produzidas a partir de leguminosas (feijão, lentilha, grão-de bico), sementes e nozes. Algumas delas não contêm os aminoácidos fundamentais para a nutrição da espécie humana, problema resolvido com uma combinação de diversas delas.

E também estão em desenvolvimento as fabricadas em laboratório.

Vantagens

1. Produção mais rápida do que as carnes dos animais de abate, como as dos bovinos, bubalinos, suínos, ovinos, caprinos, frangos e as de animais selvagens, ou o cruzamento destes com os domésticos. Um bom exemplo é uma carne muito saborosa resultante do cruzamento do javali com o o porco doméstico.

2. Menor quantidade de gordura saturada, prejudicial à saúde do coração.

3. Riqueza em fibras.

4. Riqueza em antioxidantes.

5. Sustentabilidade – menos impacto sobre o ambiente.

Desvantagem

Por resultarem de um processo industrial complexo, as carnes vegetais, encontradas nos supermercados, nas lojas de produtos naturais e on line, ainda custam mais caro do que as de origem animal.

O problema das carnes – tanto as de origem vegetal quanto as de origem animal – é que, em que pesem sua importância para a nutrição da espécie humana – elas são caras, o que significa que grande parte da população do Planeta – inclusive a do Brasil – não tem acesso a elas. O resultado são milhões de pessoas subnutridas com as conhecidas deficiências físicas e mentais.

Carne de laboratório

Pode até parecer ficção científica, mas é uma realidade em pleno desenvolvimento, que também é chamada de “carne cultivada.”

Ela é produzida pelo cultivo de células retiradas de animais, em laboratórios de tecnologia avançada.

A vantagem, no futuro, será a substituição da criação  e produção, demorada, dos animais de criação, com impactos negativos na natureza, como, por exemplo, de bovinos e de bubalinos.

As alternativas

As alternativas mais baratas e rápidas são de duas naturezas: (1) produção de farinha de insetos, criados industrialmente, em condições ideais de higiene, usada em misturas de alimentos tradicionais, como, por exemplo, os chocolates. E (2) produção de alimentos fermentados, como os empregados na produção de queijos e de bebidas alcoólicas.

Nestes processos, as indústrias conseguem produzir alimentos com sabor e consistência da carne bovina.

 

Foto: Freepik IA
1209, 2024

Inovação na inseminação artificial em cervídeos

Metodologia desenvolvida por núcleo da Unesp se mostrou menos invasiva e alcançou taxa de sucesso superior a procedimentos usados atualmente

O ciclo vicioso que tende a levar à extinção de uma espécie, e da biodiversidade, de uma forma geral, é bem conhecido pelos cientistas e, quase sempre, envolve a ação antrópica. O primeiro grande problema é a destruição do próprio habitat, porque rompe todos os elos da cadeia ecológica em que o animal está inserido.

Sem casa, sem comida e sem condições ideais para acasalar com membros de populações diferentes, os grupos, cada vez menores, tornam-se endogâmicos. Devido à baixa variabilidade genética, ocasionada pelo cruzamento entre animais aparentados, o grupo passa a apresentar as mesmas vulnerabilidades a certos agentes patológicos – um microrganismo, por exemplo –, e isso abre o flanco para que a ação de doenças possa resultar na perda de toda a população.

Para reverter o processo de destruição ambiental, os cientistas costumam agir em duas grandes frentes, apostando tanto em ações de regeneração e preservação do meio ambiente quanto em projetos que ajudem as espécies ameaçadas a não sumir em definitivo.

Entre as estratégias adotadas com esse segundo objetivo, está a retirada do ambiente natural de indivíduos pertencentes a espécies consideradas ameaçadas ou de interesse. Estes indivíduos podem ser abrigados em centros especiais, onde é possível que pesquisadores especializados interfiram em diversos aspectos ligados à reprodução, realizando o que é denominado como manejo reprodutivo.

Um desses centros é o Núcleo de Pesquisa e Conservação de Cervídeos (Nupecce), que desde 1994 funciona no campus da Unesp em Jaboticabal. Nesses centros, veterinários com treinamento especializado podem desenvolver recursos como os bancos de germoplasma, que funcionam como uma grande biblioteca de células reprodutivas.

Esses bancos são importantes para a preservação da diversidade genética de uma espécie. Porém, para que todo esse mosaico de possibilidades genéticas que está estocado nos bancos de germoplasma possa efetivamente se mostrar na natureza, os veterinários precisam recorrer muitas vezes a procedimentos como a inseminação artificial.

O mais recente avanço científico do grupo de Jaboticabal, publicado em artigo na revista científica Scientific Reports, é o desenvolvimento de um método inovador de inseminação artificial que os centros de conservação de cervídeos poderão aplicar com maior facilidade, em comparação a outras biotécnicas reprodutivas mais avançadas, e alcançar um impacto favorável na conservação de espécies de veados. Os resultados obtidos pelo grupo, liderado pelo professor do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp e coordenador do Nupecce, José Maurício Barbanti, registraram uma eficiência alta.

Dificuldades no manejo reprodutivo

Para animais em risco ou ameaçados de extinção, uma forma de garantir a existência dessas populações é aumentar as taxas reprodutivas por meio de biotecnologias reprodutivas. No entanto, a aplicação dessas biotécnicas em espécies selvagens ainda é mínima. Isso acontece, principalmente, por conta da falta de conhecimento básico da biologia reprodutiva da maioria dos grupos.

Mesmo entre os indivíduos que vivem no ambiente natural, observa-se a ocorrência de um alto grau de anormalidades estruturais no esperma. Estas anormalidades são geradas pelo aumento da endogamia (e a consequente perda de variabilidade genética) que se segue ao declínio populacional, que têm como causas tanto as mudanças ambientais como intervenções humanas.

A mesma tendência de anomalias estruturais também é observada em animais que vivem em cativeiro. Nesse caso, os danos se devem ao estresse por viverem em espaços reduzidos, às mudanças de ambiente e à convivência constante com outros indivíduos, algo a que muitas vezes não estão acostumados num ambiente natural.

Menos invasivo e mais eficiente

O líder do estudo explica que a nova pesquisa apresenta um método que é menos invasivo e mais eficiente do que os atualmente disponíveis. “Testamos esta metodologia em cerca de 20 animais e obtivemos uma porcentagem de, aproximadamente, 50% de eficácia, o que é excelente. Só para dar uma ideia, o índice de eficiência que tínhamos até agora em técnicas de laparoscopia era de cerca de 30%”, destaca.

Segundo ele, isso representa um ganho de quase 70% na taxa de sucesso. E há outras vantagens. “Com esta nova metodologia não precisamos fazer uma cirurgia para entrar na cavidade do animal. Tudo é feito via vaginal. Ou seja, são usados menos procedimentos invasivos que podem machucar o animal.”, acrescenta.

Foto: José Maurício Barbanti.

A pesquisa foi realizada no âmbito do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da FCAV. “Dentre as espécies de cervos e veados, há populações bastante sensíveis e que apresentam problemas importantes de conservação. Por isso, as técnicas de reprodução são extremamente importantes para conectarmos material genético entre populações, tanto as mantidas em cativeiro como as que estão livres no ambiente”, explica Barbanti.

Embora a eficácia da técnica de inseminação artificial intrauterina por videolaparoscopia, a mais usada atualmente, seja satisfatória em espécies de veados, trata-se de um procedimento cirúrgico um pouco invasivo, e que pode causar sequelas reprodutivas, como aderências. Já a inseminação artificial através do colo do útero, investigada no novo estudo, mostrou-se mais segura e, portanto, mais aplicável para a garantia do bem-estar animal.

Dificuldades anatômicas

Ainda assim, permanecem obstáculos importantes ao uso da técnica, e que tiveram que ser contornados pela nova pesquisa. Um deles é a anatomia do colo do útero dos veados. Eles, assim como as ovelhas, possuem um canal cervical tortuoso e com dimensões reduzidas. Nas ovelhas, o canal cervical é considerado o principal obstáculo para a realização de inseminações artificiais através do colo do útero.

