Foto: Mário Porto

Apesar de muita gente imaginar ser uma atividade recente, os registros da criação de peixes datam desde 2000 AC, quando os chineses iniciaram a domesticação da carpa comum. Os mesmos, 500 anos depois, foram responsáveis por elaborar a primeira cartilha que descrevia a criação da espécie, que segundo o autor, era a fonte da sua boa saúde (Lucas e colaboradores, 2019). Daí em diante a atividade passou do caráter doméstico, subsistência, para a aquicultura industrial como vemos atualmente.

Aqui no Brasil, a chegada da atividade foi bem mais tarde, no século 17, mas adquiriu caráter comercial somente na década de 1970 (Valenti e colaboradores, 2021). Portanto, aqui no nosso país, a aquicultura pode ser considerada uma atividade recente, jovem, e, portanto, com muita capacidade de crescimento.

O interesse no Brasil pela aquariofilia, o hobby que envolve a criação e manutenção, para fins de lazer ou de entretenimento, espécies aquáticas para fins de ornamentação, com fins decorativos, ilustrativos ou estéticos, vem desde a primeira exposição da Independência em 1922, no Rio de Janeiro. Na ocasião, os japoneses expuseram seus aquários, o que gerou grande impacto pela beleza nos frequentadores do evento, sendo o pontapé inicial para os primeiros aquaristas nacionais (França, 2017).

Atualmente, a aquariofilia e a ornamentação de organismos aquáticos são atividades socioeconômicas de importância cada vez mais relevantes frente à sociedade. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o comércio mundial de peixes ornamentais tem crescido expressivamente nas últimas décadas, especialmente pela verticalização das cidades. Por exemplo, entre 2000 e 2011, as exportações globais de peixes ornamentais aumentaram de US$ 181 milhões para US$ 372 milhões, mostrando a força crescente da atividade (FAO, 2020).

E informações mais recentes, de 2018, retratam que a atividade econômica de criação e cultivo de tais organismos aquáticos apresentou-se bem estabelecida e amplamente distribuída em todo o mundo, sendo os peixes o principal grupo aquático cultivado para comercialização como animais de companhia. Portanto, a indústria do aquarismo, representa cada vez mais um importante setor no mercado mundial de peixes (FAO, 2020; Rezende e Fujimoto, 2021).

Inclusive, tal força pode ser observada no ranking dos principais peixes cultivados no mundo pela aquicultura. Nota-se que diversos são usados a cunho ornamental, como cinco espécies diferentes de Ciprinídeos, ou carpas, popularmente conhecidas como carpa-capim (Ctenopharyngodon idella), prateada (Hypophthalmichthys molitrix), comum (Cyprinus carpio), cabeça Grande (H. nobilis) e a indiana (Catla catla), além do gênero Carassius spp., que possui como espécie o Carassius auratus, conhecido popularmente como kinguio, peixe-dourado ou Japonês (FAO, 2020). Outro ciprinídeo comumente utilizado na ornamentação é o Zebrafish (Danio rerio), comumente chamado de Paulistinha.

E no Brasil não é diferente. Observa-se a mesma tendência mundial, com o crescimento gradual da piscicultura ornamental, ganhando mais espaço, e a tecnificação da cadeia para suprir a demanda de mercado, em busca por animais de melhor qualidade, além de insumos e sistemas com inovações tecnológicas. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) (ABINPET, 2021), a população de peixes ornamentais no país em 2019 relacionadas ao setor pet somaram em torno de 19,4 milhões, ocupando o 4° lugar no ranking, atrás de cães, aves canoras e ornamentais e gatos. No mesmo ano, o Brasil figurou como o 15º país exportador de peixes ornamentais, comercializando o equivalente a US$ 6,790 milhões (International Trade Centre, 2020). E em 2020, o crescimento acumulado do tamanho populacional foi em torno de 2,6% (ABINPET, 2021).

Mas antes de explicitarmos a cadeia brasileira, é de grande importância o conhecimento de algumas legislações, que promovem a organização e funcionamento de tal mercado:

  • Portaria SAP/MAPA no 17/2021 (Brasil, 2021), que trouxe normas, critérios e padrões para o uso sustentável de peixes nativos de águas continentais, marinhas e estuarinas, com finalidade ornamental e de aquariofilia.
  • Instrução Normativa MPA nº 16/2014 (Brasil, 2014a), que estabeleceu os critérios e procedimentos para concessão de autorização de captura de exemplares selvagens de organismos aquáticos para constituição de plantel de reprodutores em empreendimentos de aquicultura;
  • Portaria MMA nº 445/2014 (Brasil, 2014b) e suas atualizações mais recentes, que veio reconhecer as espécies de peixes e invertebrados aquáticos da fauna brasileira ameaçadas de extinção, que só podem ser utilizadas para fins de pesquisa ou para a conservação da espécie, mediante autorização dos órgãos responsáveis.

