A garça-azul, conhecida em algumas regiões do Brasil como garça-morena (Pará) e garça-cinzenta (Recife, Pernambuco), possui o nome científico de Egretta caerulea. É uma ave aquática pertencente à ordem Pelecaniformes e família Ardeidae, que inclui os socós e as garças

Distribuição Geográfica

Essa espécie possui uma ampla distribuição, estando presente no Pantanal, Bacia Amazônica, Rio Grande do Sul e em todo o litoral brasileiro. No exterior é encontrada desde o sul dos Estados Unidos e América Central até a Colômbia, Peru, Chile, Uruguai, Guianas, Venezuela, Bolívia, Equador, Paraguai e Suriname.

Foto: Sávio Freire Bruno – Garça-azul (Egretta caerulea)

Características Morfológicas

A Egretta caerulea pode medir até 52 cm de comprimento, seu peso é de 320 gramas e apresenta uma envergadura de 100 a 105 centímetros. Estas aves não possuem dimorfismo sexual e são consideradas mais lentas em seus movimentos, comparadas a outras garças.

Quando adulta possui uma plumagem cinzenta-azulada (azul-ardósia) e a cabeça e o pescoço violáceos. Seu pescoço é longo e encurvado, no momento de voo, fica encolhido, e suas pernas esticadas.

Os olhos têm íris amarelada; o bico é longo e pontiagudo, acinzentado ou azulado com a ponta preta. Já as pernas são longas e esverdeadas, com o tarso e dedos anegrados.

Os filhotes, por sua vez, possuem a plumagem branca e após algum período, passam por um estágio de transição conhecido como “malhado”, em que a plumagem fica mesclada em tons de branco, cinza e azul que variam até a idade de um ano, quando se torna semelhante à plumagem do adulto.

Foto: Sávio Freire Bruno, 2015 – Garça-azul repousando sobre árvore, evidenciando sua coloração azul-ardósia e seus alongados bico e pernas

Hábitos e Alimentação

A garça-azul pode ser encontrada habitando manguezais, pântanos, represas, estuários, rios e lagos ao longo da costa. No Brasil, frequentemente são vistas em manguezais, pois é onde encontram uma grande diversidade de alimentos, já que sua alimentação inclui peixes pequenos, anfíbios, crustáceos, moluscos, vermes e outros invertebrados em bancos de lamas. Além disso, costumam aproveitar a maré baixa, quando capturam alimentos tanto de modo ativo, quanto de modo passivo, ficando imóveis à espreita de sua presa.

Reprodução

São aves que vivem solitárias ou em grupos de dois ou três indivíduos. O período de reprodução no sudeste do Brasil ocorre entre os meses de setembro a março. A garça-azul constrói o ninho de um a três metros acima da linha d’água, utilizando gravetos, localizando-o principalmente em manguezais, e então, a fêmea põe de dois a cinco ovos de coloração azul, os quais são incubados entre 25 e 26 dias.

Há raros registros de ocorrência de híbridos entre as espécies garça-azul (E. caerulea) e garça-branca-pequena (E. thula), os quais chamam atenção pelo padrão mesclado que não se modifica no período de muda.

Foto: Rafael Bessa, 2008 – Garça-azul em estágio juvenil, evidenciando sua plumagem esbranquiçada com alguns tons malhados em suas asas

Ameaças

De acordo com o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (2018), a Garça-azul está na categoria LC, sendo considerado um táxon menos preocupante em grau de risco de extinção. Entretanto, nos últimos anos, seu principal hábitat – o manguezal, tem sido ameaçado com as atividades de mineração, descarga de efluentes não tratados (domésticos e industriais), aterramentos, desmatamentos e ocupação inadequada.

A conservação dos manguezais é essencial para a sobrevivência tanto da E. caerulea, pois utiliza esse ambiente para a sua reprodução e montagem dos ninhos, quanto para a sobrevivência de outras espécies que dependem desse ecossistema.

Referências

Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: volume 1. 1° edição. Brasília – DF. ICMBio/MMA. 492 p.; 2018.

 Mancini, P. L. et al. Aves da Baia do Araçá e arredores. 1° edição. Patricia Lucia o Mancini. 108 p. São Paulo. 2017.

Mello, G.J.D.M. et al. Aves da Serra dos Órgãos e adjacências: Guia de Campo. 325 p. Rio de Janeiro. 2015.

Pinheiro, M.A.A. et al. Educação Ambiental sobre manguezais. Instituto de Biociências. 1° edição. 165 p. São Vicente, São Paulo. 2018.

Projeto Aves: Garça – azul. Agência Ambiental Pick-upau. Disponível em: https://www.pick-upau.org.br/ong/noticias/noticias_2019/2019.10.31_ong-materia-garca-azul/materia-projeto-ave-garca-azul.htm.

Sick, H. Ornitologia Brasileira. Editora Nova Fronteira. 3° impressão. 912 p. Rio de Janeiro. 2001.

Voitina, C. Aves Catarinenses. 2014. Disponível em: http://www.avescatarinenses.com.br/animais/1-aves/33-garca-azul.

Wikiaves: Garça-azul. Disponível em: https://www.wikiaves.com.br/wiki/garca-azul.

Sávio Freire Bruno é Professor Titular do Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, Faculdade de Veterinária, Universidade Federal Fluminense; Professor Colaborador do Curso de Ciências Biológicas e do Curso de Ciência Ambiental (UFF).
Ariana Maria de Lima Teófilo é Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas – Universidade Federal Fluminense.
Gabriella da Silva Pereira é Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas – Universidade Federal Fluminense.
Revisão de texto: Clarice Villac.
Foto de capa: Sávio Freire Bruno, 2020 – Garça-azul capturando um peixe em corpo hídrico