Por André Casagrande

Prática integrativa traz benefícios à indústria com suínos mais produtivos, rentáveis e sustentáveis

Os processos de melhoramento genético de suínos têm passado por várias fases de transformações tecnológicas, cada uma impulsionando a precisão e a eficiência no processo de seleção e o aprimoramento das características desejáveis dos animais.

A técnica evoluiu da observação visual e seleção empírica, no qual o melhoramento era baseado em características observadas a olho nu e nos conhecimentos práticos dos criadores, para o uso de grandes bancos de dados com informações como ganho de peso e tamanho da leitegada.

“Posteriormente, a seleção genômica revolucionou o setor, e atualmente estamos na era da fenotipagem digital, que está redefinindo o futuro do melhoramento genético”, destaca o mestre em Zootecnia, doutor em Genética e Melhoramento Animal e diretor técnico da Topigs Norsvin, Marcos Lopes.

O especialista lembra que, nos primórdios, características morfológicas como conformação corporal, peso e crescimento eram avaliadas de forma subjetiva, processo que dependia muito da experiência dos criadores e critérios pouco precisos.

“Com os avanços na zootecnia, tornou-se possível a coleta sistemática de dados quantitativos, como eficiência alimentar e número de leitões por leitegada, por meio de modelos estatísticos que utilizavam informações dos animais e de seus parentes para calcular a herdabilidade e os valores genéticos das características de interesse, o que tornou a seleção mais eficiente e precisa”, comenta o zootecnista.

Mais recentemente, ele cita que a genética molecular introduziu a seleção genômica, permitindo a identificação de regiões específicas do DNA (ácido desoxirribonucleico) associadas às características de interesse e possibilitando uma seleção mais precoce e acurada, mesmo na ausência de dados fenotípicos para todos os candidatos à seleção.

Foto: Divulgacao. Topigs Norsvin

E o que mudou?

Conforme relata Lopes, hoje em dia, a atenção se volta novamente para a fenotipagem, mas agora com o suporte de tecnologias digitais. Sensores, câmeras e dispositivos de monitoramento são usados para capturar automaticamente uma ampla gama de dados fenotípicos de forma contínua e em tempo real.

“A fenotipagem digital inclui o uso de imagens 3D, sensores de movimento, brincos eletrônicos (RFID) para rastreamento individual, tomografia computadorizada e sistemas de inteligência artificial para analisar padrões comportamentais e características físicas dos animais. Isso permite uma avaliação mais detalhada e precisa, integrando dados comportamentais, fisiológicos e produtivos”, observa.

Na avaliação do profissional, esses avanços não apenas aceleram o processo de seleção, mas também permitem a identificação de características sutis que antes não poderiam ser avaliadas por métodos tradicionais, além de facilitar programas de melhoramento com foco personalizado para diferentes sistemas produtivos.

“Câmeras 2D e 3D podem ser utilizadas para avaliar a condição corporal dos suínos, permitindo a coleta detalhada de informações sobre seu desenvolvimento físico, uma vez que elas são capazes de capturar imagens que fornecem informações sobre a conformação, o que é fundamental para a seleção de suínos com melhor potencial genético para produção de carne magra e para maior rendimento de cortes nobres”, detalha Lopes.

Além disso, ele acrescenta que elas também possibilitam estimar o peso vivo dos animais sem a necessidade de balanças, o que economiza mão de obra e reduz o estresse dos animais. O uso de câmeras elimina a subjetividade e métodos invasivos, otimizando o manejo dos animais de forma automatizada e repetível.

Outras tecnologias

A tomografia computadorizada (TC) é outra ferramenta valiosa, pois permite uma análise detalhada da estrutura interna dos suínos, ao  gerar imagens tridimensionais de alta resolução que permitem identificar características genéticas desejáveis, como distribuição de gordura intramuscular e desenvolvimento ósseo e muscular.

“Essa tecnologia também possibilita a análise de órgãos internos e propensão a doenças como a osteocondrose, influenciando diretamente a longevidade dos animais”, acrescenta o especialista.

Além disso, câmeras de monitoramento de comportamento têm sido eficazes para acompanhar o bem-estar animal, capturando dados sobre alimentação, locomoção, interações sociais e descanso. Essa análise é fundamental para identificar problemas de saúde, níveis de estresse e bem-estar geral, fatores que afetam a eficiência produtiva e a qualidade da carne.

“Por meio do uso de imagens, hoje podemos avaliar a qualidade e aprumos, identificar o comportamento de fêmeas de alta habilidade materna, além de gerarmos dados que nos auxiliem no melhoramento genético contra caraterísticas indesejáveis, como canibalismo”, relata. “Suínos com bom comportamento social são candidatos ideais para programas de melhoramento, resultando em maior produtividade do plantel”, complementa.

Por fim, ele argumenta que a evolução no melhoramento genético de suínos, da observação visual à coleta de dados e seleção genômica, até a era da fenotipagem digital, demonstra o dinamismo desse processo. “A fenotipagem digital integra genética, automação e grandes bancos de dados, trazendo maior precisão, rapidez e controle sobre o progresso genético, beneficiando a indústria com suínos mais produtivos, rentáveis e sustentáveis”, conclui Lopes.

Com informações da assessoria de comunicação Topigs Norsvin
Foto: Divulgação