Graduada em Serviço Social pelas Faculdades Integradas Maria Imaculada, com MBA em Gestão de Pessoas pela Anhanguera e MBA em Agronegócio pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP), Aretuza Negri, há três anos, tem atuado como influenciadora digital no agronegócio brasileiro, com foco em eventos do setor.

Nascida no interior do Mato Grosso do Sul e, há mais de 15 anos, radicada na cidade paulista de Piracicaba, considerada atualmente como o “Vale do Silício” brasileiro, por ser um polo de produção e de desenvolvimentos de inovações no agronegócio nacional, Aretuza é idealizadora do portal “Ela é do Agro!”, que tem, como objetivo principal, mostrar seus aprendizados no setor, além de apresentar os benefícios do agro e a valorização da cadeia como um todo. Em 1 ano de atividades, o portal atingiu a marca de quase 19 mil seguidores, recebendo aproximadamente 150 novos seguidores por semana, com alcance de cerca de 15 mil semanais.

Como você avalia a participação das mulheres no campo, tomando as decisões dentro e fora da porteira?

É uma crescente. As mulheres sempre estiveram presentes na agricultura, pecuária e nos demais assuntos do agro, mas as discussões e movimentos relacionados a atuação delas se intensificaram nos últimos 10 anos. Muitas participam de todos os processos de gestão da propriedade e carregam consigo a ideia de que não são do agro, mas que somente ajudam da forma que podem. Outras abraçam o mesmo pensamento, pelo simples fato de colaborarem com o agro, mas que não pertencem aos setor por conta de não estarem com as mãos na terra. Isso só mostra que devemos intensificar a criação de ambientes de discussão, em que as mulheres olhem para si e para outras como peças fundamentais para a construção do agronegócio brasileiro.

Quais, em sua opinião, são os principais benefícios que a presença feminina traz ao agronegócio brasileiro?

Muitas pessoas acham que as mulheres chegam para tirar o espaço dos homens no campo. Vejo que as mulheres chegam para complementar, com sua facilidade para análise, gestão e com perfil muito voltado para comunicação e diplomacia.

A comunicação do agro é algo que vem tomando força nos últimos anos e atualmente tem sido ainda mais importante, não só no quesito divulgação como também na parte de explicação, pois, por incrível que pareça, o agro, e seus benefícios para o país, são desconhecido para grande parte da população. Como uma comunicadora do agro e influencer do setor, o que você acha que precisa melhorar nessa parte, o que ela já contribuiu e ainda tem para contribuir para o setor?

O Agro tem que pensar em se comunicar para fora da porteira. Por muito tempo, houve comunicação “para” o agro. Temos que pensar em fazer uma comunicação “sobre” o agronegócio brasileiro. O contexto da pandemia nos trouxe isso. Fomos o setor que mais se destacou na economia, não houve problemas de abastecimento, mas, em contrapartida, fomos bombardeados por fakenews.

Infelizmente vários eventos do agro foram cancelados ou adiados por conta da pandemia. Como você tem expertise em eventos, como embaixadora e comunicadora de alguns dos mais importantes do setor, poderia comentar um pouco sobre os impactos e também qual sua atuação como embaixadora nas feiras?

Os eventos, principalmente as feiras, são de grande importância para marcas e produtores. Mas não podemos negar, que com a chegada do online, houve uma democratização no acesso a informações e produtos. Em 2020, os produtores tiveram oportunidade de acessar eventos que aconteciam a quilômetros de distância. Muitas pessoas me perguntaram se eu acreditava que seria o fim dos eventos agro. Afirmo, com toda certeza, que não. Os eventos sempre irão existir, pois somos humanos, apreciamos as relações, gostamos de ver como tudo funciona no ao vivo, mas acredito que será vantajoso para todos uma adequação aos eventos híbridos.

Sobre meu papel como Embaixadora, é uma honra poder dizer que em três anos de perfil “Ela é do Agro”, eu já fui nomeada três vezes como Embaixadora (uma feira, um prêmio e um congresso), e é um prazer enorme falar de causas em que acredito, e uma delas é o agro enquanto um setor que produz, é gerador de empregos e atua com sustentabilidade.

O que, em sua opinião, podemos esperar do Agro em 2021 e nos próximos anos, tanto no âmbito econômico quanto na questão da “comunicação”?

É fato que o agro vem ganhando destaque na economia desde 2017 e “salvando” o PIB desde então. Em 2020, mesmo em um cenário de pandemia, o agronegócio foi protagonista mais uma vez. Não tem como desacreditar no agronegócio nacional quando sabemos que é um setor extremamente competitivo no mercado internacional, então vejo que teremos um bom desempenho em 2021.

Em relação à comunicação, como mencionei, existe a necessidade de melhorarmos esse processo. Temos que sair para fora da porteira e mostrar para a sociedade como é produzir cada vez mais e com sustentabilidade. A pandemia nos trouxe várias reflexões sobre o assunto. Me apego a duas delas: a primeira é a que devemos trabalhar a união entre o “online e offline” (mídias tradicionais e mídias sociais), pois temos consumidores de conteúdo nos dois formatos e que devemos adotar uma linguagem mais educativa e menos defensiva. A outra é que, quanto mais falarmos sobre o lado positivo do agro, com uma linguagem que atinja todos, menos teremos que nos defender de ataques de pessoas desinformadas.

Fique à vontade para acrescentar o que achar necessário (Dica, conselho, etc.)

Falem sobre agro! Divulguem as boas práticas que vocês aplicam em suas propriedades. Quando as pessoas sabem a verdade dos fatos, não tem como cair no conto das “fakenews”.