Master Agroindustrial: conheça a história da maior produtora independente de suínos do Brasil

“Alimentar pessoas com os valores do Campo”. Há 26 anos, este tem sido o lema da Master Agroindustrial. Fundada em 1994, na cidade de Videira, no meio oeste catarinense – berço das maiores agroindústrias do Brasil –, a empresa é, atualmente, a maior produtora independente de suínos do País. Sua estrutura é composta por granjas com capacidade de 33 mil matrizes e superior a 1 milhão de leitões, três fábricas de rações e duas unidades produtivas de alimentos.

Segundo o médico veterinário e CEO da empresa, Mario Faccin, no início, eram 750 matrizes e 17 colaboradores. “Hoje, 26 anos após a fundação, a Master produz cerca 16 mil animais por semana, gera mais de 1.120 empregos diretos e temos parceria de cerca de 300 produtores rurais integrados em mais de 28 municípios”, contabiliza o profissional.

Em 2010, a Master agregou ao negócio a indústria de processamento de carne suína com a marca Sulita, cujos produtos são comercializados no mercado interno e externo. “A empresa está em fase de ampliação das indústrias de processados em mais de 100%, gerando oportunidades para cerca de 800 novos colaboradores, agregando valor aos produtos e promovendo expressivamente o desenvolvimento econômico, gerando emprego e renda nas regiões onde está inserida, evidenciando a responsabilidade social da empresa”, informa Faccin.

Segundo o CEO, um dos pilares para evoluir é a forma como a empresa pensa no negócio. “Acreditamos no futuro e temos certeza que ele está repleto de oportunidades, tanto que traçamos um caminho diferente num segmento em constante evolução, quebrando paradigmas e estabelecendo novos conceitos”, afirma. Conforme explica, essa visão reflete uma forma diferenciada de produzir, que vai desde genética apurada e escala padronizada, por meio do investimento em pesquisas de melhoramento genético, até a implantação do Sistema de Gestão Master (SGM) nos processos internos, passando por atualização e modernização de processos. “Sem essas práticas, seria difícil nossa competitividade no agribusiness.”

O negócio

A Master Agroindustrial processa e vende proteína suína in natura para o mercado nacional e internacional e também fornece suínos vivos para outras agroindústrias processarem. “Como nossa produção de suínos vai além da nossa necessidade de processados, ela é direcionada à outras agroindústrias do País, e delas para as gôndolas dos supermercados”, explica o CEO da Master.

Segundo Faccin, entrar no processo de industrialização foi decorrência da necessidade de continuar a crescer e gerar oportunidades às pessoas. “Este processo foi difícil e custoso e exigiu ajustes na estrutura da operação, no mix adequado, na organização da logística e dos canais de comercialização e na conquista do consumidor”, relata. “Afinal, um mundo novo requerer uma postura diferenciada e firmeza de propósitos”, acrescenta.

Estrutura

De acordo com o empresário, na política administrativa e cultural da empresa, as pessoas são as principais responsáveis pelo sucesso da marca. Assim, proporcionar o crescimento pessoal e profissional dos colaboradores em um campo de oportunidades é um compromisso considerado fundamental e aplicado constantemente.

“Acreditar nas pessoas e ajudá-las a se desenvolver é o que nos sustenta, junto com a prática de compartilhamento de tudo o que somos, o que queremos e o que necessitamos para juntos alcançarmos o que buscamos”, observa Faccin. Ele acrescenta que a empresa também busca reforço em instituições que possam ajudar nesse desenvolvimento, como a Fundação Don Cabral (FDC), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), além do suporte de clientes e fornecedores, absorvendo, sempre que possível, boas práticas que venham contribuir na caminhada.

“Nosso norte inclui planos estratégicos de médio e longo prazo, sustentado por planos anuais, mensais e semanais e pelas práticas diárias dos processos, conhecidos e praticados por todos”, explica.

Expansão

“A todo momento, a empresa se desafia na busca de inovação e de novas tecnologias, assim como na aplicação de novos processos, sempre dentro de planos estratégicos compartilhados com o time, visando crescer com segurança e dentro do nosso negócio”, observa CEO da Master.

Em 2015, a empresa iniciou as exportações para a Ásia – espaço conquistado com muito trabalho para atender todas as exigências – e para o Mercosul. Também começou a remodelação e expansão das indústrias do grupo, com o objetivo de estar apta a enviar os seus produtos para qualquer País que o Brasil tenha relação comercial e acordo para a venda de produtos suínos. “Estamos aprendendo a conviver com as altas e baixas do mercado internacional”, diz. “Quando estamos atendendo lá fora, ficamos mais qualificados aqui dentro também.”

