Engenheira Agrônoma formada pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Mestre em Fitotecnia pela Universidade de Brasília (UnB) e Docente em Educação Ambiental da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEE/DF), Karina Tittoto Melo tem, em sua base familiar, uma forte relação com as coisas do campo, além de ser uma grande colaboradora para o desenvolvimento da agropecuária nacional.

Atualmente, ela trabalha como Diretora de Relacionamento com os Associados da Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol (ABCBSENEPOL), integra a Secretaria de Projetos (Núcleo Feminino – ABCBSENEPOL), e também é proprietária do Criatório Senepol JK, no Estado do Tocantins. Conheça um pouco mais da história e relação dessa empreendedora com o agro brasileiro.

Como foi seu ingresso nas atividades no campo e qual sua relação com o agronegócio?

As atividades do campo fazem parte da minha vida desde a infância, quando já acompanhava meu pai, Nivaldo César Tittoto, nas atividades da Fazenda. Como minhas raízes sempre estiveram fincadas no campo, posteriormente, para dar continuidade aos estudos, cursei Agronomia, em busca de realização profissional. A sucessão acabou acontecendo bem antes do esperado, com o falecimento do meu Pai (aos 63 anos de idade), em 2011. Desde então, passei a administrar nossa propriedade voltada para a pecuária, sempre em busca de inovação, buscando mais genética e tecnologia para nossa região.

Quais as atividades que você desenvolve no seu dia a dia na fazenda?

Atualmente gerencio três propriedades no Estado do Tocantins (Fazenda Água Dourada, Agropecuária JK e Agropecuária JK II), além do Criatório Senepol JK. Participo de praticamente todas as atividades das fazendas, desde contratação de funcionários, compra de equipamentos e insumos, até planejamento e execução de reformas de pastagens, ILP, incluindo manejo, avaliação, abate do gado comercial e venda de animais PO’s.

Sobre a raça, quais, em sua opinião, são os principais diferenciais e como ela pode contribuir para o desenvolvimento do setor?

Trabalhamos com o cruzamento industrial (Senepol x Nelore), desde 2013. Logo nos primeiros nascimentos, tivemos a certeza de que o Senepol havia chegado para ficar em nossa propriedade. A facilidade no manejo, desmamando bezerros mais dóceis e pesados, super precoces, praticamente eliminando a recria e aumentando o fluxo dos animais da Fazenda, refletem em aumento do fluxo de caixa e grande satisfação pelo nosso trabalho.

Hoje já estamos comprovando a qualidade do nosso trabalho, colocando no mercado carnes Premium, a caminho da certificação, sendo assim, mais uma opção para este setor tão diferenciado.

Como você avalia o momento atual da pecuária nacional? Como, em sua visão, a pandemia impactou nesse setor? E o que você acha que pode ser feito para que a atividade continue a crescer de forma sustentável e produtiva?

Com o aumento da demanda pela carne brasileira, a pecuária nacional também vem buscando incorporar genética e tecnologia ao seu rebanho. Os impactos da Pandemia do Coronavírus (tão desafiador) em nosso setor, acabaram sendo positivos. As exportações da carne brasileira continuaram em alta, a busca e o consumo da carne de qualidade no mercado nacional estão em plena ascensão.

Isso acaba sendo um combustível para nosso setor, pois faz com que o pecuarista procure se informar e aperfeiçoar seu trabalho dia após dia, aumentando a nutrição dos solos e o piqueteamento dos pastos, para que sejam rotacionados, favorecendo a colheita de um capim diferenciado para a conversão de uma proteína de qualidade, trazendo água limpa e encanada para bebedouros, preservando nascentes e riachos. Essas atitudes têm contribuído para que a pecuária brasileira se torne cada vez mais produtiva e sustentável.

A cada dia, podemos notar que a participação das mulheres no campo está mais ativa, presente e promovendo muitas melhorias no segmento. A que você credita esse novo momento? Quais, em sua opinião, são as principais contribuições das mulheres, tanto da porteira para dentro quanto da porteira para fora?

Acredito e me sinto parte desse momento. Além de acompanhar os trabalhos de outras criadoras de Senepol (Núcleo Feminino – ABCBSENEPOL), faço parte dos grupos das Mulheres do Agronegócio do Tocantins (MAT), do DONNA (coordenado pela pecuarista Consolata Piastrella), que é composto por mulheres de todas as áreas do Agronegócio e de todos os cantos do País, e também participo anualmente do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), que é uma verdadeira inspiração, onde temos a oportunidade de trocar experiências entre as mais diversas áreas do agronegócio.

As mulheres, que têm trabalhado com tanta dedicação, organização, coragem e profissionalismo, estão comprovando, em todas as frentes de trabalho, que podem e devem fazer parte deste setor, que ainda tem muito para crescer.

Fique à vontade para acrescentar algo que achar necessário, um conselho, dicas para quem pretende viver da pecuária, entre outras coisas.

Finalizo parabenizando os homens e mulheres que trabalham com o agronegócio no Brasil, que estão oferecendo o melhor de si e demonstrando o potencial e o quanto podemos agregar para o desenvolvimento da nossa nação de forma produtiva e sustentável.