Depois de um período com baixo crescimento, de julho a setembro de 2020, os preços do leite apresentaram alta expressiva, chegando a R$ 2,13/litro em setembro, valor 59% acima da média observada entre 2015 e 2019.
Esses dados foram divulgados na carta de conjuntura do Centro de Inteligência do Leite, da Embrapa Gado de Leite, do mês de outubro. Especialistas acreditam que depois de um 2019 com baixo crescimento no setor, este ano, com taxas maiores, os preços estão voltando à média dos últimos cinco anos, de US$ 0,30/litro.
De acordo com o documento, o que contribui para esse cenário foi a pandemia, que impactou o setor leiteiro de forma diferente em cada região. Os preços ao produtor que historicamente ficaram ao redor de 10% acima dos patamares internacionais, entre junho de 2019 e junho de 2020 inverteram de posição e os volumes importados registraram queda de 36% no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado.
O preço da mistura milho e farelo de soja (70%+30%), que nos últimos cinco anos ficou em R$ 0,91/kg (média), subiu 38% chegando a R$ 1,25/kg. Esta valorização foi puxada pelos aumentos de 52% no preço do milho e de 26% no do farelo de soja, em relação as médias históricas corrigidas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A alimentação animal mais cara elevou os custos enfrentados pelos produtores, no entanto, suas margens foram compensadas por uma valorização proporcionalmente maior dos preços recebidos pelo leite.
Porém, os especialistas acreditam que, a partir de novembro, pode acontecer uma reversão nos preços pagos aos produtores. O ponto de alerta é que esse segmento deve conviver por mais algum tempo com preços do milho e do farelo de soja bastante valorizados. Somente no decorrer de mês de outubro, esses dois produtos já registraram aumentos de 20% a 25% em relação ao fim de setembro e os valores negociados no mercado futuro indicam valorizações ainda maiores para os próximos meses.