Segundo pesquisas, a estratégia de alimentação pré-parto contribui para a redução da ocorrência dessa doença
O bem-estar animal é, atualmente, um dos principais fatores que norteiam os produtores que pretendem atingir resultados expressivos, não só em viabilidade econômica como também no desenvolvimento sustentável da suinocultura.
Nesse viés, identificar as possíveis causas relacionadas ao prolapso de órgãos pélvicos (POP) em matrizes suínas, condição que tem se tornado um problema e, consequentemente, objeto de pesquisas em diversos países, já que a longevidade e a saúde das porcas estão diretamente ligadas à produtividade da atividade.
O prolapso de órgãos pélvicos em fêmeas é classificado em três categorias: o prolapso retal: mais comum após o parto ou no pico de lactação, quando a mucosa retal torna-se evertida através do ânus; o prolapso vaginal: mais comum no pré-parto, em que a vagina se projeta através dos lábios vaginais com o colo externo visíveis, e o prolapso uterino, que acontece logo após ou dentro de algumas horas após o parto: o colo do útero fica aberto e os cornos do útero ficam evertidos.
Segundo a médica veterinária e gerente de Sanidade na Topigs Norsvin, Heloiza Irtes Nascimento, as causas relacionadas ao POP em porcas ainda não estão completamente claras, mas muitos fatores já foram identificados. “Estudos conduzidos pela Iowa State University (Ross, 2019) identificaram que a qualidade da água nas granjas pode influenciar a ocorrência de POP”, destaca e acrescenta que granjas com fonte de água não tratada apresentaram maior risco para POP.
Esses estudos também demonstraram pouca ou nenhuma evidência da influência do tamanho do rebanho, do número de nascimentos totais e da intensidade de indução ou auxílio do parto na incidência de prolapso. “Em contrapartida, a proporção de prolapsos aumenta ligeiramente com a ordem de parto, e porcas que tiveram prolapso após o parto tiveram maior número de natimortos, um indicativo de dificuldade de parir”, informa.
Outro fator importante identificado, na opinião da especialista, foi a estratégia de alimentação pré-parto, uma vez que a utilização Bump Feeding durante o final da gestação foi associada à redução do POP. “Isso foi consistente com a observação de que porcas com pior escore corporal tiveram maior probabilidade de ter POP em comparação a porcas em boa condição corporal ou com excesso de peso”, completa.
A médica veterinária aponta também que o fornecimento de ração antes do parto para porcas também teve impacto. De acordo com os estudos, animais que receberam menos de 2,2kg de ração no pré-parto tiveram aumento significante da incidência de POP quando comparadas às porcas que receberam 2,5 kg ou mais de ração por dia.
Além de aspectos produtivos, características como o comprimento da cauda da porca, inchaço perineal e microbiota vaginal no final da gestação também foram avaliados por pesquisas diferentes, e observou-se que o comprimento médio da cauda das porcas no final da gestação não foi associado com a incidência de POP na granja.
”No entanto, tendo como base a mensuração individual, porcas que apresentaram prolapso tenderam a ter a cauda mais longa (6,4cm) quando comparadas com as que não tiveram prolapso (5,8 cm)”, explica e acrescenta que porcas com maior inchaço na região do períneo foram associadas com alto risco de apresentar prolapso, mas isso não necessariamente foi classificado como um fator predisponente.