Graduada em medicina veterinária pela Universidade de Uberaba (UNIUBE), Helena Leonel Curi é responsável pelo trabalho de seleção e melhoramento genético de um plantel da Raça Sindi. Além disso, a profissional, que nasceu na fazenda e, quando criança, tinha como hobby andar atrás dos animais da propriedade, cuidando de cachorros, domando cavalos, mulas e gado de pista, também trabalha no processo de multiplicação de cruzamentos da raça de dupla aptidão na Fazenda Porangaba, em Jardinópolis/SP.

– Quais as atividades que você desenvolve no seu dia a dia na fazenda?

Moro na Fazenda Porangaba e sou responsável pela sanidade, reprodução, seleção e melhoramento do gado Sindi. Na minha rotina de trabalho, atuo desde a escolha dos acasalamentos, seleção dos melhores bezerros da era, até a preparação para as principais pistas de julgamento. Além disso, também participo de leilões, coordenando a equipe, e apresento meus animais para os jurados durante as exposições.

– Sobre a raça, quais, em sua opinião, são os principais diferenciais e como ela pode contribuir para o desenvolvimento do setor?

A raça Sindi é extremamente rústica, o que agrega muita precocidade, além de ter alta habilidade materna, com muito leite.

Sua mansidão facilita o manejo e, por ser uma raça resistente, ela se adapta aos mais diversos climas, até mesmo os mais desafiadores como Semiárido Nordestino mantendo condição para ser produtivo e se reproduzir.

Pela pureza racial e a dupla aptidão evidenciada, a heterose em cruzamentos é altíssima, e outra característica que podemos destacar é que, animais precoces como o Sindi, contribuem para um ciclo rápido, podendo garantir a entrega de carne de qualidade em menor tempo, com menor gasto de produção e, por terem frame moderado, ainda é possível colocar mais animais por hectare.

– Como você avalia o momento atual da pecuária nacional? Como, em sua visão, a pandemia impactou nesse setor? E o que você acha que pode ser feito para que a atividade continue a crescer de forma sustentável e produtiva?

Atualmente, a carne brasileira tem sido muito procurada. Os impactos da pandemia, que foram sentidos em muitos outros segmentos produtivos e, consequentemente, na economia, não foram tão significativos no nosso setor. Podemos até dizer que teve efeito contrário, pois o que estamos vivendo agora, por conta do coronavírus, contribuiu para essa demanda atual enorme que o Brasil tem condições de suprir, pois o Agro brasileiro não parou e não vai parar.

No meu ponto de vista, o ponto chave para que a pecuária continue crescendo, é o investimento dos pecuaristas em tecnologia, gestão, profissionalização e genética de animais produtivos, que vão proporcionar um menor custo de produção, maior rentabilidade e sustentabilidade do negócio. O boi do futuro é aquele que chega ao ponto de abate mais rápido e com menos exigência nutricional.

 

– A cada dia, podemos notar que a participação das mulheres no campo está mais ativa, presente e promovendo muitas melhorias no segmento. A que você credita esse novo momento? Quais, em sua opinião, são as principais contribuições das mulheres, tanto da porteira para dentro quanto da porteira para fora?

A crescente presença das mulheres no agro é fruto de uma luta por igualdade e, também, por mérito de todas as mulheres guerreiras que mostraram que o lugar delas é onde elas quiserem.

As contribuições femininas sempre estiveram presentes, porém, atualmente, isso vem sendo evidenciado com mais intensidade, tanto da porteira para fora quanto para dentro. Nós temos mostrado no dia a dia do campo que possuímos habilidade, talento, conhecimento e competência para exercermos com excelência todo tipo de função e superarmos qualquer desafio.

– Um conselho ou dica para quem pretende viver da pecuária.

Gostaria de deixar uma dica para você, mulher, que quer iniciar carreira na pecuária. Comece! Mas comece com paixão, muito estudo e garra. Com isso, você conseguirá alcançar seus sonhos.