Dediquei minha vida à radiologia e inovação e é meu dever comentar alguma coisa sobre como tudo começou, fazer um pouco de história e, quem sabe, esta desperte o interesse de algum jovem profissional que queira ingressar no mundo do diagnóstico por imagem ou da inovação.

Nasci em Porto Alegre em 1952. Formei-me em medicina veterinária pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1974. Sempre primei por uma medicina veterinária de qualidade, acreditando no diagnóstico para o tratamento correto. Não era mais possível basear-se apenas no exame clínico, apesar da sua importância por sua soberania. Foram estes os grandes motivos que me trouxeram à São Paulo em 1975. Neste mesmo ano fui convidado para integrar a equipe profissional mais conceituada no meio equestre, recebendo a incumbência de instituir seu serviço de radiologia, sediado na vila hípica do Jockey Club de São Paulo.

Como descendente de germânicos, minha educação foi rígida. Tudo que começava precisava terminar e com qualidade. Alicerçado nestes princípios, desde o início foquei na excelência das imagens radiográficas, dando credibilidade aos meus diagnósticos. Fazer o que todos faziam não era meu propósito. Queria ser pioneiro e para isso buscava a inovação, introduzindo no Brasil exames mais completos e complexos, na época realizados nos Estados Unidos, por exemplo. Com isto consegui diagnosticar lesões não detectadas nos exames preconizados à época. Inicialmente minha presença era requerida no centro cirúrgico da Divisão de Assistência Veterinária do Jockey Club de São Paulo, com o intuito de orientar os cirurgiões quanto ao local da incisão numa articulação. O contraste numa articulação, artrografia, permitiu-me fazer o primeiro diagnóstico radiográfico no Brasil da sinovite vilo nodular, enquanto a clínica e a cirurgia desta mesma patologia ficaram a cargo dos colegas da equipe.

Foto: Raio x do esqueleto de um cachorro

Em 1987, irrequieto por gostar de novos desafios, virei a página da minha história, dando início ao diagnóstico por imagem em pequenos pets no Provet. Nesta época as controvérsias sobre a displasia coxofemoral eram enormes, o que me levou ao treinamento com o Prof. Wilhelm Brass, da Faculdade de Veterinária da Universidade de Hannover, Alemanha. Prof. Brass foi presidente e diretor científico da Federação Cinológica Internacional – FCI. Como tal, emitia laudos de displasia para muitos países do mundo, inclusive para o Brasil, onde era muito conhecido por desfrutar de alta reputação e credibilidade. Tudo indicou que meu treinamento com o Prof. Brass rendesse bons frutos, porque os laudos no Brasil, a partir daí, passaram a ser uníssonos.

Recordo-me da grande quantidade de cães displásicos, especialmente dos mais jovens e de grande porte, que passavam pela fase aguda do processo, sofrendo as fortes dores articulares. Muitas vezes, sem conseguirem se locomover, eram submetidos à eutanásia. Inconformado com esta situação, busquei resolver ou, quem sabe, minimizar tamanho sofrimento numa época em que pouco se podia fazer. Por obra do Divino tomei contato com dois dos primeiros produtos regeneradores osteoarticulares, inovadores, com quebra de paradigma, já que até então a cartilagem articular não seria regenerada. Na medicina humana à época nem se cogitava esta possibilidade. Enfim, adeus à eutanásia, tamanha a qualidade de vida dos cães, ao ponto de passar a importar estes produtos e demais do mesmo laboratório, tamanha sua excelência.

Da radiologia analógica, mediante revelação manual, seguida pela revelação automática, de maneira pioneira migrei para a radiologia digital ,para assim cumprir com a maior produtividade, acompanhada da qualidade que sempre almejei.

O diagnóstico por imagem no Provet teve início pela radiologia e a cronologia, a partir daí, se deu pela ultrassonografia, ecocardiografia, ressonância magnética e tomografia computadorizada. Quando o caso clínico tivesse que ser definido através destes meios diagnósticos, não existiam problemas que não fossem destrinchados.

Atualmente com 71 anos, estive à frente da imagem e/ou da gestão do Provet durante 32 anos. Aposentado e desligado completamente da empresa há 3 anos, não consegui parar. Irrequieto, prospecto dois novos projetos, mais uma vez inovadores. Através do primeiro produzo acessórios radiográficos, desenvolvidos por mim, porque inexistem no mercado ou porque existem, cuja qualidade poderia ser melhorada, já que qualidade sempre foi minha meta. O segundo projeto da atualidade, em busca de outros horizontes, é ligado ao agro, algo um pouco distante da minha formação profissional, apesar dessa tecnologia também ser aplicada em animais. Baseia-se na criação de algoritmos. Através dos mesmos são obtidas sequências de frequências, orientadas para algum  satélite geoestacionário, que devolve estas mesmas sequências, mediante as coordenadas geográficas, para qualquer cultura, fruticultura, pastagem ou reflorestamento, incluindo a mata nativa, com a proposta de aumento da sua produtividade. E para finalizar, comento que esta tecnologia é inovadora, única no mundo, com quebra de paradigma, podendo ser aplicada em qualquer lugar do planeta. Pelo fato de não prejudicar a vida do homem, dos animais e do meio ambiente, é ecológica e sustentável, tudo que o Universo mais pede na atualidade.

Edgar Luiz Sommer é Membro da Academia Paulista de Medicina Veterinária