Tratar dejetos bovinos para transformá-los em renda e sustentabilidade ambiental. Foi com essa ideia que um pequeno produtor de leite do norte mineiro, através da implantação de um projeto de produção de biofertilizantes, foi um dos ganhadores do Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza, considerado um dos mais importantes da ecologia no Brasil.

Natural de Bocaiúva, Dilson Geraldo da Silva, proprietário da Fazenda São Pedro, percebeu que, ao invés de poluir os solos e os cursos de água da região, os dejetos bovinos poderiam ser uma fonte de renda para seu negócio. Orientado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater-MG), ele instalou na propriedade uma esterqueira, espécie de tanque para onde são destinadas as fezes e outros resíduos resultantes da lavagem da sala de ordenha. Esse material passa por um período de estabilização, de cerca de 90 dias, período necessário para os micro-organismos transformarem o composto em um poderoso biofertilizante, que pode ser usado na adubação de pastagens e lavouras.

Segundo o extensionista agropecuário da Emater, Iran Ferreira Leite Junior, o biofertilizante obtido a partir dos dejetos de esterqueira pode ser usado em qualquer cultura. “A única restrição é o uso em hortaliças. O recomendado é que, após a aplicação, seja obedecida uma carência de cerca de 30 dias antes da colheita, para evitar resíduos nos alimentos que vão para a casa dos consumidores”, destaca.

A implementação da esterqueira permitiu ao agricultor familiar evitar danos ambientais, economizar com a compra de fertilizantes químicos para pastagens e lavouras de milho, além de aumentar sua renda, já que passou a receber um valor extra de um grande laticínio da região que tem um programa de auxílio à produção sustentável de leite.

Atualmente, devido ao sucesso do projeto, a Fazenda São Pedro tornou-se uma unidade demonstrativa do uso de esterqueira para a produção de biofertilizante e já recebeu mais de 50 pessoas interessadas em adotar o sistema. Segundo Leite Junior, mesmo com investimentos próprios, o projeto vale a pena. “O pagamento extra de R$ 0,07 por litro de leite representa, em um ano, cerca de R$ 8 mil a mais na renda do produtor”, contabiliza. “Isso sem contar os ganhos ambientais e sociais de se ter uma propriedade ambientalmente equilibrada.”