Foto: Mário Porto

Produção brasileira de ornamentais: exemplos

Alguns estados brasileiros apresentam destaque na produção de peixes ornamentais. Por exemplo, Belém (PA), Manaus (AM), Fortaleza (CE), Vitória (ES) e Goiânia (GO) atuam como polos de exportação de organismos aquáticos com fins ornamentais e de aquariofilia (BRASIL, 2018); na região Sudeste, considera-se a mesorregião de Muriaé (MG) e o interior do Rio de Janeiro (região de Magé e Cachoeira de Macacu) como polos de aquicultura de organismos continentais. Quando se considera a atividade pesqueira ornamental extrativista, as Regiões Norte e Nordeste do Brasil têm destaque, onde diversas espécies-alvo são de grande interesse de aquicultores, principalmente os estrangeiros (Rezende e Fujimoto, 2021).

Um dos estados destacados é o Ceará, impulsionado por características ambientais favoráveis à produção e incentivo público (Albuquerque-Filho, 2003), como comentado pelo Msc. Thiago Lima de Carvalho, engenheiro de pesca com 15 anos de experiência em reprodução e alimentação de peixes ornamentais no Estado: “Atualmente existem aproximadamente 40 criadores cearenses, reunidos em formato de associação, que produzem cerca de 300 espécies de peixes de água doce, destinadas principalmente para o mercado interno, e 30 espécies de peixes marinhos, que são exportadas para os EUA, Ásia e Europa, assim como as espécies amazônicas. De acordo com um destes exportadores, estima-se que as exportações cearenses tendem a alcançar um patamar entre US$ 100 mil e US$ 120 mil mensais atualmente”.

O engenheiro de pesca ainda cita que a legalização dos pequenos produtores ainda é um dos maiores problemas para a cadeia produtiva do estado, uma vez que grande parte dos produtores ainda não são legalizados. Assim, é impossibilitado o acompanhamento real estatístico da produção e da comercialização desses animais, prejudicando o setor, trazendo menos investimentos do setor público na cadeia produtiva.

E destaca que a demanda do mercado interno ainda é por peixes exóticos, principalmente de países asiáticos, como os kinguios, carpas, bettas, barbos e suas variedades – sendo as espécies mais produzidas e vendidas juntamente com os poecilídeos nativos da América do Sul, como guppies, platis e espadas, atingindo em torno de 70% das vendas. E para ele, “a produção de espécies nativas da bacia amazônica tem um forte potencial e grande aceitação, como as espécies de acará-bandeira, acará disco e apistogramas, e os cascudos são bastante apreciados pelos aquaristas – porém, a grande maioria ainda é proveniente da captura na natureza. A falta de tecnologia e conhecimento para a reprodução dessas espécies ainda é um entrave”.

Outra região interessante, com particularidades características, é o Estado do Amazonas, totalmente localizado dentro da Bacia Hidrográfica Amazônica, a maior do mundo e com a maior diversidade de espécies de peixes de água doce. “O comércio local é expressivamente proveniente da pesca extrativista de espécies endêmicas, que torna o Estado um dos maiores exportadores destas. Junto ao Estado do Pará, são responsáveis por até 79% das exportações no país anualmente, e tal comércio no Amazonas registrou valores próximos a 2 milhões de dólares em 2021. Dentre as espécies mais capturadas e comercializadas no Estado estão o cardinal (Paracheirodon axelrodi), neon verde (Paracheirodon simulans), rodóstomo (Hemigrammus bleheri), três espécies de limpa-vidros (Otocinclus affinis, Otocinclus hoppei e Otocinclus vittatus), o borboleta (Carnegiella strigata) e coridora (Corydora schwartzi), sendo o cardinal o mais importante, representando 65% da quantidade de exemplares comercializados. E apesar de alguns estudos, pouco se conhece sobre o efeito da pesca extrativa sobre os estoques naturais”, explica o Dr. Thiago Mendes de Freitas, biólogo, docente do Programa de Pós-graduação em Aquicultura da Universidade Nilton Lins, em Manaus/AM e pesquisador da área.

