Nos três últimos anos, o interesse por animais da raça Guzerá vem crescendo entre os produtores de leite. A procura por sêmen da raça tem aumentado desde 2018, especialmente no segmento do leite, e nos quatro primeiros meses de 2021, apresentaram um pico de demanda.

De acordo com o médico veterinário e gerente de produto da CRV Lagoa, Antônio Garcia, as vendas de Guzerá leiteiro aumentaram 59% de janeiro a abril de 2021, o equivalente ao dobro do crescimento do mercado de inseminação artificial como um todo no Brasil, neste ano. “Essa crescente está relacionada às características da raça, razão pela qual até os bezerros nascidos têm utilidade para o produtor, além da combinação da capacidade produtiva com a rusticidade”, acrescenta o veterinário.

O especialista credita a evolução nas vendas de sêmen do Guzerá a fatores como a grande produção leiteira e a adaptabilidade às condições brasileiras, como as altas temperaturas, por exemplo. “Em comparação, as raças europeias são mais exigentes em termos de conforto para que se garanta uma boa produção leiteira”, analisa.

Outro fator é que, no cruzamento de raças, o Guzerá transfere suas características de estrutura da raça. “Mais e mais produtores hoje buscam o Guzolando (cruzamento entre Guzerá e Holandês) porque, se nascerem fêmeas, elas terão boa produção leiteira e, no caso de nascerem bezerros, os animais podem ser revertidos para o corte, devido à capacidade de ganho de peso do animal, ou seja, toda cria dá lucro”, explica Garcia.

Segundo dados de 2017 da Associação dos Criadores de Guzerá e Guzolando do Brasil (ABCG), o Guzerá representa cerca de 5% do rebanho de zebuínos no Brasil. Conhecido pelo grande porte e pelos imponentes chifres em forma de lira, os primeiros registros dessa raça no Brasil datam de 1870. Além da produção de carne e leite, os animais eram usados para puxar carroças de café. Popularizou-se pelo País, especialmente no Nordeste, mas acabou sendo superado por outras raças.