Formada em Relações Públicas pela Pontifícia Universidade Católica Campinas (PUC), Talita Costa Garcia iniciou a carreira profissional na área de Marketing da Red Bull do Brasil. Em seguida, passou a atuar no mercado de Recrutamento & Seleção em uma Consultoria de Executive Search, em São Paulo.

Em 2014, com saudades das “coisas do campo”, retornou ao interior de São Paulo para auxiliar na gestão dos negócios da família voltados à agricultura e pecuária.

Atualmente compartilha a gerência do criatório de seleção genética da raça Senepol, na Fazenda Bela Vista Senepol, em Jaboticabal, além do projeto de produção de bezerros de cruzamento industrial, na Agropecuária Terra Vermelha.

Quais as atividades que você desenvolve no seu dia a dia na fazenda?

Em minha rotina diária, me divido entre as atividades administrativas do escritório e execução dos processos nas propriedades. Somos uma empresa familiar e meu trabalho está mais focado na pecuária, tanto do gado PO quanto do gado comercial.

Sou responsável pelo planejamento e acompanhamento nutricional, manejo sanitário e calendário reprodutivo dos animais. Também estou à frente das atividades comerciais e de marketing.

Sobre a raça, quais, em sua opinião, são os principais diferenciais e como ela pode contribuir para o desenvolvimento do setor?

Acredito no potencial do Senepol diante da necessidade de ganho de eficiência em produtividade na pecuária do Brasil. Em um país onde a maioria das propriedades utiliza a monta natural para reprodução, o Senepol se destaca como taurino adaptado e precoce com extrema habilidade para cobertura à campo. A heterose obtida através do meio-sangue Senepol permite reduzir o tempo necessário para abate, ter um excelente ganho de peso, facilidade de manejo por seu um gado muito dócil, além de produzir carne de alta qualidade.

Como você avalia o momento atual da pecuária nacional? Como, em sua visão, a pandemia impactou nesse setor? E o que você acha que pode ser feito para que a atividade continue a crescer de forma sustentável e produtiva?

A pecuária é uma das principais atividades do país, além de responsável por uma parcela bem significativa do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.

Embora a pandemia tenha refletido negativamente em vários setores da economia, a pecuária brasileira bateu recordes de produção e exportação em 2020. Com o aumento da demanda por alimentos no exterior devido a fatores econômicos, políticos e climáticos, pudemos contribuir com o fornecimento de carne, evidenciando ainda mais a eficiência do nosso setor.

Ainda há muito o que melhorar, mas na minha opinião o caminho é ajustar os processos da porteira para dentro, visando sustentabilidade econômica, ambiental e social das propriedades.

Precisamos nos comunicar melhor com a sociedade para mostrar a eficiência da nossa atividade. Além disso, é necessário o fortalecimento das relações entre a cadeia, permitindo uma parceria de ganha-ganha entre produtor/frigorífico/varejo.

A cada dia, podemos notar que a participação das mulheres no campo está mais ativa, presente e promovendo muitas melhorias no segmento. A que você credita esse novo momento? Quais, em sua opinião, são as principais contribuições das mulheres, tanto da porteira para dentro quanto da porteira para fora?

O Agronegócio ainda é um setor predominantemente masculino mas, ultimamente, muitas mulheres que sempre foram atuantes começaram a se unir e incentivar outras que estavam fora do setor. As redes sociais e o aumento da tecnologia no campo acabaram atraindo este público que veio para somar, tanto dentro quanto fora da porteira.

Vejo que a mulher traz um olhar bem minucioso para sustentabilidade e busca por novas tecnologias. Acredito no trabalho em parceria entre ambos os sexos visando produtividade e evolução.

Fique à vontade para acrescentar algo que achar necessário, um conselho, dicas para quem pretende viver da pecuária, entre outras coisas.

Estude, tenha bons relacionamentos e esteja em constante evolução, porque o setor requer pessoas dinâmicas e flexíveis e, sobretudo, faça com coração, afinal o objetivo dessa atividade é muito nobre: alimentar pessoas.