Segundo Faccin, desde o início, a ideia era conquistar o consumidor pela qualidade, pelo padrão, sabor, inovação e serviços. “Isso só foi possível porque a empresa possui uma cadeia produtiva completa e de qualidade, desde a genética até o produto processado na mesa do consumidor.”

Para que isso aconteça de forma ordenada e eficaz, a empresa investe em um sistema de integração, que agrega assistência técnica, capacitação e roteiros de produção aos integrados, respeitando as boas práticas de bem-estar animal e ambiental. certificação ISO 14001, que a credencia e garante uma produção sem impactos ambientais, alinhada a conceitos internacionais.

“Também temos intensificado a presença de mercado da marca comercial Sulita, que processa 1.600 toneladas de produtos acabados por mês”, relata o CEO. Segundo ele, o abate, terceirizado, é feito no Paraná e a transformação em 150 produtos ocorre na unidade industrial em Videira, com produtos diferenciados, em tamanho, formato, apresentação e flexibilidade no atendimento, o que exige uma logística diferenciada e complexa.

Desafios

Na opinião do médico veterinário, empreender não é tão simples, por conta dos os obstáculos, que são muitos. Nesse sentido, Faccin cita as travas públicas, “afinal, a empresa tem uma velocidade e os governos, outras, o que gera conflitos e tornam o processo moroso e custoso”.

O CEO da Master cita, ainda, outros desafios. “Temos os obstáculos próprios de um País de incertezas jurídicas, de altos custos logísticos, de um sistema tributário arcaico e pouco claro e oneroso em sua aplicação, de ideologias distorcidas, de uma constituição de privilégios de poucos, da interferência do clima a nos impor custos altos de algumas comodities, entre outros”, enumera.

Nesse sentido, Faccin lembra que a logística de grãos está somente a serviço das grandes trades internacionais. “Essas empresas vêm buscar matéria-prima barata para adicionar valor e criação de riquezas em seus países”, protesta o CEO da Master. Além disso, vale lembrar que, o grande parque de proteínas animais do Sul não foi contemplado com nenhuma ligação ferroviária que permita baixar o custo do frete.

Ao longo de 26 anos, a empresa passou por várias situações desconfortáveis de mercado, de aprendizagem, quando estreou no negócio de processamento, “Éramos pequenos, desconhecidos, sem marca e sem logística organizada”, lembra o empresário, destacando ainda o fato de ter um estado inchado, caro e lento, que consome por volta de 40% da riqueza deste País, tirando competitividade e gerando diferenças sociais. “O establishment (a elite social, econômica e política do nosso País) está enraizado em nosso sistema, principalmente após a nova Constituição Cidadã de 1988, que de cidadã não tem nada, por isso, o país precisa se ver livre dela e trazer o cidadão para o centro do processo novamente”, argumenta.

Outros impactos para a Master foram a falta de grãos, em 2016 – coincidindo com a sobreoferta de suínos e, consequentemente, preços muito baixos –, o processo de impeachment do governo em 2018, além da greve dos caminhoneiros, a delação premiada e a Operação Carne Fraca. “Isso está presente na vida de quem se propõe a empreender, faz parte do processo e nos diferencia de empresas de Primeiro Mundo no quesito adaptabilidade e superação”, comenta. “O importante é estar preparado, ser resiliente e aprender com momentos ruins para ficar mais forte para seguir em frente.”

Salto

O empresário acredita que, para agronegócio tornar-se mais próspero, produtivo e sustentável, é preciso uma discussão séria sobre o que se quer, onde se quer chegar e o que fazer para conquistar mais mercados. “Evoluímos muito nas últimas décadas, mas é necessário dar outro salto em busca de novas demandas, voltadas a melhorar nossa competitividade”, ressalta.

Para quem pretende encarar os desafios de empreender no agronegócio brasileiro, mesmo com os obstáculos já abordados, o CEO da Master tem uma dica importante. “Se tem algo que quem se dispõe a ser um investidor necessita é que tenha uma boa ideia, conheça muito o que vai fazer, disponha de pessoas capacitadas, acreditem em seu projeto, e esteja preparado para muito, muito trabalho”, arremata Faccin.