Foto: Albertino Zamparetti – Embrapa

Os produtores da espécie de peixe de água doce mais cultivada no Brasil, a tilápia, com produção de 534 mil toneladas em 2021, ganham um reforço para acabar com entraves enfrentados nas fases de alevinagem e engorda dos animais, quando as taxas de mortalidade dos alevinos, por exemplo, pode alcançar 25% da produção.

A novidade para vencer as dificuldades na hora de acasalar matrizes e reprodutores sem consanguinidade, aumentando o potencial qualitativo e quantitativo dos plantéis é a ferramenta genética TilaPlus, desenvolvida pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília-DF) dentro da plataforma AquaPlus.

Destinada a atender os serviços de análise da espécie tilápia, esse ativo chega ao mercado com a aprovação de empresários e criadores responsáveis pela produção de 841 mil toneladas de peixes de cultivo – entre eles a tilápia, conforme levantamento realizado pela Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).

O TilaPlus, na prática, é um teste genômico útil para a análises de paternidade, parentesco, identificação individual e variabilidade genética para a tilápia (Oreochromis niticus), que pode ser aplicado no gerenciamento genealógico de plantéis de reprodutores. A exemplo de outras espécies aquícolas, a tilápia é muito prolífica e as formas jovens (larvas e alevinos) apresentam desafios para marcação e identificação individual devido o tamanho reduzido.

Segundo o pesquisador Alexandre Caetano, responsável pelo desenvolvimento do teste bem como dos demais serviços disponíveis na AquaPlus, esse tipo de problema é potencializado pela falta de boas ferramentas e processos para a gestão de pedigree dos reprodutores, o que leva a ocorrência de acasalamentos consanguíneos – seja para a produção de alevinos destinados à produção, ou aqueles à reposição de reprodutores. “Acasalamentos consanguíneos geram perdas produtivas nas fases de alevinagem, com a morte adicional de aproximadamente 25% dos alevinos, gerando também perdas de produção e produtividade, na engorda, que podem ser superiores a 10%, o que reflete na lucratividade dos produtores”, explica o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.

A partir do momento em que o produtor de tilápia passa a utilizar os serviços disponíveis no TilaPlus, terá respostas sobre o grau de parentesco entre as matrizes do seu plantel. Isso significa ter informações para planejar os cruzamentos das matrizes e, assim, aumentar o potencial genético do plantel, obtendo ganhos de produtividade. “Além disso, o TilaPlus também pode ser usado na análise de amostras de mais de um produtor, facilitando a troca/venda de matrizes com base na relação e estrutura genética dos plantéis”, observa o pesquisador.

Do recebimento da amostra até a entrega do resultado da análise, que leva em torno de sete dias, o produtor desembolsa R$90,00/reprodutor (amostra). Esse investimento, dependendo do volume de material enviado para os testes do TilaPlus, pode cair para até R$84,00/amostra, dependendo do volume de amostras testadas. Esse valor se deve ao material e equipamentos utilizados. “O uso da ferramenta em si tem um custo, pois os reagentes são importados e os equipamentos são caríssimos, sendo que no atual modelo de negócios da Embrapa com os setores produtivos, é necessário repassar parte dos custos ao produtor”, explica Alexandre Caetano.

Os valores da Unidade, no entanto, estão bem abaixo do praticado no mercado – que chega a ser 10 vezes maior e não oferta a interpretação de dados, entregando aos produtores somente as informações brutas referentes à genotipagem. Por outro lado, os serviços da Plataforma AquaPlus com o TilaPlus incluem todo o processo de extração do DNA, geração e análise de dados, bem como a apresentação do resultado de maneira simples para que o produtor possa se valer das análises genéticas no gerenciamento do plantel.

Com informações da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia