Diante da necessidade de se promover atividades cada vez mais voltadas à preservação do meio ambiente e dos recursos naturais, para que a produção agropecuária seja sustentável, é essencial que o produtor adote boas práticas hídricas na propriedade. Além da melhor gestão da água, o manejo hídrico é uma importante ferramenta para a preservação e conservação dos recursos naturais.
É com esse objetivo que, há dois anos, a Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos – SP), em parceria com a Nestlé, está monitorando o consumo de água de 60 propriedades leiteiras no País. O Programa de Boas Práticas Hídricas, que tem duração de quatro anos e busca levar a gestão da água para as fazendas leiteiras, tornando o uso desse recurso mais eficiente, registrou uma economia de cerca de 19 milhões de litros de água em 2020.
“Isso equivale à água ingerida por mais de 300 mil vacas em fase de lactação em um ano”, calcula Julio Palhares, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste. O monitoramento ocorre há dois anos em propriedades localizadas nos Estados de São Paulo, Paraná, Goiás e Minas Gerais e é realizado mensalmente por meio de hidrômetros instalados em vários pontos de consumo. Com a ajuda de técnicos, são feitas anotações em planilhas ou diretamente no aplicativo leiteria da Nestlé.
A partir de indicadores gerados, na segunda fase do programa serão propostas ações para melhorar a eficiência hídrica nas fazendas. Segundo a gerente de Desenvolvimento de Fornecedores e Qualidade da Nestlé Brasil, Barbara (falta o nome completo) monitorar a água com hidrômetros não é uma prática usual nas propriedades, o que faz dessa iniciativa uma inovação. “Essa parceria terá dados em larga escala para gerar pesquisas e propor ações de manejo sustentável desse recurso tão importante”, destaca.
O pesquisador da Embrapa lembra que manejos simples, como raspagem do piso e lavagem sob pressão, podem fazer a diferença na economia de água. “Detectar vazamentos também é uma prática bastante eficaz contra o desperdício. Outras medidas podem demandar mais de investimento, como a reutilização da água da lavagem da sala de ordenha para fertirrigação e sistema de captação da água da chuva, mas trazem retorno financeiro e ambiental”, informa.
Ele destaca ainda que, só com o monitoramento, já foi possível identificar ganhos de eficiência hídrica. “Em uma das fazendas, em sistema de semiconfinamento, onde o hidrômetro mede os consumos da água de lavagem do curral e da sala de ordenha, identificou-se uma redução de 36% no consumo de água. “Isso significa 3 mil litros a menos de água consumida em 2020, o que equivale ao consumo de uma família rural de quatro pessoas por uma semana”, compara. “Vale lembrar que o número de vacas em lactação e a produção de leite de 2019 para 2020 mantiveram-se iguais”, revela o pesquisador da Embrapa.