Sinonímia

Ornitose; Psitacose

Etiologia

É uma enfermidade infectocontagiosa causada pela bactéria Chlamydia psittaci, podendo causar uma sintomatologia clínica que cursa com febre, tosse, prostração, cefaléia, associado a um comprometimento de vias aéreas superiores e/ou inferiores.

Sintomatologia clínica

Podem variar em função de espécie, idade, estado imunológico da ave, via de transmissão, virulência do sorotipo envolvido e eventual presença de infecções concomitantes. A infecção pode se estabelecer no animal de quatro formas: superaguda, aguda, crônica e inaparente.

A forma superaguda ocorre regularmente em aves jovens, tendo como característica o óbito em poucas horas, sem sinais clínicos.

A forma aguda, as manifestações clinicas são inespecíficas, podendo ser observadas apatia, sonolência, anorexia, asas pendentes, desidratação, blefarite e conjuntivite. Ocorrem ainda alterações respiratórias (rinite, sinusite, dispneia), digestivas (diarreia amarelo-esverdeada), urinária (poliúria), reprodutivas (infertilidade, mortalidade embrionária) e, nos estágios terminais, alterações neurológicas, como tremores e convulsões.

Na forma crônica, os sinais são discretos e dessa maneira o animal é negligenciado, sendo geralmente caracterizados apenas por emagrecimento progressivo, conjuntivite e discretas alterações respiratórias.

Na forma inaparente não ocorrem sinais clínicos, sendo essa comum em aves adultas expostas a sorotipos de media a baixa virulência. Nesse estado, as aves permanecem como portadoras, podendo eliminar o agente de forma intermitente por vários meses e, ainda apresentar alterações inespecíficas como perda de peso, deficiência no empenamento e infecções bacterianas oportunistas.

Doença no Homem

A infecção no homem se dá pela inalação dos aerossóis contaminados por Chlamydia psittaci presentes no ambiente, nas penas, secreções, excreções ou nos tecidos de aves infectadas. Os sintomas são febre, fadiga, cefaleia, calafrios, mialgia, anorexia, fotofobia, náuseas, vômitos, dores torácicas e sudorese abundante. São semelhantes ao de uma gripe ou outra enfermidade respiratória. Em casos mais graves, ocorre pneumonia atípica grave, com tosse seca, respiração difícil e dolorosa e, raramente, manifestações crônicas que incluem neurite, insuficiência cardiovascular, tromboflebite, meningite, encefalite e até mesmo o óbito.

Epidemiologia

É uma doença cosmopolita, ocorrendo em todas as estações do ano. Pessoas que lidam diariamente com aves e outros animais, como tratadores, trabalhadores que atuam em abatedouro de aves, lojas de animais e proprietários de animais são os mais acometidos pela doença.

Quando a doença se encontra em caráter de surto, geralmente está associada em locais de confinamento, como zoológicos e ambientes fechados como os que transportam animais.

Reservatório

As aves são acometidas, principalmente os psitacídeos (papagaios, calopsitas, araras, periquitos) e outras espécies como pombos, perus e gansos. Alguns mamíferos também podem ser afetados como os ovinos e caprinos.

Modo de transmissão

A transmissão entre as aves se dá por inalação ou ingestão do microrganismo, assim como contato direto com secreções e/ou excreções contaminadas. A infecção também pode ocorrer no ninho quando os pais regurgitam o alimento para os filhotes contendo células infectadas vindo da descamação do epitélio do inglúvio. A doença clínica é induzida por fatores estressantes associados ao manejo inadequado como má nutrição e excesso populacional.

A transmissibilidade da doença dura semanas ou até meses. 

Período de Incubação

O período de incubação da psitacose varia de 5 a 15 dias.

Diagnóstico

O diagnóstico definitivo é obtido através do teste de PCR para a detecção do agente, através de amostras oriundas de fezes da cloaca. Se o teste for positivo é recomendada a coleta de mais de uma amostra num período de 3 a 5 dias e/ou coleta-se amostras de diferentes fontes (cloaca, traqueia e/ou conjuntiva).

O isolamento do agente etiológico no sangue e a detecção de anticorpos através do teste ELISA, apresentam menor confiabilidade. Esses exames podem ser realizados em laboratórios especializados para esta análise.

O diagnóstico por imagem é um exame importante e complementar já que se pode observar uma pneumonia com comprometimento de lobo pulmonar, havendo ou não um derrame pleural.

Medidas de controle

Devem ser tomadas medidas que envolvam educação em saúde com o objetivo de conscientizar a população sobre os riscos de exposição aos animais reservatórios, regras de importação, criação e transporte de aves, tratamento e isolamento em quarentena destes animais quando necessário. A fiscalização dos locais de venda desses animais, como aviários e granjas são fundamentais para reduzir a venda de animais afetados e a disseminação da doença.

As aves suspeitas devem ser avaliadas por um médico veterinário e isoladas, tratadas e/ou descartadas da granja em caso de infecção para o homem, assim como promover a desinfecção correta do local.

A identificação do local de procedência das aves diagnosticadas com a doença é fundamental para a prevenção de novos casos. Pessoas que porventura tenham sido expostos à infecção devem ser observadas quanto ao desenvolvimento de febre ou outros sintomas.

Fonte:
http://clinicavetzoo.blogspot.com
Summary: Zoonosis – Chlamydiosis
Ministério da Saúde (BRASIL)
Secretaria de Vigilância em Saúde
Tratado de Animais Silvestres – Medicina Veterinária 1ed. São Paulo: Roca, 2007.

Marcio Barizon Cepeda – Médico Veterinário e Doutorando em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

Rodrigo de Franco da Silva – Médico Veterinário pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Especialista em Clínica Médica e Cirúrgica de Animais Selvagens e Exóticos (Instituto Qualittas-RJ)