Ainda, Thiago aponta que as exportações no estado vêm diminuindo nos últimos anos devido à falta de técnicas de produção intensiva e protocolos de reprodução, larvicultura e melhoramento genético para as espécies amazônicas, juntamente ao elevado investimento em pesquisa em países que importam tais animais, como no Sudeste Asiático, Europa e América do Norte. Como exemplos, observa-se que na República Tcheca, Vietnã e Indonésia já há produção do cardinal tetra, desenvolvendo até mesmo novas variedades, assim como ocorre com o acará-disco, principalmente em países como Cingapura, Tailândia, Estados Unidos e Alemanha.

Além disso, segundo Dr. Thiago, há a proibição da produção de espécies de peixes exóticas no Amazonas, sendo irregularidades ambientais o exercício da aquicultura sem a devida licença, permissão ou autorização ambiental, além da introdução de espécies exóticas e/ou híbridos de espécies alóctones. Desta forma, não há registros oficiais da piscicultura ornamental de espécies exóticas, mas sabe-se que existem pequenos produtores que comercializam espécies exóticas, como carpas coloridas, kinguio, beta, entre outras. “Ao dizer “peixe ornamental”, a população espontaneamente associa a peixes de tamanho pequeno e cores variadas”, cita o pesquisador.

O Estado do Rio de Janeiro é outro destaque que pode ser citado. Os biólogos Everton Santos e Wilson Vianna relatam que o Estado possui clima propício, qualidade de água excepcional, mercado em ascensão e com capacidade de geração de emprego e renda. Além disso, o conjunto de esforços no Estado nas áreas de pesquisa e extensão, através de seus órgãos estaduais, como a Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ/RJ), auxiliaram na implantação de melhor logística e tecnologia na criação. Além disso, é um polo grande de distribuição do produto, como São Paulo.

Um exemplo de sucesso fluminense da atividade é o do produtor Mário Porto, engenheiro de pesca, que possui propriedade na região de Cachoeiras de Macacu, região conhecida por ser polo de ornamentais. Ele, que desde a década de 90 é produtor de peixes ornamentais, especialmente o kinguio e variedades de carpas. O produtor relata que, salvo algumas exceções, a maior parte dos peixes ornamentais do Brasil continua sendo criada de forma bastante amadora, em sistemas similares há 30 anos atrás, e corrobora com a informação de uma alta procura por esses animais no período pandêmico. “Ocorreu um aumento de procura por nossos peixes no primeiro ano, provavelmente porque as pessoas estavam mais em casa e quiseram arrumar seus aquários e lagos – e nós nos empenhamos para conseguir atender a essa procura”, cita o produtor.

Mario Porto comenta que os peixes ornamentais são muito mais sensíveis que os peixes de corte, e traz algumas dicas: “O ambiente varia de acordo com a espécie e os procedimentos devem ser muito mais controlados. O manejo deve ser cuidadoso, para não machucar o peixe ou comprometer sua coloração, e o controle da qualidade de água é essencial. Pelos peixes estarem nadando embaixo da água, é difícil identificar sempre doenças ou problemas que possam ocorrer. Portanto, é necessário estar atento em todas as etapas do processo”.

Além disso, é importante selecionar manualmente e com cuidado os peixes nas diversas etapas, um a um, assim como trabalhar com a criação de um ambiente saudável, aumentando a imunidade dos peixes para que doenças não se proliferem. Aponta ainda que outro ponto de controle importante é o descanso. “Em diversas etapas do processo, os peixes precisam de tempo para se adaptar a um novo tipo de ambiente e fazemos isso de forma gradual”.

E segundo ele, ainda há entraves para o crescimento de mercado e ampliação da criação e produção de peixes ornamentais no Brasil. “A produção de peixes ornamentais é algo bem complexo e os desafios estão presentes em diversas etapas do processo, começando por encontrar uma área com características adequadas a criação de peixes, a legalização da empresa, legalização perante os órgãos ambientais e a questão administrativa da empresa no geral”, disse.

Thiago Mendes retrata que um dos grandes desafios é relacionado às técnicas de reprodução, larvicultura e nutrição das espécies, principalmente daquelas carnívoras que são dependentes de alimento vivo e dificilmente aceitam dietas inertes. Segundo ele, “é necessário investimento em pesquisas com as espécies de interesse e consequente desenvolvimento de protocolos de produção a partir destes estudos, além de um amplo diagnóstico da produção e comercialização dos peixes ornamentais pelo Brasil, cujos resultados poderiam direcionar os incentivos públicos/privados e legislação específica para o setor, uma vez que, os dados são escassos e não representam a realidade atual da cadeia produtiva de peixes ornamentais no Brasil”.

Outro ponto citado é que não existe pacote de produção definido, cada espécie é diferente da outra. “Existem poucas rações específicas para o segmento e pouca bibliografia especificada. Tudo tem que ser adaptado, inventado e descoberto pelo criador. A mão-de-obra tem que ser treinada e a logística de distribuição, desenhada. E existe a necessidade de investimentos constantes em infraestrutura, com resultados nem sempre de acordo com o esperado”, comenta Mario Porto. “São muitos imprevistos sempre, pois, além de toda volatilidade de qualquer empresa, estamos lidando com um ser vivo, que se estressa, adoece, morre ou simplesmente não nasce da cor que planejamos.”

Colaborando para a dificuldade de crescimento no mercado interno, as lojas que vendem de peixes muitas vezes não possuem pessoas especializadas para obtenção das informações adequadas: como criar aquele animal e mantê-lo dentro de um ambiente, garantindo-lhe bem-estar? Pois, cada espécie é única, e o manejo inadequado pode resultar na morte do mesmo, o que faz o cliente desistir de ter outros organismos aquáticos ornamentais e desiste do aquário. “Isso prejudica o mercado como um todo”, comenta Mario Porto.

Foto: Mário Porto

Espécies ornamentais mais comuns

Wilson aponta que em um universo de muitas espécies de ornamentais cuja explotação e ornamentação são permitidas, de acordo com a legislação vigente, muitas são as espécies que podemos chamar de líderes de vendas. Entretanto, peixes considerados mais caros, dificilmente tornam-se comuns na venda, dando espaços a comercialização das espécies relativamente menos onerosas, e já bem consolidadas no mercado interno brasileiro.

Geller e colaboradores (2020) destacam que as cinco espécies iniciais mais escolhidas dos aquaristas brasileiros são o peixe “betta” Betta splendens, “kinguio” ou “dourado” Carassius auratus, “guppy” Poecilia reticulata, “Platy” Xiphophorus maculatus e o “Paulistinha” Danio rerio. Ainda pode ser destacado a carpa colorida ou koi Cyprinus carpio (Rezende e Fujimoto, 2021).

O “betta”, devido ser um peixe resistente, colorido e de fácil criação, é muito comum nas vendas. Não precisam de aquários grandes e equipamentos como filtros ou compressores de ar para a manutenção em cativeiro, pela sua forma de respiração diferenciada (aérea), tornando menos trabalhoso e custoso a manutenção da espécie. Além disso, como os machos são territorialistas, acabam por ser agressivos com outros indíviduos da mesma espécie, fazendo com que os aquaristas iniciantes – que não tem como foco a reprodução – comprem apenas um animal.

Thiago Carvalho corrobora com a informação, e diz que o animal é “de fácil cultivo, necessitando de pouco manejo, como trocas parciais de água (TPA’s) semanais e ração de duas a 3 vezes ao dia. No entanto, deve-se acompanhar os parâmetros de água, para boa manutenção e evitar o acúmulo de compostos orgânicos como a amônia, que pode levar a intoxicação e a morte desses animais”.

Os peixes da linhagem “guppy” também são de fácil criação, manutenção. Também não exigem muitos equipamentos para o aquário, e são resistentes a variações ambientais. Podem ser usados em aquários coletivos, com outras espécies, e são capazes de reproduzir naturalmente no aquário, gerando proles continuamente.

Os kinguios (Carassius auratus) são outros que possuem alto índice de aceitação no mercado, e de acordo com o biológo Wilson Vianna, “existe também o fator modismo: algumas espécies aparecerem (geralmente vindas do exterior) e causando uma corrida porque é novidade e fica em evidência por um longo tempo”.

