É possível saber a origem da carne produzida nos biomas Amazônia e Cerrado, graças a um estudo realizado pela Coalizão Brasil, movimento que engloba mais de 200 empresas, associações empresariais, centros de pesquisa e organizações da sociedade civil, que avaliou a rastreabilidade na cadeia de carne bovina do Brasil.
Entre os aspectos avaliados estão o contexto da cadeia de valor da carne, uso do solo, desmatamento, valor da carne, sistemas de monitoramento, rastreabilidade, vigilância sanitária, produção sustentável e sistemas integrados. Na avaliação de Marcello Brito, da Coalizão Brasil, com consumidores mais exigentes e interessados em saber a origem dos produtos, a ideia é uma produção que respeite o meio ambiente. “Assim como o agronegócio brasileiro é altamente competitivo em produtividade, somos igualmente competitivos na capacidade de produzir sem desmatamento ilegal, e o que esse estudo mostra é que temos como provar isso”, ressalta.
A rastreabilidade vem ganhando mais espaço na cadeia produtiva da carne. Com um mercado externo aquecido, alguns fatores podem atribuir maior valor à produção e renda aos pecuaristas. O Brasil é o líder em exportações e deve superar 2 milhões de toneladas de carne este ano. A China é o principal comprador, com 57% das aquisições, mas outras oportunidades podem vir da União Europeia, mercado com maior valor agregado por tonelada. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), serão comercializadas 11 milhões de toneladas em 2020.
Os resultados do estudo apresentados durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que o Brasil pode garantir uma produção livre de desmatamento, umas das principais preocupações atuais. Isso é possível com um acompanhamento criterioso e integração de informações entre a Guia de Transporte Animal (GTA), o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e os respectivos mecanismos legais que permitam sua validação conjunta, e seguindo as exigências estabelecidas pelos acordos firmados no âmbito do Sistema Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia de Bovinos e Bubalinos (Sisbov) e pelos Termos de Ajuste de Conduta (TACs) entre o Ministério Público Federal (MPF) e os processadores de carne que operam na Amazônia Legal.
O estudo engloba recomendações para o fortalecimento do controle da qualidade ambiental da carne. Diversas ações já são adotadas pela indústria e pelos produtores nesse sentido como forma de agregar valor, acessar mercados consumidores exigentes e focar, ao mesmo tempo, na preservação. Além dos avanços na área tecnológica, o relatório constata o desenvolvimento de inovações capazes de garantir a disponibilidade das informações e dados necessários para permitir a melhoria do controle e da rastreabilidade da produção. O estudo também compara os sistemas de rastreabilidade pelo mundo e sugere que “o Brasil precisa de sistemas mais robustos de rastreamento para separar as maçãs podres dos produtores sérios”.