A forma de sedação e o desenvolvimento de instrumentos específicos para o novo tipo de inseminação também foram passos dados com sucesso pela equipe de pesquisa. Assim como o protocolo de imobilização do animal durante o procedimento, exatamente por causa da anatomia vaginal da espécie. Os cientistas da Unesp, na prática, adaptaram técnicas de inseminação já utilizadas em caprinos e ovinos.

Os estudos foram conduzidos por veterinários da Unesp e da Embrapa, e envolveram 20 veados-catingueiros. Trata-se de uma espécie considerada pouco vulnerável, e sua seleção atendeu às exigências dos protocolos de pesquisa. Agora que a técnica foi adaptada para este tipo de modelo experimental, os cientistas iniciaram estudos a fim de empregá-la em espécies que apresentam um risco maior de extinção, segundo a classificação da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN na sigla em inglês).

O veado-catingueiro é uma das espécies mais disseminadas pela América do Sul, e apresenta uma população significativa, tanto na natureza quanto em cativeiro. “Em setembro, iremos ao Uruguai para empregar esta técnica em fêmeas de veado-campeiro, uma espécie bastante ameaçada de extinção. Para isso, vamos melhorar também ainda mais a técnica, em etapas como a sincronização da ovulação, tudo para melhorar ainda mais a questão da invasão, que é parte do nosso protocolo. A inseminação continuará sendo via colo do útero, mas vamos fazer algumas modificações para melhorar ainda mais o processo”, explica Barbanti.

Segundo o pesquisador, outro ponto importante é o desenvolvimento de medicamentos orais, para a administração dos hormônios, o que deixa todo o processo ainda mais confortável.

Foto: José Maurício Barbanti.

Material genético

Segundo o Guia Ilustrado de Cervídeos, uma publicação oficial do Nupecce, as 55 espécies de veados espalhadas pelo mundo, do ponto de vista taxonômico, estão todas englobadas na família Cervidae. São todos mamíferos ungulados com chifres verdadeiros – estruturas ósseas expostas na parte superior do crânio dos machos (com exceção da rena, em que ambos os sexos os possuem, e o veado-d’água-chinês, em que nenhum dos sexos os possuem – ambas espécies que não existem no Brasil).

Motivo de confusão, os chifres dos veados são estruturas diferentes dos cornos observados nos bovinos e seus parentes, segundo os veterinários. Enquanto os cornos são estruturas de base óssea, mas com uma capa córnea protuberante e permanente, os chifres são constituídos apenas de um prolongamento do osso frontal e possuem ciclos de troca.

Os cervídeos pertencem à ordem Cetartiodactyla que também abrange as famílias de antilocapra, bovídeos, mosquídeos, porcos, taiassuídeos, camelos, trágulos, girafas, hipopótamos e, de maneira interessante, a subordem cetacea, onde se encontram as baleias e os golfinhos. De maneira geral, os cervídeos são herbívoros ruminantes que habitam uma grande variedade de habitats por todo o globo, exceto no continente antártico.

No Brasil, a família Cervidae é representada por nove espécies: Odocoileus virginianus (veado-galheiro), Blastocerus dichotomus (cervo-do-pantanal), Ozotoceros bezoarticus (veado-campeiro), Mazama americana (veado-mateiro), Mazama jucunda (veado-mateiro-pequeno), Mazama nana (veado-mão-curta), Mazama gouazoubira (veado-catingueiro) e Mazama nemorivaga (veado-roxo). “O cervo-do-pantanal, o campeiro e o mateiro são as três espécies que nos geram mais preocupações. Estamos trabalhando principalmente para adaptar nossas técnicas para a conservação em cativeiro desses grupos”, detalha o especialista.

Ainda segundo o Guia Ilustrado dos Cervídeos Brasileiros, as três primeiras espécies, que apresentam chifres ramificados e são de grande porte, habitam campos, várzeas e cerrados mais abertos e têm hábitos diurnos. As espécies do gênero Mazama, entretanto, são menores e vivem mais perto da floresta, em cerrados fechados, sendo predominantemente noturnas.

Pelo fato de serem quase sempre predadas por outros mamíferos, as espécies de cervídeos no Brasil possuem o comportamento de evitar a aproximação e, ao perceberem a aproximação de qualquer outro animal, inclusive os seres humanos, fogem, até por causa, também, da aguçada audição e olfato. Tudo isso dificulta o estudo desses animais. Métodos indiretos, que se desenvolveram bastante nas últimas décadas, como armadilhas fotográficas, vêm ajudando na avaliação das espécies.

Pesquisadores em campo

Em relação ao status de vulnerabilidade das espécies brasileiras, dentro da classificação da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), existem três em estado mais crítico. Principalmente, por causa da distribuição geográfica dos grupos. O Cervo-do-Pantanal é o maior cervídeo da América do Sul, pesando entre 80kg e 150 kg, e com a altura do dorso variando entre 110cm e 130 cm. Os chifres dos machos adultos podem possuir de 4 até 10 pontas. Por viver em áreas abertas, perto dos grandes rios, são presas fáceis. Além do próprio bioma em que vivem estar em constante ameaça, principalmente pelos severos incêndios dos últimos anos.

Foto: José Maurício Barbanti.

Os grupos dos veados-mateiro-pequenos e dos veados-mão-curta vivem na floresta atlântica, outro bioma com sérias pressões antrópicas. As duas espécies têm hábitos noturnos e, apesar do nome, os veados-mateiro-pequeno são considerados os maiores mamíferos endêmicos da Mata Atlântica, podendo chegar aos 25 quilos e uma altura de dorso entre 52 e 62 cm.

Hoje, o Nupecce abriga material genético congelado de mais de 1000 animais, coletados de sete espécies de cervos. “Um dia, vamos dominar por completo essa técnica de transformar essas células e gerar animais que, daqui a uns 50 anos, poderão salvar populações inteiras que estão sob ameaça.”, diz Barbanti.

Com informações da assessoria de comunicação e imprensa Unesp
2301, 2024

Cochos automatizados auxiliam pesquisas em bovinocultura

Com o objetivo de reestruturar e modernizar as áreas de pesquisa, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) tem realizado algumas intervenções em seus Campos Experimentais, exemplos de Uberaba e Felixlândia, onde as melhorias incluem a instalação de cochos eletrônicos para auxiliar na coleta de dados referentes à eficiência alimentar de bovinos.

Conforme detalha o zootecnista e chefe da Assessoria de Negócios Agropecuários da Epamig, Clenderson Gonçalves , a proposta é coletar informações sobre o aproveitamento alimentar dos animais, com base em dados individuais.

“A taxa de conversão considera a proporção entre quanto cada um come e quanto desse alimento é convertido em ganho de peso, geração de carne ou leite. O animal mais eficiente é o que come menos e converte mais, de acordo com a finalidade”, explica Gonçalves.

Segundo o zootecnista, a identificação de cada animal é feita por meio de um chip implantado na orelha, detectado pelo cocho na hora da alimentação. “A tecnologia facilita a identificação de animais superiores, que são aqueles que aproveitam melhor os alimentos. Indivíduos que comem menos e engordam mais, vacas que comem menos e produzem mais leite, que são o objetivo das pesquisas de Melhoramento animal e de todo pecuarista”, acrescenta.

Benefícios

Na avaliação do especialista, o sistema automatizado vai permitir mais precisão nos dados coletados e mais assertividades para a pesquisa, além de poupar mão-de-obra.

O pesquisador observa que, com esses cochos ligados à internet, cada animal tem um brinco eletrônico que aponta quando ele acessa o cocho e o bebedouro.

“Os gráficos de consumo e desempenho são gerados por indivíduo, o que permite identificarmos o quanto o animal consumiu e quais as proporções com base nos dados estatísticos gerados pelo próprio sistema, Antes, era feita a pesagem da sobra para a obtenção desses números. Isso vai também gerar economia de tempo e recursos”, explica.

