Sistema visa maior taxa de ganho médio diário dos animais ao longo do ano

Avaliada pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) – Colina, desde 2017, a Recria Intensiva a Pasto (RIP) tem sido uma estratégia eficiente que consiste em um programa de suplementação realizado com os animais em fase de recria, período da vida do animal após a desmama até a sua entrada no período de terminação ou engorda – o chamado “boi magro”.

Os números do estudo da RIP mostram que, nesse sistema, a quantidade de suplemento fornecido para o ganho de 1 arroba pelos animais pode variar de 90 kg a 100 kg. “Nosso objetivo estabelecido para os machos foi produzir mais em menos tempo, sem grandes oscilações de Ganho Médio Diário (GMD) na fase da recria”, destaca o pesquisador da APTA, Flávio Dutra.

Segundo ele, por ser a pasto, o custo da arroba produzida é menor do que o custo da arroba produzida no confinamento. “Ao chegar com mais animais pesados no fim da recria, a decisão passa a ser abater animais mais pesados ou reduzir o tempo de confinamento”, explica.

Já para as fêmeas, o grande desafio era garantir um GMD para atingir o peso alvo para serem inseminadas aos 14-15 meses de idade. “A solução foi encontrada com a adoção da RIP”, diz

O sistema

O pesquisador explica que, de uma maneira geral, o sistema da RIP consiste em conciliar o pasto com um maior nível de suplementação, geralmente 1% do Peso Vivo (PV) de oferta de ração. O resultado dessa conciliação é garantir uma maior taxa de ganho médio diário dos animais ao longo do ano e, com isso, encurtar o tempo médio de recria.

Na maior parte do Brasil, os bezerros são desmamados no período da seca, entre os meses de maio e junho. Em situações normais, segundo Dutra, a bezerrada perde peso após o desmame e, nessas condições, o tempo médio de recria passa de 12 meses, chegando a 24 meses

“Já na RIP, normalmente, a duração da recria cai para aproximadamente 8 meses e, com isso, associando com uma Terminação Intensiva a Pasto (TIP), é possível abater 100% dos animais em até 12 meses. Ou seja, com no máximo 20 meses de idade”, esclarece.

De olho na proteína

De acordo com o especialista, esse ponto é importante, pois o pecuarista precisa se preocupar com a qualidade dos suplementos que está adquirindo.. “Por se tratar de animais jovens, na RIP é fornecida mais energia a eles. Assim, não pode haver déficit de proteína para não ocorrer acúmulo de gordura”, orienta o pesquisador.

Para a médica-veterinária e coordenadora de produtos da Connan, Júlia Marques, por se tratar de proteína, o pecuarista precisa entender que terá três fases bem distintas no sistema – período das secas, água e outono.

“Esse ajuste dependerá da qualidade do pasto. Mesmo no período de águas, há grandes variações na proteína do pasto disponível aos animais. Cabe ao técnico responsável ajustar a proteína do suplemento para não prejudicar o crescimento animal”, recomenda a coordenadora.

Outras ações

Conforme cita a médica veterinária, outras ações, independentemente de ser RIP ou não, são obrigações do produtor, tais como as recomendações sanitárias, manejo diário dos animais, garantia de fornecimento de água de qualidade.

Nesse sentido, a infraestrutura da fazenda também precisa ser pensada, pois a logística de fornecimento de maiores quantidades de ração tem impacto significativo no custo de produção. “Nesse caso, o uso de cochos cobertos, com maior capacidade de armazenamento, para evitar desperdícios, facilita o operacional e traz vantagens competitivas ao sistema”, aponta.

Além disso, na avaliação da veterinária, o planejamento de compra de ingredientes para utilização nos suplementos é fundamental na obtenção de um custo médio melhor e determinante na tomada de decisão do uso da RIP.

Para ela, os principais desafios da RIP são soluções ligadas à logística de fabricação e distribuição de suplemento como peças fundamentais no sucesso da adoção da técnica. “O pecuarista precisa medir o consumo de suplemento e, baseado no desempenho animal, terá uma métrica importante que o ajudará na tomada de decisão. Ou seja, quantidade de quilo de suplemento consumido por arroba produzida”, conclui Júlia.

Com informações da assessoria de comunicação Connan