Para se profissionalizar no ramo e se tornar um produtor de ornamentais, o extensionista Everton aponta é necessário possuir um cadastro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) através do SisRGP (Sistema Informatizado do Registro Geral da Atividade Pesqueira) e a licença de aquicultor, obtida também na mesma plataforma. Também, deve estar atento à alguns procedimentos antes de iniciar a atividade de produção. A obtenção da licença ambiental do seu empreendimento é ponto fundamental, procurando a Secretaria Municipal ou Estadual de Meio Ambiente da região. E para comercialização, o produtor deve cumprir com todas as normas vigentes, tais como, Cadastro Técnico Federal obtido no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), nota fiscal do produto (através da Secretaria de Fazenda do seu estado) e todas as guias de trânsito relativas às espécies comercializadas (Guia de Transporte Animal, exceto quando o transporte compreender o trecho entre o local de pesca e o primeiro ponto de comercialização, ou no caso do transporte ser entre um comerciante e o consumidor final – e este último não exercer atividades pesqueiras com fins comerciais do (s) organismo (s) em questão (Brasil, 2021)). “Ainda, é primordial que o produtor procure assistência técnica ou consultoria especializada (privada ou pública) com conhecimento para capacitar e instruir os piscicultores nas operações de criação e manejo sustentável da atividade”.

No caso de se tornar um aquarista, é fundamental que o tamanho do aquário dependa do tipo de peixe e quantidade que o criador gostaria de ter. Isso influencia diretamente no oxigênio necessário para a atividade biológica do aquário, incluindo peixes, microorganismos e plantas, e a necessidade de equipamentos para controle de temperatura, iluminuação, filtro de sólidos e biológico para remoção de restos de ração e fezes e amônia, respectivamente, que são produzidos normalmente pelos peixes. Um aquário que chame a atenção é aquele com peixes de cores variadas, água límpida, boa ornamentação – a iluminação é a chave para destacar o aquário no ambiente. As luzes (adequadas) deixam as cores dos peixes e do ambiente aquático em evidência.

Mas aqui vai um cuidado para o iniciante: o erro primário de todo aquarista, inciantes e avançados, é negligenciar o controle dos parâmetros ambientais, como temperatura, pH, alcalinidade, compostos nitrogenados, salinidade (no caso de aquários marinhos), que podem afetar o comportamento, coloração e em último caso, até mesmo, causar mortalidades. É importante que os aquaristas se atentem a essas características “invisíveis” da água, e normalmente kits de análise de água e alguns equipamentos medidores são vendidos em lojas especializadas para justamente auxiliar na “visualização” esses parâmetros antes que causem problemas maiores.

Assim como o início formal da atividade, lá na China há cerca de 2500 anos atrás, que culminou com a escrita da uma cartilha, é importante para que os aquaristas iniciantes busquem leituras em manuais, cartilhas, e-books, livros, que abordem questões técnicas, ambientais e também sobre as espécies pretendidas antes mesmo de adquirir um aquário. Um simples gesto permite uma maior duração do aquário e dos peixes, e quem sabe, dar passos maiores na atividade.

Referências 

Albuquerque-Filho, A. C. Análise dos dados biológicos e comerciais de peixes ornamentais no Brasil/Fortaleza. 2003. 93 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Pesca) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.

ABINPET. Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação. Mercado Pet Brasil 2020. Disponível em: <http://abinpet.org.br/wpcontent/uploads/2020/06/abinpet_folder_2020_draft3.pdf>. Acesso em 18 abr. 2022.

Brasil. Ministério da Pesca e Aquicultura. Instrução Normativa MPA nº 16, de 11 de agosto de 2014. Estabelece critérios e procedimentos para concessão de autorização de captura de exemplares selvagens de organismos aquáticos para constituição de plantel de reprodutores em empreendimentos de aquicultura. Diário Oficial da União, 19 de agosto de 2014a.

Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Portaria MMA nº 445, de 17 de dezembro de 2014. Reconhecer como espécies de peixes e invertebrados aquáticos da fauna brasileira ameaçadas de extinção aquelas constantes da “Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção – Peixes e Invertebrados Aquáticos” – Lista, conforme Anexo I desta Portaria. Diário Oficial da União, 18 de dezembro de 2014b.

Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento/Secretaria de Aquicultura e Pesca. Portaria SAP/MAPA nº 17, de 26 de janeiro de 2021. Estabelece normas, critérios e padrões para o uso sustentável de peixes nativos de águas continentais, marinhas e estuarinas, com finalidade ornamental e de aquariofilia. Diário Oficial da União, 27 de janeiro de 2021.

FAO. 2020. The State of World Fisheries and Aquaculture 2020. Sustainability in action. FAO: Rome. 244p.

França. I. F. Aquicultura Ornamental: Estado da Arte. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Zootecnia) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. 2017.

Geller, I. V.; Garcia, D. A. Z.; Yabu, M. H. S.; Pereira, A. D.; Ferraz, J. D.; Fernandes, A. G. J.; Magalhães, A. L. B.; Orsi, M. L. Aquarismo no Brasil: Do simples ao complexo e o descarte de espécies não nativas. Comunicações BSBI, 131, 2020. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/340438457. Acesso 16 maio 2022.