Gonçalves destaca ainda que esses equipamentos vão contribuir para o acompanhamento da conversão alimentar de cada animal e também em trabalhos de avaliação nutricional.

“Quando fazemos a avaliação de eficiência alimentar temos foco no indivíduo, a eficiência de cada um no ganho de peso, de carne, na produção de leite. Já na avaliação de alimentos, precisamos do conjunto de dados dos animais que receberam aquela dieta, para avaliar o alimento. São coisas diferentes, mas o uso do cocho automatizado vai auxiliar na coleta”, conclui o zootecnista.

Com informações da assessoria de comunicação Epamig

Foto: Erasmo Pereira

1812, 2023

Ferramenta digital promove diferencial na seleção de cruzamentos

 

Imagine ter uma calculadora informatizada para ajudar na tarefa de selecionar os acasalamentos de touros e matrizes com o objetivo de obter progênies com características específicas desejadas pelo pecuarista e para atender o mercado?

Pois então, esta tecnologia já existe. Desenvolvida pela Embrapa e a Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares (ANC), a ferramenta foi lançada durante a 46ª edição da Expointer em Esteio (RS), realizada entre os dias 26 de agosto a 3 de setembro.

“Entre as principais funções e vantagens da tecnologia, o cálculo das DEPs e índices do Promebo de cada suposto produto dos acasalamentos, com base nos reprodutores e vacas que o produtor escolhe usando a ferramenta”, destaca o analista de informática da Embrapa Pecuária Sul e um dos desenvolvedores da calculadora, Henry Carvalho,
De acordo com Carvalho, além de calcular a consanguinidade, bem como um indicador de nível de problema para cada um dos possíveis cruzamentos, a ferramenta descarta acasalamentos incompatíveis pela consanguinidade e pelo indicador do Nível de Problema (NP), o qual consegue resumir problemas indesejados em apenas um número.

Outros diferenciais

Segundo o analista, o indicador do Nível de Problema é mais uma das vantagens da ferramenta, pois evita que o criador tenha que olhar muitas DEPs para fazer o acasalamento. “Sendo assim, é interessante ter um valor único para descrever o desequilíbrio de um dado acasalamento, e é isso que o Indicador do Nível de Problema faz”, avalia Carvalho.

Além disso, ele acrescenta que a calculadora também fornece um algoritmo que indica as melhores combinações entre os animais selecionados pelo pecuarista, evitando a análise manual dos dados para uma escolha mais precisa.

“Com base nos dados gerados pela calculadora, o criador terá a previsão do desempenho esperado em relação aos filhos desse acasalamento e, comparando cada um dos cruzamentos, ele pode escolher o que for mais adequado ao seu projeto pecuário”, completa.

Como usar a ferramenta

O analista da Embrapa informa que a calculadora foi desenvolvida para ser utilizada diretamente pelo criador e não requer a instalação de programas, já que está integrada ao sistema Origen/Promebo da Associação Nacional de Criadores (ANC). “Em poucos minutos o pecuarista poderá aprender a utilizá-la”, esclarece. “Este é o seu principal diferencial”, acrescenta.

Ele destaca que a calculadora é de uso livre para os associados da ANC que participam do Promebo e, como foi desenvolvida integrada ao sistema de registro da entidade, ela não pode ser utilizada fora desse ambiente. “Por ser integrada aos sistemas da ANC, é fácil de usar e evita que o usuário tenha que fazer cadastros de animais previamente para que ela possa funcionar”, alerta.

“Entretanto, como a Embrapa atua em parceria com as associações de raça, o analista acredita que, se houver demanda, posteriormente é possível que a ferramenta seja desenvolvida dentro de outros programas de melhoramento genético”, arremata Carvalho.

Com informações da Embrapa Pecuária Sul

Crédito na foto: Keke Barcelos/Embrapa.

1312, 2023

Os prós e contras da Inteligência Artificial na Medicina Veterinária

Não é de hoje que experimentamos importante aumento de novidades em nosso mercado. Trata-se, portanto, de um contexto que nos obriga a constantes atualizações e rápidas adequações.

“Com a pandemia, vimos um rápido aumento e capilaridade das ferramentas digitais em nosso cotidiano. Na área de saúde, destaque para o uso e a qualidade de plataformas de Telemedicina, no Brasil utilizada, sobretudo, na medicina humana”, explica o médico-veterinário e diretor comercial da VetFamily Brasil, Fabiano de Granville Ponce.

Ele lembra que, há pouco tempo, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) publicou quando e como o médico-veterinário pode lançar mão desse tipo de atendimento. Mas o que era novidade – telemedicina na veterinária – em questão de semanas passou a ser menos discutida com a chegada avassaladora do ChatGPT, ferramenta on-line de Inteligência Artificial (IA).

“Cabe salientar que IA já existe há décadas, mas pela primeira vez se tornou operacional, intuitiva e com fácil acesso ao grande público”, reforça.

Cenário

Conforme observa o especialista, ainda bastante polêmica, há quem entenda que com a consolidação da IA não haverá mais onde trabalhar e que seremos rapidamente substituídos pela tecnologia. “Por outro lado, há quem afirme que se trata de um importante avanço em nossa sociedade”, comenta.

Segundo Ponce, a IA é uma ferramenta que possibilitaria, junto ao humano, um incremento de produtividade. “Mas, acredito, temos que ficar atentos aos desdobramentos da chegada da Inteligência Artificial. Para muitas profissões, inclusive a Medicina Veterinária, haverá grandes mudanças e os médicos-veterinários serão obrigados a se adequar à nova realidade que se avizinha”, prevê.

Relação de parceria

Para Ponce, sob o ponto de vista do “copo meio cheio” e sem fazer exercício de futurologia ou ficção (trata-se do presente), pode-se destacar alguns exemplos de como a IA pode ser uma parceira do médico-veterinário.

“Está chegando ao Brasil uma ferramenta de Inteligência Artificial que oferece ao veterinário de pets auxílio em laudos de Raio X em poucos minutos. O veterinário gera a imagem a partir do aparelho de Raio X, na clínica ou no hospital, envia para a nuvem e, em poucos minutos, recebe um parecer”, exemplifica.

É, portanto, na avaliação do veterinário, uma importante melhoria na qualidade assistencial, seja ajudando o radiologista em um laudo mais acurado, seja ajudando o clínico plantonista durante a madrugada.

“Indo além, pode ser também uma importante ferramenta de apoio àqueles profissionais que fazem laudos de cerca de 20 a 30 casos por dia”, acrescenta.

Também no segmento de diagnóstico, ele destaca os equipamentos de mensuração de eletrólitos, gasometria e bioquímicos, que disponibilizam resultados acompanhados por uma impressão diagnóstica proveniente de Inteligência Artificial.

“Trata-se de uma alternativa diferenciada para o aprimoramento da qualidade assistencial, principalmente para os profissionais menos experientes, que trabalham sozinhos e podem, a qualquer momento, atender um paciente criticamente enfermo”, pondera. “O futuro já chegou. Cabe a nós aproveitarmos o que de melhor ele tem a nos oferecer”, arremata Ponce.

Fonte: VetFamily Brasil

1312, 2023

Conheça a técnica que multiplica a quantidade de abelhas-rainhas

 

Desenvolvida pelos pesquisadores do Núcleo Amazônia Oriental, da EMBRAPA, da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal Rural do Semiárido, essa técnica transforma todas as abelhas sem ferrão, recém-nascidas na colméia em abelhas-rainhas e pode facilitar a polinização das lavouras no País, aumentando a produtividade dessas plantações em até 40%.

Para multiplicar a quantidade de rainhas as larvas recebem uma quantidade seis vezes maior de alimento – uma mistura de pólen com secreções de abelhas operárias – do que o normal. Desta forma, todas as abelhas fêmeas superalimentadas tornam-se rainhas.

2111, 2023

Tecnologia para recuperação de pastagens dispensa adubação nitrogenada

Guandu BRS Mandarim é sustentável, fornecendo 200 kg/ha de N à pastagem, e com custo acessível para o produtor

O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) quer recuperar até 40 milhões de hectares de áreas de pastagens e, assim, aumentar a produção de alimentos para o mercado interno e externo. No país, segundo dados de 2022 do MapBiomas,, as pastagens ocupam cerca de 164 milhões de hectares e grande parte apresenta algum processo de degradação. Para mudar esse cenário é preciso investir em tecnologias.

Muitas soluções, simples de serem implementadas e com custo acessível, estão à disposição do pecuarista para melhorar a produtividade do pasto.

Uma das tecnologias já é comercializada há alguns anos. Sustentável, a leguminosa Guandu BRS Mandarim, desenvolvida pela Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP), apresenta bons resultados para recuperar áreas degradadas quando consorciada com braquiária.
A planta possui alto potencial para adubação verde, melhorando a fertilidade do solo e a qualidade do pasto. Ainda, serve de alimento para os animais quando a pastagem é escassa. É um material de bom valor nutritivo, alto teor de proteína e com custo relativamente baixo. “O guandu BRS Mandarim é uma tecnologia sustentável para a recuperação de pastagens degradadas. Seu uso dispensa a adubação nitrogenada para recuperar o pasto, uma vez que o resíduo proveniente da sua roçada funciona como adubo verde, disponibilizando nitrogênio no sistema”, explica a engenheira agrônoma Lívia Mendes de Castro, da Embrapa Pecuária Sudeste. O material roçado tem a capacidade de agregar mais de 200 kg/ha de nitrogênio (N) na pastagem.

O cultivo da forrageira deve ser realizado na estação chuvosa. O manejo é simples. O produtor deve fazer uma roçada anual para manejar a leguminosa.

Em experimentos realizados na Embrapa Pecuária Sudeste, novilhas mantidas em pastagem consorciada com Guandu BRS Mandarim ganharam 450 gramas de peso vivo ao dia, enquanto bovinos em área degradada ganharam por volta de 250 gramas por dia. Os animais que permaneceram na integração com guandu não foram suplementados. No pasto degradado foi utilizada suplementação mineral proteinada, a um custo adicional e desempenho inferior. Além disso, ocorreu aumento da lotação animal no consórcio com guandu, onde foi possível manter até 3,5 novilhas por hectare. Na pastagem degradada, de 1,5 a duas novilhas por hectare.

A tecnologia contribui com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, com a meta 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável. A solução colabora para a sustentabilidade dos sistemas de produção e com a melhoria da qualidade dos produtos, o que beneficia tanto os produtores quanto o sistema de produção pecuário.

Veja aqui onde podem ser encontradas as sementes.

2509, 2023

Os desafios da introdução da Inteligência Artificial (IA) no segmento pecuário

Apesar de oferecer vantagem competitiva a produtores de gado, implementação ainda enfrenta alguns desafios

É inegável que a adoção da Inteligência Artificial (IA) têm impactado positivamente na atividade pecuária, trazendo diversas inovações e benefícios. Apesar de recente, a tendência é de crescimento é alta, impulsionada pelo aumento da demanda por produtos de origem animal de alta qualidade e sustentáveis.

Na visão do, CEO da MadeinWeb, Vinicius Gallafrio, atualmente, a adoção de IA no setor é mais comum em países desenvolvidos, onde há mais recursos disponíveis para investimentos em tecnologia.

“Porém, mesmo em países em desenvolvimento, os produtores de gado estão começando a entender o potencial da IA para melhorar a eficiência e a produtividade da atividade pecuária. Aos poucos, percebemos a tecnologia fazendo parte das dinâmicas da fazenda”, avalia o executivo.

Recursos oriundos da IA permitem que produtores possam monitorar a saúde e o comportamento do gado, incluindo a detecção de doenças, problemas de reprodução e estresse com o uso de sensores e câmeras, que coletam dados sobre o comportamento do animal, contribuindo, por exemplo, para oferecer uma alimentação mais precisa, com base em suas necessidades individuais.

De acordo com Gallafrio, de maneira geral, a IA pode analisar grandes quantidades de dados relacionados à produção de gado, como nutrição, reprodução, saúde e desempenho, que possibilitam identificar padrões e tendências que ajudam a otimizar a produção.

“Um exemplo disso diz respeito à melhoria da genética. Os produtores podem identificar os animais com as melhores características para a reprodução, por meio da análise de dados genéticos e do uso de algoritmos de aprendizado de máquina”, explica.

Novas tecnologias

O executivo cita há várias novidades e aportes tecnológicos que estão impactando a pecuária e trazendo benefícios significativos para o setor. Dentre elas está a Internet das coisas (IoT) que permite que os produtores de gado coletem dados em tempo real sobre a saúde e o comportamento dos animais, por meio de sensores inteligentes e dispositivos conectados, que promovem um monitoramento mais preciso e eficiente, facilitam a detecção de problemas e melhoram a tomada de decisão.

“Já a robótica tem um papel importante, pois permite a automação de tarefas repetitivas e perigosas, como a limpeza dos estábulos e o transporte de alimentos, reduzindo tempo e o custo da mão de obra, além de melhorar a segurança dos trabalhadores”, acrescenta Gallafrio.

Por fim, ele destaca o blockchain, tecnologia que permite a criação de registros digitais seguros e descentralizados, permite a rastreabilidade do produto final, garantindo a segurança alimentar e aumentando a confiança do consumidor.

Tendências

O especialista observa que, mesmo com benefícios evidentes, há grandes desafios a serem superados antes da adoção em larga escala, muito disso reflexo da falta de mão de obra especializada, altos custos de implementação e a complexidade de algumas tecnologias.

“Porém, a tendência é que a adoção de IA na pecuária continue a crescer nos próximos anos, à medida que a tecnologia se torne mais acessível e a conscientização sobre seus benefícios se espalhe. Os produtores de gado que adotam essas tecnologias podem ter uma vantagem competitiva no mercado, oferecendo produtos de alta qualidade e mais sustentáveis”, conclui o CEO.

Com informações da assessoria de comunicação MadeinWeb
1107, 2023

Agropecuária sustentável contribui para redução do impacto ambiental

Dieta e boas práticas de manejo ajudam a diminuir emissão dos gases de efeito estufa

Os sistemas sustentáveis de produção agropecuária são uma tendência da agropecuária mundial. Nesse cenário, os produtores que não se adequarem às práticas de bem-estar animal e conservação do meio ambiente podem perder mercados nacionais e internacionais, afinal, os consumidores cada vez mais exigentes e conscientes.

“Para uma produção de alimentos com menor impacto ambiental é necessário utilizar boas práticas produtivas na fazenda, que, entre outros aspectos, garantem bem-estar animal e manejo adequado dos resíduos”, destaca o pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos – SP), Julio Palhares.

O especialista observa que o bem-estar dos animais tem impacto positivo na produtividade da atividade, na sanidade do rebanho, nos menores índices de mortalidade e morbidade, na redução de estresse, etc. “O uso de conhecimentos, métodos e tecnologias contribui para reduzir os efeitos ambientais negativos da atividade agropecuária e melhorar a eficiência dos nutrientes”, avalia.

Atenção aos dejetos

O manejo de dejetos na propriedade auxilia no equilíbrio entre o meio ambiente e a pecuária. “Os dejetos são fontes de água e nutrientes, recursos indispensáveis para as culturas vegetais. No entanto, se aplicados de forma incorreta, sem considerar a necessidade da cultura vegetal, a fertilidade do solo e a concentração de nutrientes no dejeto, eles podem causar impactos ambientais negativos no solo, águas e ar”, alerta Palhares.

O especialista acrescenta ainda que, dependendo da tecnologia de tratamento e da forma de disposição no solo, os dejetos emitem gases de efeito estufa (metano e óxido nitroso). “Uma dieta nutricional imprecisa, condições de estresse para os animais, manejo inadequado dos resíduos ou de seu uso como fertilizante resultam em maiores emissões de GEE pelos animais e pelo sistema de produção”, explica. “Essas ações vão contribuir para o aquecimento do planeta, afetando a saúde humana, animal e ambiental”, completa.

