O mercado da ovinocultura, no Brasil, deve tanto suprir o mercado interno, como garantir a exportação de seus produtos.
A ovinocultura já tem uma história, em nosso país, desde a vinda dos primeiros exploradores europeus, embora a preferência dos brasileiros ainda esteja focada nas carnes bovina e suína, além da carne de aves. Mas as mudanças no gosto de consumo estão sempre acontecendo, assim como o aperfeiçoamento genético das diversas raças e de sistemas de criação dos ovinos. Isso gera, a cada ano, o crescimento do consumo, em especial, da carne dos ovinos, como também da lã, dos queijos e do couro.
Principais raças criadas no Brasil
Para a produção de lã, destacam-se as raças australianas Ideal ou Polwarth e Merino australiano, todas bem adaptadas, suportam climas quentes e pastagens em solos pouco férteis. No entanto, não suportam alta umidade. Dentre as raças lanadas, produtoras de carne, destacam-se as inglesas Hampshere Down e Suffolk, esta última prefere climas amenos e mais disponibilidade de alimentos. Da mesma forma, destacamos a raça francesa Ile de France, que produz cordeiros com alta velocidade de crescimento.
Já dentre as raças deslanadas, produtoras de carne, destacam-se a Morada Mova, esta com larga adaptação ao nordeste e bons ganhos de peso, e a Santa Inês, do sul do país, descendente de uma raça italiana leiteira, produtora de cordeiros com alta capacidade de engorda.
Uma das raças de ovinos que se destaca na produção de pele é a Karakul, que gera cordeiros com as melhores peles, chamadas de astracã.
Na produção de leite, destacam-se as raças Lacaune, Bergamácia e Wilstermarch, todas ideais para a produção de queijos finos.
“Em várias propriedades do Brasil já se utiliza a transferência de embriões com a finalidade de melhoria dos rebanhos.”
Manejo
Atualmente, a produção de ovinos pode ser feita de forma extensiva, intensiva ou um misto dos dois sistemas. Quando no sistema extensivo, a formação de pastos com qualidade, bem como a rotação no uso destes são de extrema importância para a boa manutenção e nutrição do rebanho. No sistema intensivo, a nutrição feita por meio de rações e suplementos merece destaque pela busca de matérias-primas de qualidade, para que ocorra a nutrição e engorda adequada dos ovinos, com custo-benefício conforme o mercado.
O bom manejo reprodutivo é imprescindível para a qualidade dos rebanhos de ovinos. Geralmente, o manejo se inicia com os animais pesando em torno de 40 kg, aos 18 meses de idade. Há várias modalidades de cruzamentos industriais, adotadas de acordo com a raça e com o produto desejado. A utilização de inseminação artificial é uma forma bem técnica e deve ser adotada conforme o custo-benéfico apresentado. Em várias propriedades do Brasil, já se utiliza a transferência de embriões com a finalidade de melhoria dos rebanhos.
Outro aspecto primordial para o sucesso da criação de ovinos são as instalações utilizadas, pois muitos criadores, acostumados apenas com bovinos, têm tendência de adaptar as instalações pré-existentes erroneamente. Por isso, é preciso definir que tipo de produção será feita – lã, carne ou leite – além de estimar o tamanho do rebanho, no auge da produção, para se projetar os abrigos, os centros de manejo, as maternidades, os confinamentos para engorda ou terminação e outros.
Gestão
Como em toda a cadeia produtiva da agricultura-pecuária, uma gestão bem feita é fundamental para se garantir uma produção com custos enxutos, visando ao mercado consumidor e à remuneração do produtor.
O produtor deve fazer um estudo de mercado para identificar os seus nichos, bem como quais os produtos a serem absorvidos por ele. Em seguida, deve-se traçar um planejamento visando alcançar metas e organizar as tarefas para se fornecer produtos de qualidade. Um organograma bem feito de atividades para saber o momento certo de se investir é imprescindível, bem como o fluxo de caixa exato para se controlar os momentos de saída e entrada de capital. É preciso garantir consistência na produção, ou seja, produção ao longo do ano inteiro, para ser qualificado como bom fornecedor.
Somente conduzindo as atividades produtivas da maneira planejada é que se torna possível avaliar os resultados. Isso é feito verificando a liquidez do negócio, se a cadeia administrativa está fluindo bem e se a produção tem qualidade e giro. Dessa forma, chega-se ao ponto de criticar o que está em andamento, fazer as mudanças condizentes, replanejar os investimentos e melhorar os estrangulamentos técnicos, melhorando assim a viabilidade. Daí a produção de ovinos entra em um ciclo produtivo interessante, tornando o negócio viável e rentável.
Estatística
Tradicionalmente, o Brasil concentra o seu rebanho ovino nas regiões Sul e Nordeste. Mas a realidade hoje é que o maior crescimento desse tipo de pecuária se dá nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Atualmente, o rebanho brasileiro, segundo o IBGE está estimado em 17,6 milhões de cabeças, produtoras de lã e carne. Isso representa cerca de 1,6% da produção mundial.