International Trade Centre. Trade statistics for international business development: List of products imported by Brazil. Disponível em: https://www.trademap.org/Product_SelCountry_TS.aspx?nvpm=1%7c076%7c%7c%7c%7cTOTAL%7c%7c%7c2%7c1%7c1%7c1%7c2%7c1%7c1%7c1%7c%7c1. Acesso em 20 abri. 2022.

Lucas, J.S.; Southgate, P.C.; Tucker, C.S.  Aquaculture, farming aquatic animals and plants. Willey-Blackwell, Terceira edição. 667p. 2019.

Rezende, F. P.; Fujimoto, R. Y. Peixes ornamentais no Brasil: Mercado, legislação, sistemas de produção e sanidade. Volume 01. Brasília: Embrapa, 2021. 297 p.

Valenti, W.C.; Barros, H.P.; Moraes-Valenti, P.; Bueno, G.W.; Cavalli, R.O. Aquaculture in Brazil: past, present and future. Aquaculture Reports, 19, 100611. 2021.

Dados dos autores

Isabel Cristina Brandão Figueira é médica veterinária pela UNIG/RJ. Atualmente é médica veterinária trainee em uma rede de petshop, atuando na área de responsabilidade técnica.

Leonardo Rocha Vidal Ramos é zootecnista pela UFRRJ/RJ. Possui mestrado e doutorado em Aquicultura pela FURG/RS. Atualmente é docente na área de maricultura do departamento de produção animal do Instituto de Zootecnia da UFRRJ.

André Luiz Medeiros de Souza é médico veterinário pela UFF/RJ. Possui mestrado e doutorado em Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de P.O.A pela UFF/RJ. Atualmente é assessor na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e Emprego e Relações Internacionais (SEDEERI).

Dados dos entrevistados

Everton Gustavo Nunes dos Santos é biólogo pela UFRRJ/RJ. Possui mestrado e doutorado em Ciências Veterinárias pela UFRRJ/RJ. Possui experiência com aquicultura de peixes de água doce e ornamentais a mais de 10 anos, em pesquisas que sobre doenças parasitárias, comportamento de peixes e cultivo. Atualmente é extensionista da Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ), e trabalha principalmente no fomento da Tilapicultura e Piscicultura Ornamental no Estado. Mario Nunes de Magalhães Porto é engenheiro de pesca pela UFC/CE. Teve experiência em piscicultura em Magé por 7 anos. E desde 1990 é produtor exclusivamente de peixes ornamentais, com propriedade grande em Cachoeiras de Macacu/RJ. É um dos maiores produtores de ornamentais do RJ. Thiago Lima de Carvalho é engenheiro de pesca pela UFERSA/RN. Possui mestrado em Ciência Animal pela UFERSA/RN. Atualmente está cursando o curso de doutorado pelo programa Aquicultura Nilton Lins em ampla parceria com o Instituto de pesquisa da Amazônia (INPA), no laboratório de reprodução e biologia molecular de peixes. Tem experiência na área de reprodução e alimentação de peixes ornamentais com mais de 15 anos de experiência. Participou do projeto sub-rede- cavalo-marinho, desenvolvendo protocolos de reprodução, larvicultura e engorda desses animais. Foi produtor e lojista de peixes ornamentais. Thiago Mendes de Freitas é biólogo pela UNESP/SP. Possui mestrado e doutorado em Aquicultura pela UNESP/SP. Tem experiência na área de Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, com ênfase em Aquicultura, atuando principalmente nas áreas de reprodução e larvicultura de peixes de água doce, histologia, bioquímica e biologia molecular durante o mestrado e doutorado. Foi extensionista da Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ) entre 2014 e 2020. Atualmente é Professor Adjunto I e docente no Programa de Pós-graduação em Aquicultura da Universidade Nilton Lins em ampla parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), atuando em sistemas de produção na aquicultura, com ênfase na reprodução, larvicultura e nutrição de peixes. Desde 2020 vem desenvolvendo pesquisa com peixes ornamentais, iniciando as pesquisas com as espécies de peixes anuais Rivulus kirovskyi e Rivulus obscurus, e com o Jaraqui, Semaprochilodus insignis. Wilson Vianna é biólogo e administrador de Empresas, professor, piscicultor ornamental. Atualmente, atua na área de produção, legalização de lojas e piscicultura e consultoria a produtores.