Na opinião do pesquisador, os desafios para que as boas práticas de produção sejam aplicadas no cotidiano das produções animais, em relação ao bem-estar animal e ao manejo dos resíduos, envolvem a interação dos conhecimentos do sistema de produção nas dimensões humana, animal e ambiental.

“Capacitações para identificar e aplicar as boas práticas nas rotinas produtivas também devem ser programadas pelos gestores das fazendas. Além disso, é importante s mudança do paradigma produtivo, pois a rentabilidade econômica não deve ser o único objetivo mas, sim, o equilíbrio do sistema de produção com o meio ambiente, com as pessoas e os animais”, conclui.

Com informações da Embrapa Pecuária Sudeste

 

206, 2023

Cuidar da digestão dos bovinos também faz parte da gestão do negócio

Saúde do rúmen é essencial para o bom desempenho dos bovinos

A digestão dos bovinos ocorre predominantemente no rúmen, por meio da fermentação por comunidades microbiológicas. Sendo assim, alimentar o gado de maneira forma assertiva e saudável é basicamente alimentar sua microbiota ruminal.

“O rúmen é um grande fermentador, com um volume de cerca de 180 litros de material, contendo aproximadamente 150 bilhões de microrganismos por colher de chá. Por isso, a saúde ruminal é extremamente importante para o bom desempenho dos animais”, explica a gerente global de P&D da ICC, Melina Bonato.

De acordo com a especialista, as perturbações ruminais podem resultar mo desempenho inadequado do animal, com impacto negativo sobre a rentabilidade da propriedade, por conta de menores taxas de conversão alimentar, já que cada ingrediente da dieta tem sua importância na manutenção corporal e desempenho dos bovinos.

“Entretanto, para que os alimentos cumpram seu papel, eles preciso ser satisfatoriamente consumidos e digeridos”, afirma e acrescenta que a ingestão adequada dos alimentos depende da quantidade total de nutrientes recebidos pelo animal para cumprir as funções de crescimento, saúde, produção e reprodução.

“Em resumo, a ingestão de alimentos é regulada e influenciada por mecanismos físicos, químicos, metabólicos, neuro-hormonais, ingestão de água e fatores ambientais”, explica.

Por fim, Melina destaca que, para alcançar as metas de produção, é fundamental garantir o balanço adequado entre os ingredientes da dieta, conforme a disponibilidade dos nutrientes contidos, e cuidar para que o produto resultante seja atrativo aos animais.

Com informações da assessoria de comunicação ICC Brazil
2205, 2023

Tecnologia auxilia na abertura de novos mercados para a pecuária

Rastreabilidade de produtos pode contribuir para ampliar negócios com outros países

Os frigoríficos e produtores rurais têm buscado apoio em iniciativas inovadoras, a fim de atender às novas exigências dos mercados investidor, consumidor e varejista, ampliando a competitividade da pecuária nacional. Uma dessas ferramentas é o Visipec, desenvolvido pela National Wildlife Federation (NWF).

O aplicativo de rastreabilidade funciona de forma complementar aos sistemas de monitoramento utilizados pelos frigoríficos, contribuindo para o melhor entendimento de sua cadeia de fornecimento, por trazer maior visibilidade sobre as propriedades que fazem parte da cadeia de suprimento e suas condições socioambientais.

“A ferramenta liga fazendas que trabalham na recria/engorda com aquelas que se dedicam à cria, ampliando, desse modo, os níveis de rastreabilidade na cadeia de suprimentos”, explica o zootecnista Rodrigo Dias Lopes, especialista em Agronegócio e Pecuária Sustentável da NWF no Brasil.

Cerca de 90% das fazendas que usam o aplicativo cumprem as Boas Práticas do Grupo de Trabalho de Fornecedores Indiretos (GTFI), principal fórum de discussão sobre o monitoramento de fornecedores indiretos da cadeia de suprimento da carne bovina no Brasil. “O objetivo é manter as fazendas aptas a atender às novas demandas do mercado”, pontua Lopes.

Desse modo, segundo o especialista, quando a ferramenta identifica uma irregularidade, o frigorífico, com o apoio técnico da NWF, busca o produtor rural para coletar mais informações e refinar a análise da situação. Se for confirmada a irregularidade, ele é orientado no sentido de solucionar o problema.

Esse procedimento contribui para que os produtores e os frigoríficos garantam ao mercado consumidor e investidor o cumprimento de normas de produção sustentável e ofereçam seus produtos em diferentes mercados. “As informações compartilhadas dizem respeito apenas às propriedades e, por ser realizado de forma segura, permite que todos os envolvidos se sintam confortáveis”, garante Lopes.

O especialista destaca que existem desafios para ampliar a rastreabilidade na pecuária brasileira, com um grande rebanho formado por mais de 200 milhões de cabeças, a extensão territorial do país, e a complexidade do sistema produtivo. “Além disso, o Brasil não conta com um sistema público de rastreabilidade individual dos animais adotado em larga escala, e atualmente os produtores não têm nenhum incentivo que estimule a aplicação desse tipo de sistema”, acrescenta.

“A pecuária nacional segue acompanhando as demandas do mercado internacional e, muitas vezes, consegue se antecipar, traçando novos caminhos. Certamente, a rastreabilidade será uma grande aliada para contar melhor a história da produção pecuária brasileira”, finaliza Lopes.

Com informações da Assessoria de Imprensa
1804, 2023

Aquisição de Microscópio de Imunofluorescência de última geração: um trunfo da Pesagro-Rio

A Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (PESAGRO-RIO) conta com o único laboratório do Estado autorizado pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para realizar os exames da Raiva em herbívoros. O referido exame é realizado através do uso de microscópio de imunofluorescência de última geração. O diagnóstico é imprescindível para o controle dos focos da doença em rebanhos.

Equipado com uma lâmpada que emite luz ultravioleta, como as de LED, xenônio ou mercúrio, um microscópio imunofluorescência  gera uma luminosidade que incide no espelho dicróico, refletindo-a sobre a amostra e estimulando a fluorescência das células coradas com fluorocromo.

Segundo a médica-veterinária e chefe CEPGM, Leda Maria Silva Kimura, a aquisição do microscópio é de fundamental importância para o desenvolvimento e sanidade da pecuária do Estado. Foto: Arquivo Pessoal

Além disso, esses microscópios possibilitam a observação e a captação das imagens referentes às concentrações de íons, processos e distribuição de moléculas intra e intercelulares, entre outros, possibilitando assim, um diagnóstico mais assertivo.

Segundo a médica-veterinária e chefe do Centro do Centro Estadual de Pesquisa em Sanidade Animal Geraldo Manhães Carneiro (CEPGM) da instituição, além de atual  presidente da Academia de Medicina Veterinária do Estado do Rio de Janeiro (AMVERJ) Leda Maria Silva Kimura, o aparelho é de fundamental importância para o desenvolvimento e sanidade da pecuária do Estado.

A especialista tem militado principalmente na área da virologia, desenvolvendo pesquisas e diagnósticos de Raiva animal, envolvendo a supervisão dos biotérios de criação e experimentação.“Através de projetos de pesquisa e desenvolvimento, o nosso Centro tem como missão, pesquisar, diagnosticar e controlar as principais demandas sanitárias dos rebanhos de interesse econômico do estado do Rio de Janeiro”, destaca.

Ela acrescenta que por meio de exames histopatológicos, bacteriológicos, virológicos, testes sorológicos, e biotecnologia, são realizadas pesquisas e prestação de serviços a médicos veterinários e produtores de diferentes municípios do Estado, além de projetos como o Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros (PNCRH), entre outros.

“Este e outros programas visam a otimização da produção pecuária dos Municípios do Estado do Rio de Janeiro, contribuindo consequentemente para maior produtividade dos rebanhos com garantia de oferta de alimentos seguros aos consumidores”, enfatiza a especialista.

Gráfico

Analisando dados de 10 anos da CEPGM da PESAGRO –RIO, observou-se que 70 dos 92  dos municípios do Estado do Rio de Janeiro  enviaram amostras de bovinos para o Centro de Pesquisa. Foram detectados focos em 54 municípios, sendo positivas 47% das amostras com síndrome neurológica, enviadas para análise.

“É importante frisar a importância  do diagnóstico laboratorial  na detecção  da circulação  do  vírus da Raiva, pois isso possibilita que os órgãos oficiais  possam tomar as medidas de controle e profilaxia referentes à esta importante e fatal zoonose”, conclui Leda

Com informações da Assessoria de comunicação CRMV/RJ

1104, 2023

Rastreabilidade animal: Embrapa e startup se unem para desenvolver nova tecnologia

Sistema de identificação barato e acessível  permitirá ao produtor rural planejar, monitorar e gerenciar as atividades da propriedade

A Embrapa Pecuária Sudeste e a startup Taggen Industrie and Services, especializada em IoT e RFID, vão desenvolver uma tecnologia de baixo custo e maior versatilidade, fatores limitantes para que os pecuaristas adotem as soluções já disponíveis no mercado. A parceria prevê entregar ao mercado o novo produto, por etapas, em até dois anos.

A inovação é baseada, em tecnologia de comunicação digital sem fio BLE (Bluetooth Low Energy), composto de dispositivos individuais (beacon), leitores (gateways) e a plataforma de monitoramento em cloud.

“A proposta é realizar adequações para empregá-la no ambiente rural (outdoor) para monitoramento dos animais em tempo real. O desafio é tornar o sistema viável para uso na pecuária”, explica o pesquisador da Embrapa, Alberto Bernardi. “Os benefícios vão desde o inventário do rebanho até a rastreabilidade dos animais, passando por monitoramento do comportamento, bem-estar e segurança patrimonial”, acrescenta.

A solução já é utilizada em agrotech, ambientes prediais (indoor), logística, indústria, automotivo e hospitalar. O alvo são pecuaristas que tenham interesse na identificação, localização, rastreabilidade, certificação e gerenciamento da movimentação de animais.

Segundo o CEO da Taggen, Werter Padilha, a ideia é que os dispositivos sejam distribuídos por lojas agropecuárias e que tenham o conceito de “plug and play”, tal qual um cliente compra um chip de uma operadora de telefone, em uma loja física, habilite-o e já passa a utilizá-lo imediatamente.

Começo do projeto

A pesquisa será realizada na Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP). Para o começo do projeto, 60 animais serão avaliados, sendo 20 vacas de leite e 40 bovinos de corte em sistema extensivo e intensivo com integração Lavoura-Pecuária Floresta (ILPF).

Em fevereiro, foi realizado o mapeamento das áreas, assim como das condições para o monitoramento dos animais. A previsão é de que no mês de abril as primeiras avaliações sejam realizadas.

Com informações da Embrapa Pecuária Sudeste
Foto de capa: Gisele Rosso/Embrapa
2802, 2023

Soluções eletrolíticas contribuem para melhoria do status metabólico das vacas

Mais importante fase do ciclo produtivo, período de transição exige ações coordenadas para atender demanda nutricional dos animais

Considerado fundamental para o ciclo produtivo, o período de transição de vacas leiteiras é a fase mais importante e crítica, pois compreende as três semanas antes e após o parto, momento em que ocorrem diversas mudanças no metabolismo, além do aumento da demanda por nutrientes para a produção de colostro e leite.

Nessa fase, as vacas passam por adaptações homeoréticas, incluindo a mobilização de reservas corporais, que preparam os animais para a lactogênese. Por isso, estratégias nutricionais devem ser implementadas com objetivo de auxiliar as desordens metabólicas, já que perdem líquidos e eletrólitos no momento do parto.

“Reestabelecer o equilíbrio nutricional é fundamental para o sucesso do ciclo produtivo”, explica o médico veterinário e coordenador Técnico de Bovinos de Leite da M. Cassab Nutrição e Saúde Animal, Rafael Barletta.

Segundo ele, a ocorrência de doenças como a hipocalcemia e cetose estão relacionadas com o periparto. “Esse cenário exige que o produtor adote medidas imediatas para repor os minerais e nutrientes perdidos durante o parto, além de implementar estratégias nutricionais para cada uma das fases do período de transição”, observa o especialista..

Com isso, de acordo com Barletta, repor o equilíbrio eletrolítico e estimular o consumo de matéria seca são os objetivos específicos do programa nutricional dessa fase, além de ajudar a prevenir doenças, melhorar o sistema imunológico e impulsionar a produção de leite.

Prevenção

Para tentar amenizar esses problemas, é comum os produtores adotarem o uso de soluções minerais/eletrolíticas, como os chamados drench, produtos que auxiliam, com rapidez, o aumento dos níveis de glicose e cálcio no sangue, além de repor minerais importantes perdidos durante o parto.

“O produto é solúvel em água e altamente palatável para o animal. Por conta disso, o consumo é voluntário, dispensando o uso de sondas que geram desconforto e estresse aos animais, dificultando ainda mais o manejo”, destaca Barletta.

O especialista acrescenta que os drenchs estimulam o consumo de matéria seca, o que reflete na diminuição na incidência de doenças relacionadas ao metabolismo energético com respostas positivas na produção de leite.

Por fim, ele lembra que é importante que o produtor tenha em mente o quão crítico é o período de transição para as vacas e também a importância de oferecer mais que eletrólitos. “É preciso proporcionar uma fonte de energia e cálcio, bem como auxiliar na redução do estresse e dor relacionados ao parto, garantindo uma recuperação mais rápida no pós-parto”, finaliza Barletta.

Com informações da assessoria de comunicação M. Cassab
Foto de capa: Carlos Mauricio Soares de Andrade – Embrapa
2401, 2023

Carne cultivada: Embrapa encabeça estudo pioneiro sobre o produto

Com conclusão prevista para 2023, pesquisa sobre produção de tecido animal em laboratório tem sido tendência no mundo

Estudo pioneiro no Brasil, conduzido pela Embrapa Suínos e Aves (SC), visa desenvolver carne de frango cultivada em condições controladas de laboratório. O produto inédito, similar ao sassami, na forma de protótipos de filés de peito de frango desossados, deve estar pronto para análises nutricionais e sensoriais até o fim de 2023.

Considerada como proteína alternativa, a tecnologia recria tecidos animais em laboratório a partir de células de animais, fornecendo carnes análogas às naturais, uma inovação que atende às atuais tendências de consumo e agregação de valor.

A pesquisa é uma das alternativas tecnológicas em vista, já que o aumento no consumo de proteínas ao longo dos anos, além dos novos hábitos alimentares e preocupação com a sustentabilidade, têm despertado na comunidade científica a necessidade de ampliar a tecnologia necessária para produzir alimentos e atender à crescente demanda mundial.

Processo

Para produzir a carne cultivada, são extraídas as células de um animal e cultivadas (crescidas), primeiramente em um meio nutritivo, em escala laboratorial, depois em grandes biorreatores. O resultado se traduz na extensão da capacidade de produzir proteína, diversificando as fontes de produção.

O produto final pode ser utilizado na produção de alimentos não estruturados, como hambúrgueres, embutidos e almôndegas, ou seguros, como filés e bifes.  “É um assunto discutido há algum tempo, mas o ganho de escala está se dando agora porque a tecnologia está ficando mais viável, e, por isso, os investimentos no desenvolvimento dessas alternativas começam a acompanhar esse movimento e estão cada vez maiores”, explica a pesquisadora e líder do projeto, Vivian Feddern.

Ela afirma que a vantagem de investir desde já nesse mercado em franca ascensão é evidente. “Além da vanguarda tecnológica, podemos oferecer tecnologia e/ou proteínas alternativas a empresas do Brasil e de países importadores de produtos pecuários”, destaca.

A opção de estudo da Embrapa pela carne de frango levou em consideração o fato de ser uma das proteínas mais versáteis, consumidas em todo o território nacional, além de um dos alimentos mais completos nutricionalmente, importantes para dietas saudáveis.

Plano

No Brasil, ainda não há legislação sobre o tema, porém o Plano Nacional de Proteínas Alternativas (PNPA) está em processo de criação pelo Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Nesse plano estão contemplados alimentos e seus ingredientes de base proteica originados de plantas, insetos, fungos, algas e outras fontes alternativas obtidas por meio de produção, processos fermentativos, cultura de métodos e processos inovadores. Segundo Vivian, a legislação ainda deve ser um passo mais à frente.

Ela acrescenta que algumas empresas, como BRF, JBS e Cellva Ingredients, já tentaram a investir em pesquisas para produzir carne cultivada e ingredientes, como a gordura suína cultivada.

“A maioria está focada em produtos não estruturados, como é o caso de hambúrgueres, diferente de um peito de frango que precisa de estrutura”, relata. “Como o processo é mais complexo, ainda temos um caminho pela frente”, analisa.

Com informações da Ascom Embrapa Suínos e Aves
Foto de capa: Lucas Scherer/Embrapa
612, 2022

“Ômicas”: saiba como elas podem contribuir para uma produção animal sustentável

Análises proteômicas e metaloproteômicas promovem inovação na atividade pecuária

Atingir o potencial genético de produção de um bovino fornecendo nutrientes que favoreçam a expressão de proteínas relacionadas com características de qualidade de carne. Essa é a proposta do estudo que visa promover a interação mineral/proteínas na produção animal sustentável.

Novos métodos de pesquisa estão sendo explorados, e as chamadas “ômicas” vão ganhando cada vez mais destaque em estudos que avaliam desde interações genéticas até o comportamento de proteínas, espécies metálicas e metabólitos no organismo animal.

Com a crescente corrida por avanços em ciência e tecnologia, o cenário aponta para uma etapa de desenvolvimento exponencial dentro da produção animal em busca de sustentabilidade em todos os pilares do sistema. Sendo assim, entender que cada nutriente fornecido aos animais pode melhorar o desempenho produtivo e também garantir um produto mais saudável aos consumidores é de fundamental importância.

De acordo com o zootecnista, doutor em Nutrição e Produção Animal e analista de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Premix, Wellington Araújo, as técnicas proteômicas e metaloproteômicas têm despontado nesse cenário para contribuir com a evolução do segmento.

“A técnica proteômica, que consiste em um estudo de biologia molecular que avalia a presença de proteínas em organismos vivos, vem sendo empregada para promover melhor compreensão dos mecanismos ligados ao metabolismo animal”, informa o zootecnista.

Ele explica que proteínas são consideradas os “produtos finais” dos genes, e as diferenças em suas quantidades e expressões podem refletir em diversos aspectos da fisiologia animal. “Após adquirir esse conhecimento, a ciência estuda, atualmente, o desenvolvimento de marcadores que possibilitem identificar determinadas características nos animais por meio da expressão de suas proteínas”, complementa.

O especialista informa ainda que, diferente do genoma, o proteoma não é estático, podendo ser alterado com o desenvolvimento do organismo ou ser influenciado pelo ambiente externo.

“Quando relacionadas aos minerais, as proteínas são avaliadas utilizando-se a metaloproteômica, que estuda essas importantes interações, visto que, para realizarem suas funções, grande parte das proteínas/enzimas requerem um íon metálico, o qual desempenha papel funcional em numerosos processos bioquímicos e celulares”, pontua Araújo.

Ainda de acordo com o zootecnista, esses estudos indicam que o fornecimento de diferentes dietas para os animais pode levar a diversos resultados de desempenho, ou ainda, modificar a qualidade do produto final como o leite e a carne.

“Atualmente, a pesquisa se preocupa em explorar o impacto da inclusão de subprodutos nas dietas para que o produtor possa reduzir seus custos sem interferir na qualidade do produto que irá oferecer ao mercado, sempre buscando a melhor estratégia que reúna: desempenho animal, responsabilidade ambiental, produtividade, rentabilidade e segurança alimentar do consumidor”, destaca.

Na opinião do especialista, com resultados satisfatórios em pesquisas dessa natureza, será possível identificar características no produto final enquanto ele ainda está em produção. “Por exemplo: já imaginou poder identificar se a carne de determinado bovino tem tendência a ser macia enquanto ele ainda é um bezerro, ou a possibilidade de modular determinada característica de carne direcionando uma dieta especifica? Isso pode se tornar realidade identificando a presença de determinadas proteínas” projeta Araújo.

A proteômica, bastante explorada nos estudos sobre qualidade da carne, ajuda a entender a influência da dieta sobre o que está sendo produzido, possibilitando traçar diferentes dietas alimentares para chegar ao objetivo desejado. “A integração de todas essas informações será a chave para o desenvolvimento de uma nutrição animal planejada e com níveis cada vez mais elevados de precisão, baseada em dados de produção, fatores ambientais, sanidade, imunidade, sustentabilidade, genética, qualidade do produto final e segurança alimentar de toda a cadeia produtiva, de forma integrada”, arremata o zootecnista.

Com informações da Assessoria de imprensa Premix
Foto de capa: Divulgação Premix/Wellington Araújo
811, 2022

Carcaças de caprinos e ovinos podem virar adubo orgânico

Na composteira, restos de animais e resíduos decompostos geram fertilizante natural que pode ser usado nas lavouras

Uma técnica de decomposição natural pode transformar carcaças de caprinos e de ovinos mortos em adubo orgânico, para uso nas propriedades rurais. Trata-se de um processo biológico, por meio do qual restos de animais mortos e de partos são misturados a resíduos vegetais em uma composteira, gerando o fertilizante natural que pode ser usado nas lavouras ou vendido, gerando novas possibilidades de renda aos agricultores.

Segundo o médico-veterinário Marcílio Frota, analista da Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral-CE), entre as vantagens da compostagem estão os benefícios ambientais. Ele explica que, em uma agricultura tradicional, as carcaças de caprinos e ovinos costumam ser enterradas ou mesmo abandonadas, em processos que podem ser prejudiciais.

“Enterrar traz riscos de contaminação do lençol freático, enquanto deixar o animal se decompor gera odores desagradáveis que podem servir de atrativo para insetos e animais carniceiros, que se proliferam e podem veicular doenças aos rebanhos e aos humanos”, explica.

“Já a compostagem, traz benefícios, sobretudo por transformar um material, que teria grande potencial de poluir e contaminar o ambiente, em um produto limpo, com alto valor agregado, que é o adubo orgânico”, completa.

De acordo com Frota, o produto gerado tem nutrientes como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio, o que garante bom potencial de uso para finalidades diversas, como a produção de grãos, produção de mudas, recuperação de solos em áreas degradadas, reflorestamento ou jardinagem.

“A adubação com esse produto é capaz de aumentar consideravelmente o teor de matéria orgânica, melhorando propriedades no solo como a retenção de água. Além disso, possui a capacidade de elevar o PH, corrigindo, em alguns casos, a acidez encontrada rotineiramente em solos brasileiros”, explica. “Assim, é possível reduzir a aplicação de fertilizantes minerais no solo, diminuir custos de produção e promover a ciclagem de nutrientes em propriedades rurais.”

Alternativa

Além de ser uma alternativa ambientalmente adequada, o produto traz outras vantagens, como redução de custos na propriedade. “A grande vantagem do composto em relação aos fertilizantes minerais é o custo. Seu potencial de uso como fertilizante orgânico minimiza a aquisição de insumos e promove a autossuficiência e a sustentabilidade para a propriedade rural, como tecnologia acessível de inclusão social e produtiva ao agricultor familiar”, observa.

Outra alternativa para os produtores rurais que usam a compostagem é a possibilidade de venda do adubo. O valor médio da tonelada do produto é de R$ 250,00, com variação de acordo com a região do país.

O processo

A compostagem ocorre por um processo natural de fermentação que ocorre na presença de ar e umidade a alta temperatura, proporcionando a decomposição de resíduos animais e vegetais, a partir da ação de fungos e bactérias. A técnica é acessível tanto para produtores rurais (inclusive de agricultura familiar), como para agroindústrias (frigoríficos e abatedouros).

O local onde se realiza a compostagem é chamado de composteira, um galpão rústico, com piso cimentado, protegido contra água de chuva e fechado na lateral com paredes de dimensão recomendada de 1,6m de altura, feitas de tijolo ou madeira. Sua localização deve ter fácil acesso, longe do limite de propriedades e próxima ao aprisco ou abatedouro, para facilitar o transporte de carcaças ou restos de abate diariamente, sempre ao final do dia de trabalho.

“Para que o processo ocorra de forma correta, o produtor deve atentar para a montagem correta das pilhas e cama, a preparação das carcaças e a umidificação das mesmas. Também é preciso ter um material rico em carbono para realizar a montagem da cama e compor as pilhas, tais como sobra de capim triturado, cama formada de sobra de cocho e esterco ou resíduos vegetais, como palhadas, podas de árvores ou silagem mofada”, detalha Frota.

Na presença de umidade e temperatura adequada, as carcaças de caprinos e ovinos adultos se decompõem entre aproximadamente 120 dias e 150 dias. Para restos de parto, animais natimortos, vísceras, retalhos de carne e sangue, a decomposição ocorre em cerca de 30 dias.

Regulamentação

O biocomposto produzido pela compostagem é classificado como fertilizante orgânico de classe A, por utilizar matéria-prima de origem animal, sem componentes potencialmente tóxicos e de uso seguro na agricultura, de acordo com a Instrução Normativa Nº 25 de 23 de julho de 2009, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Fonte: Embrapa Caprinos e Ovinos
Foto de capa: Eduardo Oliveira/Embrapa Caprinos e Ovinos – Composteira usada para decomposição das carcaças e produção do adubo orgânico.
2810, 2022

Nutrição é fundamental na estação de monta

Período exige cuidados com a parte nutricional do rebanho

A estação de monta é o período mais importante para as fazendas de cria, pois é a época em que as vacas ficam gestantes e os bezerros são desmamados. Diante disso, o escore corporal é fundamental para o sucesso da atividade, pois a suplementação alimentar do rebanho pode favorecer os resultados de reprodução e desmame.

“A parte nutricional é um pilar decisivo para se obter o máximo índice de prenhez e o maior peso dos bezerros, uma vez que com um bom escore de condição corporal as vacas terão maior probabilidade de ficarem prenhas”, destaca o engenheiro agrônomo e gerente de marketing de performance e terminação da Zoetis, Marcos de Bem.

Ele explica que um rebanho com escore corporal médio 3 (escala de 1 a 5) tem maior probabilidade de emprenhar do que um rebanho com escore médio de 2 ou 2,5, conforme mostram os dados de 10 fêmeas analisadas pelo Grupo Especializado em Reprodução Aplicada ao Rebanho Zoetis (Gerar) ao longo de 10 anos.

“O bom planejamento sanitário do rebanho associado a uma suplementação adequada são fortes aliados para aprimorar os índices reprodutivos em uma estação de monta”, aponta e acrescenta que, com a tecnologia atual, o produtor pode usar diversos suplementos para o rebanho de fêmeas em reprodução sem perder a eficiência nem limitar o consumo por cabeça.

Nesse sentido, ele indica, por exemplo, a utilização de ionóforo à base de lasalocida, que auxilia, e muito, a manutenção e a evolução do escore, facilitando, assim, o aumento da prenhez. “Essa inclusão não restringe o consumo de alimento, mas melhora a digestibilidade da dieta e a absorção dos nutrientes, produzindo mais energia, que é disponibilizada para o aumento de escore e prenhez, além de bezerros mais pesados”, arremata de Bem.

Com informações da Assessoria de Imprensa da Zoetis
Foto de capa: arquivo A Lavoura
1810, 2022

Sistemas de aquicultura apresentam diferentes níveis de sustentabilidade

Para mitigar os impactos ambientais dos monocultivos, os países ocidentais têm resgatado um conceito antigo

Na aquicultura do Brasil ainda predomina o monocultivo, sistema de produção caracterizado pela criação de uma única espécie em determinado local. Para promover a mitigação dos impactos ambientais relacionados aos monocultivos aquícolas intensivamente arraçoados, alguns empreendimentos de países ocidentais têm resgatado um conceito antigo, empregado por países orientais, como a China, Índia, Vietnam, Bangladesh, dentre outros.

Esses são conhecidos, atualmente, pela sigla em inglês IMTA (Integrated Multiprophic Aquaculture) que pode ser traduzido como “Aquicultura Multitrófica Integrada”. No policultivo utiliza-se a mesma densidade de tilápias que no monocultivo, mas com baixas densidades de camarões. Com isso, na operação de um sistema integrado de tilápias/camarões, há um pequeno aumento dos custos de produção, relativo à aquisição de pós-larvas de camarão em relação à criação de tilápias em monocultivo; mas, em contrapartida, obtém-se um expressivo lucro extra com a venda dos camarões.

Segundo o pesquisador científico e Diretor do Núcleo Regional de Pesquisa de Pirassununga, do Instituto de Pesca (IP-APTA), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, Marcello Villar Boock, os sistemas de aquicultura multitrófica e de monocultivo possuem naturalmente diferentes níveis de sustentabilidade, que são divididos em três dimensões: econômica, ambiental e social. “Dentre elas, as que mais ganharam projeção nos últimos anos foram a econômica e a ambiental, pois são as mais almejadas pelos aquicultores”, informa o pesquisador do Instituto de Pesca.

Conforme explica, a econômica é calculada por indicadores como análises de fluxo de caixa, valor presente líquido, taxa interna de retorno e período de retorno do capital investido. Comparando um monocultivo de tilápias e um policultivo de tilápias e camarões de água doce como exemplo de sistema integrado, sendo ambos conduzidos em tanques escavados.

Integração de espécies

A ideia básica desses sistemas é que, por meio de duas ou mais espécies que, de preferência tenham diferentes hábitos alimentares e ocupem diferentes extratos da coluna d’água, haja um melhor aproveitamento dos nutrientes (ração, nitrogênio e fósforo, por exemplo) e da água na qual esses organismos são criados. Com isso, tem-se difundido a ideia de que sistemas multitróficos integrados são mais “sustentáveis” do que os monocultivos convencionais.

Segundo produtores do norte do Paraná, onde esse sistema de cultivo é bastante empregado, esse lucro extra geralmente é suficiente para pagar a maior parte da ração consumida pelas tilápias, que, por sua vez, corresponde ao maior custo na produção dos peixes. Consequentemente, há uma redução do custo de produção da tilápia, aumentando a margem de lucro do produtor, que passa a ganhar mais pelo quilo de peixe produzido.

Tecnologias do IP

Pesquisadores do Instituto de Pesca têm desenvolvido diversas tecnologias que visam alcançar a tão almejada sustentabilidade na aquicultura, assim como ferramentas que podem auxiliar nas tomadas de decisões e na gestão de empreendimentos aquícolas, tendo em vista o viés da sustentabilidade. Todas essas informações são abertas ao público e levadas a produtores rurais, potenciais investidores, estudantes e técnicos, por meio de cursos, publicações e assessorias técnicas oferecidas constantemente pela instituição e disponíveis no site www.pesca.sp.gov.br.

“Nosso objetivo com essas informações não é estimular as reflexões sobre o atual modelo predominante na aquicultura do hemisfério ocidental, tendo em vista a alternativa de sistemas que conciliem as três dimensões da sustentabilidade”, argumenta Boock. “Em um país megadiverso como o Brasil, as possibilidades de integração entre as diversas espécies aquáticas disponíveis e diferentes ecossistemas são imensas e ainda muito pouco exploradas”, arremata.

Com informações da assessoria de imprensa da CNA
Foto de capa: CNA
Ir ao Topo