Segundo dados da FAO de 2010, o maior produtor de ovinos, no mundo, é a Ásia, com 42,1% da produção mundial, seguida pela África, com 27,8%, Europa, com 12,1%, Oceania, com 9,3%, América do Sul, com 7%, e Américas do Norte e Central, com 1,4%.
Já os principais produtores de carne, segundo os mesmos dados, são a China, com 24,3% da produção mundial, seguida da Austrália, com 6,5%, e Nova Zelândia, com 5,6%. Quanto ao Brasil, este produz 0,9 %.
Os principais produtores de lã são a China, com 18,9%, a Austrália, com 18,7%, e a Nova Zelândia, com 8,1%.
Distribuição do rebanho no Brasil:
Mercado
Atualmente, o principal produto da criação de ovinos, no Brasil, é a carne. No nordeste e no sul, sempre houve a tradição do consumo da carne de ovinos, em feiras, em churrascarias e em festas populares. A matéria-prima utilizada no abate sempre foram ovinos adultos, de 3 a 4 anos, com qualidade muito variada nas texturas, e consistência dura e sabor forte, no resultado final, o que gerava uma certa resistência quanto ao seu consumo. Com o aprimoramento constante na produção e o refinamento no gosto da população, finalmente chegou-se a um crescimento na venda de carne de cordeiro. Um padrão ideal já foi desenhado pelo consumidor brasileiro e pela indústria, com isso, a cadeia produtiva teve de se adaptar para substituir a produção de carneiros por cordeiros. Atualmente, existe tecnologia para se produzir cordeiros bem precoces, chega-se a produzir cordeiros em 8 meses. Estes podem ser abatidos com 35 e 40 kg, de peso vivo, e alto rendimento de carcaça, com um mercado que gira em torno de R$ 13,00 /kg.
Há algum tempo, os produtores estavam desanimados com os preços pagos pela indústria, pela falta de qualidade dos animais distribuídos. Mas com o aumento da qualidade, o rendimento da carcaça dos ovinos passou de 46% para 50% (há produtores alcançando 58%). Existem indústrias que bonificam os produtores que entregam cordeiros de 8 meses com rendimento de carcaça maior que 50%. Assim, quem produz uma carcaça de 15 quilos de aproveitamento, pelos preços praticados mais a bonificação, receberá em torno de R$ 200,00, bem superior à arroba de boi. Em alguns mercados, chega-se ao dobro dela, o que vem gerando aumento da ovinocultura profissional.
“Os números indicam uma demanda maior do mercado e mudanças positivas no hábito do consumidor”
Número de abates no Brasil
Nosso país é muito dependente da importação de ovinos, tanto de animais vivos, quanto da carne. De janeiro a fevereiro de 2013, foram gastos US$ 54,3 mil. No mesmo período de 2012, foram gastos US$ 65,7 mil, o que demonstra o exposto acima. Nossos maiores parceiros comerciais estão no MERCOSUL, em ordem de importância: o Uruguai, a Argentina e o Chile. Mas também importamos ovinos da Nova Zelândia e da Austrália.
Futuro
A ovinocultura tende a crescer muito em nosso país, pois temos condições climáticas e área suficiente para isso. No entanto, os produtores precisam apostar em modelos de gestão moderna e atualização de tecnologias. O mercado já aponta a direção para onde vai o consumo interno.
O consórcio de ovinos com bovinos pode ser uma das saídas para o aumento do rebanho, pois ambos são ruminantes e possuem algumas similaridades no processo, entretanto, os ovinos exigem um pouco mais de manejo.
Consumo
Hoje o consumo de carne de carneiro, no Brasil, é da ordem de 0,7 kg/ano por pessoa. Para que o consumo passe para 2,5 kg/ano por pessoa, é preciso um rebanho de 50 milhões de cabeças contra os atuais 17,6 milhões. A estimativa é que, nos próximos 10 anos, ainda não consigamos atingir a autossuficiência.
Exportação
Há pouco tempo, fomos procurados pelo Oriente Médio para atender um demanda de carne de ovinos e tivemos de recusá-la. Fora a demanda existente nos E.U.A e na União Europeia.
Os números indicam uma demanda no mercado e mudanças de hábito positivas no consumo. Os produtores estão se adaptando a formas mais modernas de tecnológicas de produção. Quem pode duvidar que está no momento de os ovinos se transformarem em um dos principais produtos da pecuária em nosso país?
Para aprimorar os seus conhecimentos a respeito da criação e do manejo de ovinos, bem como das espécies mais conhecidas e rentáveis para o produtor, acesse o site www.cpt.com.br, do CPT – Centro de Produções Técnicas. Nele, você poderá encontrar os mais diversos cursos da Área Ovinos, todos constituídos de livros interativos, com filmes em DVD, que mostram, de forma bem clara e objetiva, prática e teoria.
Além disso, os cursos têm uma carga horária de 40 horas e são ministrados pelos especialistas, Edson R. De Siqueira, Doutor em Zootecnia da Unesp, e Cristiane Leal dos Santos, Doutora em Zootecnia da UESB. Ao fazer os cursos na área, você receberá um Certificado de Especialista, emitido pela UOV – Universidade On-line de Viçosa, afiliada mantenedora da ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância.