Os avanços tecnológicos em pesquisas, técnicas e equipamentos de manejo têm contribuído para o desenvolvimento produtivo e sustentável das atividades agropecuárias. Por essa razão, os produtores precisam estar atentos às novas tendências e acompanhar essas inovações para se manter em atividade.

Com o objetivo de auxiliar os produtores que se dedicam à pecuária de leite, estudos realizados na Embrapa Gado de Leite (MG) em parceria com a Universidade de Wisconsin-Madison (Wisc), nos Estados Unidos, e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), desenvolveram sensores que coletam dados sobre o consumo das vacas e são capazes de detectar o cio de cada animal com horas de antecedência.

O resultado dos estudos, conduzidos pelo mestrando em zootecnia Frederico Correia Cairo, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), mostrou que a variação no consumo e comportamento de ingestão de água e alimento de uma vaca leiteira é capaz de revelar se o animal entrará no cio com até seis horas de antecedência e garante maior precisão em relação à observação visual na fazenda. “O estudo mostrou que, antes de entrar no cio, ou estro, as vacas consomem entre 25% e 35% menos água e alimentos”, revela Cairo.

Segundo ele, a descoberta abre caminho para sistemas eletrônicos que identifiquem as fêmeas prontas para reprodução, com precisão e antecedência de horas. Cairo diz que método mostrou maior precisão que a detecção convencional de estro, que consiste na observação dos animais. “Além disso, a acurácia do novo sistema, de acordo com o estudo, ajudaria a evitar a perda de cios, um dos principais responsáveis pela queda de eficiência reprodutiva”, diz.

De acordo com pesquisador da Embrapa, Luiz Gustavo Pereira, a mudança no comportamento alimentar das vacas próximas a manifestar o cio serviu como base para o desenvolvimento dos modelos computacionais na Universidade de Wisconsin. “Esses modelos vão permitir a produção de sensores para a identificação precisa e acurada de cio nas fazendas leiteiras”, explica Pereira. Ele acrescenta que os sensores colocados em cochos e bebedouros eletrônicos permitem identificar variações no consumo de alimento e água, causadas pela manifestação do estro (cio) em vacas leiteiras.

“Os estudos envolvendo avaliação das variações que ocorrem em decorrência do estro são necessários para o desenvolvimento de algoritmos, que farão os sensores funcionarem, identificando as variações comportamentais relacionadas ao estro que sirvam de base para acionar alertas para a tomada de decisão”, afirma o orientador dom mestrado. “A observação visual resulta em índices de detecção que podem variar de 50% a 90%, porém, o monitoramento constante da atividade reprodutiva do rebanho nem sempre pode ser feito devido à rotina das propriedades.”