Introdução: O setor do agronegócio brasileiro tem uma posição crucial na economia, com destaque para a área pecuária. O confinamento de bovinos tornou-se uma estratégia fundamental para garantir o fornecimento contínuo de carne ao mercado consumidor, especialmente durante a estação seca do ano, quando a disponibilidade de pastagens é limitada. No entanto, exige um alto investimento financeiro para construir as instalações adequadas, além de ser essencial considerar os custos de produção e os preços de venda do produto, levando em consideração os riscos.

Em regiões como São Paulo, a pecuária enfrenta desafios de competitividade em relação a outras culturas agrícolas. Como forma de garantir o fornecimento contínuo de carne, tem-se optado pelo uso de sistemas de confinamento. O confinamento é especialmente relevante durante a seca, e para avaliar a viabilidade econômica do confinamento, é fundamental considerar os custos, incluindo a compra de animais e sua dieta, que representam quase 90% dos custos totais. Por requerer investimentos consideráveis, a avaliação econômica se torna uma etapa essencial e criteriosa. Indicadores como Valor

Presente Líquido e Taxa Interna de Retorno são empregados para determinar a viabilidade do projeto.

Por que investir?

A rentabilidade é o tópico mais importante quando mencionado ao produtor a mudança de seu sistema; dessa forma, para as análises de estudo, Barbieri, Carvalho e Sabbag (2014) abordaram a viabilidade econômica dentro de uma fazenda específica em Auriflama. Na mesma, a estrutura de capital fixo totalizou R$1.7 milhões, incluindo o capital fundiário, de exploração fixo e circulante. As máquinas e equipamentos utilizados representam 22% dos investimentos, enquanto os custos operacionais foram de 187 mil reais. No fim, o custo total de produção atingiu 252 mil, mostrando assim sua rentabilidade sendo lucrativa em até 68%. Tal rentabilidade está associada a melhores resultados zootécnicos de produção, pois a análise do estudo revelou viabilidade econômica do sistema, com o valor presente líquido favorável a taxa interna de retorno sendo superior à taxa mínima de atratividade. A recuperação do investimento foi superior ao “payback period”, o que reafirma o êxito em lucratividade.

Deve-se analisar também a questão de vantagens e desvantagens em relação ao manejo dos animais para confirmação de um produto de maior rentabilidade. Na região central do país, os bovinos criados a pasto possuem bom desenvolvimento em épocas chuvosas e fraco desempenho na época de seca, mantendo ou diminuindo seu peso pela menor qualidade das pastagens. Tal situação pode interferir em abates, aumentando o tempo necessário e adotar a prática de recria em confinamentos, possibilitaria obter resultados bons durante todo o ano, independente de períodos de seca.

Entretanto, existem desvantagens tais como em qualquer outro sistema. Situações como a presença de muita lama nos currais, o uso de alimentos com baixa palatabilidade ou a oferta de capim com muita antecedência ao horário de alimentação ou o comprimento de cocho ser menor do que necessário, podem gerar animais com uma formação óssea e muscular afetadas. Além disso, a presença de muitas pessoas no ambiente pode causar estresse, comprometendo a engorda dos animais.

O sistema confinado, entretanto, permite também a facilidade na visualização de prejuízos, pois o animal doente ou com alguma necessidade irá se destacar dos demais. Em sistemas extensivos, a avaliação dos animais pelos funcionários se torna dificultada pelo efeito negativo ser distribuído uniformemente entre os animais, o que impede uma eficiência total do rebanho.

Conclusão

A pecuária em sistema de confinamento é uma atividade rentável e viável, tanto a curto quanto a longo prazo, oferecendo um rápido retorno do capital investido ao produtor rural. Todos os argumentos apresentados indicaram a pecuária em confinamento como uma atividade com alto potencial de atratividade para os produtores rurais.

Apesar da alta lucratividade, é importante analisar o sistema devido aos elevados custos de produção. Além disso, o produtor deve estar atento às tendências do mercado e ao ciclo da pecuária para obter bons preços na reposição dos animais abatidos. O sucesso da atividade depende da gestão eficiente dos recursos e da adaptação às mudanças do cenário econômico.

Referências

Barbieri, R.S; Carvalho, J.B.de; Sabbag, O.J. Análise de viabilidade econômica de um confinamento de bovinos de corte. Campo Grande, 2016. https://doi.org/10.20435/1984-042X-2016-v.17-n.3(01)

TAVARES, Barbara Lôbo Mulser. Adoção do uso de tecnologia: o impacto nos resultados da pecuária de corte no confinamento pontal. 2022.

GUIMARÃES, Letícia Alves; DE NARDI JUNIOR, Geraldo; OLIVEIRA, Paulo André. Análise E Viabilidade Econômica Em Um Sistema De Confinamento Para A Terminação De Gado De Corte Anelorado. Tekhne e Logos, v. 8, n. 1, p. 42-52, 2017.

Autores

Alice Andrade Nóbrega Ferreira, Carolina Araújo de Farias e Louise Cristine Carneiro de Almeida – Discentes da liga de Bovinos – LIBOVIS – do Curso de Medicina Veterinária da UFRRJ

Sob a supervisão de Ana Paula Lopes Marques e Clayton B. Gitti – Docentes e coordenadores da Liga de Estudos de Bovinos – LIBOVIS – da UFRRJ.