Reduzir a captura predatória do camarão-branco para ser usado como isca-viva na pesca do robalo, além de opção de renda para pequenos produtores do litoral paulista, são alguns dos objetivos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo que, através de estudo realizado pelo Instituto de Pesca (IP-APTA), utiliza materiais alternativos de baixo custo para a construção de tanques de recirculação voltados à criação de lambari na Mata Atlântica.
Segundo o pesquisador do IP, Marcelo Barbosa Henriques, que vêm buscando introduzir o lambari como alternativa de isca-viva ao crustáceo para a pesca esportiva no litoral sul paulista, justamente por tratar-se de um peixe que pode ser cultivado, além de dar um fôlego maior à população de camarões no ambiente, já que a espécie ainda é a mais utilizada como isca-viva na pesca esportiva do robalo, o cultivo de lambari também representa possibilidade de renda interessante para produtores da região.
De acordo com Henriques, uma das vantagens desse sistema é que, para isca-viva, o criador vende o peixe por unidade, não por quilo, o que favorece o estabelecimento dos pequenos aquicultores na atividade, principalmente no sistema alternativo de baixo custo. “Se o produtor fosse vender lambari por quilo, teria que trabalhar com viveiros grandes, escavados, onde são colocados centenas de milhares de lambaris. Vendendo por unidade, o pequeno produtor pode trabalhar com tanques de recirculação de 8 mil a 10 mil litros, com cerca de 4 mil peixes por tanque”, detalha.
Com o objetivo de tornar a atividade viável para produtores e comunidades de baixa renda, Henriques e sua equipe aperfeiçoaram métodos de criação de peixes já existentes. “No nosso sistema, especificamente, adaptamos uma tecnologia desenvolvida pela Embrapa, originalmente para cultivo de tilápia, e aplicamos ao lambari”, conta o especialista.
Ele acrescenta ainda que, nesse primeiro projeto, eles chegaram à conclusão de que o lambari, cultivado nos chamados tanques de recirculação, é mais barato que o camarão, além de ser uma isca mais eficiente para pesca de robalo em rios, por se mostrar mais atrativo nesse tipo de ambiente. Essa pesquisa foi publicada em um dos mais importantes periódicos internacionais que tratam do assunto, o Fisheries Management and Ecology.