A endoscopia, do grego endo (dentro) e scopein (ver, observar), é a inspeção visual de um órgão ou cavidade através de um instrumento óptico. Pode ser realizado nos tratos digestivos, urinários e respiratórios.

Sua história começa quando o médico Phillip Bozzini, registrou o que seria a primeira endoscopia em 1806, quando utilizou um instrumento de estanho, iluminado por uma vela de cera, através de um jogo de espelhos para visualizar o trato urinário de um paciente. No início dos anos 70 ela foi introduzida na medicina veterinária por Johnson e colaboradores, na realização de um exame gastrointestinal.

Endoscópio de Bozzini – Acervo Verger-Kuhnke, Reuter, Beccaria, 2007

De lá para cá, os avanços tecnológicos nas áreas de captação, condução e qualidade de imagem e de luz, permitiram uma enorme evolução dos recursos da endoscopia.

É um procedimento considerado minimamente invasivo, e pode ser realizado através de dois tipos de endoscópios: rígidos ou flexíveis. Os rígidos são constituídos de um tubo de metal e jogo de lentes internas com a luz sendo conduzida através dele por fibras ópticas; a câmera é acoplada na sua parte proximal. O endoscópio flexível, como o próprio nome diz, além de flexível, possui articulação na sua extremidade distal (esquerda/direita e cima/baixo) além de nela também estar presente a câmera. As imagens geradas por esses endoscópios são transmitidas a um monitor.

É um exame minucioso que pode ser aplicado nos tratos digestivo e respiratório, identificando neoplasias, pólipos, úlceras, doenças inflamatórias e alterações anatômicas congênitas e/ou adquiridas em consequência de uma doença. Deve ser realizado sob anestesia geral, e suas principais indicações são: dificuldade de deglutição, anorexia, refluxos ou vômitos, diarreia crônica, dificuldade de evacuar, remoção de corpos estranhos, tosse recorrente, dificuldade de respiração, síndrome do cão braquicéfalo, entre outras. Pode ser precedido de um exame radiográfico ou ultrassonográfico.

A endoscopia veterinária é uma especialidade que vem apresentando cada vez maior demanda no exercício da clínica veterinária e, ainda, um baixo número de colegas com capacitação para atuarem nessa área.

A busca desta capacitação deve ser realizada por aqueles que se interessam por uma atividade dinâmica, desafiadora, com uso de tecnologia de ponta, que pode solucionar ou esclarecer definitivamente o tratamento de um paciente. Àqueles que tem interesse em se capacitar, devem buscar cursos de extensão e, até mesmo uma pós graduação em unidades vinculadas à Instituições de Ensino Superior, não só pela validade do certificado, mas também, e não menos importante, ao fato desses cursos terem sua aprovação pelos Comitês de Ética com Uso de Animais (CEUA). Normalmente, em seus conteúdos programáticos, ocorrem treinamentos em simuladores, cadáveres ou in vivo. As CEUAs aprovam, asseguram e fiscalizam não só a origem desses animais, mas também os protocolos de anestesia e analgesia, e até mesmo o destino final dessas carcaças.

Fernando Luís Fernandes Mendes é:
Médico veterinário formado pela UFRRJ
Mestre em cirurgia pelo Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFRJ
Pós graduado em endoscopia e laparoscopia pelo Instituto Crispi de Cirurgia Minimamente Invasiva na UNIFESO
Professor das disciplina de cirurgia e anestesiologia animal do curso de graduação em medicina veterinária do UNIFESO
Professor do curso de pós graduação em endoscopia e laparoscopia ginecológica da SUPREMA – MG
Coordenador geral dos cursos videovet.com.br
Foto de capa: Arquivo pessoal