O Laboratório de Defesa Biológica e Química de Portugal, localizado em dependências do Exército em Lisboa e dirigido por veterinários militares, é referência mundial.

O Exército Brasileiro ainda não dispõe de um laboratório semelhante embora não apenas em tempos de guerra como nos de paz isso seja uma necessidade imperiosa. Não apenas nos conflitos armados mas também nas revoltas localizadas, substâncias químicas (como os gases letais) e determinadas espécies microbiológicas vêm sendo repetidamente utilizadas causando pânico e mortalidade que pode ser em massa.

No meu livro “História da Veterinária do Exército Brasileiro”, sob o título “O papel de um laboratório de defesa biológica que está faltando no Exército Brasileiro e que já é antigo em Portugal”, relato que  “A ameaça de um conflito com armas biológicas (e químicas), localizado ou amplo, é uma realidade.

Portugal há vários anos conta com moderno laboratório especializado dirigido por uma equipe de veterinários militares.

No Brasil não dispomos de nada semelhante no Exército Brasileiro embora não nos faltem veterinários militares capacitados. E isso é uma deficiência imperdoável diante da real possibilidade do crescente uso de armas químicas e biológicas nos conflitos das mais variadas gravidades.

Emprego de armas químicas e biológicas

Os conflitos armados em escala mundial que ocorreram no século XX (e o problema só faz crescer) estão marcados pelo emprego de armas químicas e biológicas (além das nucleares).

Foto: Pixabay

A acelerada evolução da ciência, aliada à moderna tecnologia, aumentou a possibilidade de utilização de agentes biológicos nos conflitos armados, Esta percepção tornou-se aguda como conseqüência das ameaças de epidemias e de pandemias que ocorreram em diversas regiões do Planeta nos primeiros anos do presente século XXI. Essas emergências de saúde pública demonstraram a importância do seu impacto na capacidade de provocar medo e até pânico nas populações, e deixaram patente a reduzida capacidade de resposta dos sistemas de defesa existentes atualmente em diversos países com o Brasil.

Envolvimento do Serviço Veterinário Militar

O desenvolvimento da medicina veterinária de Portugal, como em outros países, está relacionado aos primórdios do desenvolvimento das ciências ligadas à microbiologia e à epidemiologia. Nos país-irmão, esta conexão histórica concretizou-se no Serviço Veterinário Militar Português, através da criação – há pouco mais de um século, em julho de 1916 – do Hospital Veterinário do Exército e, há mais de 10 anos, do Laboratório de Defesa Bacteriológica e Química.

Já está mais do que na hora do Brasil seguir o exemplo de Portugal e recuperar o tempo perdido.

Foto fachada do laboratório: Luiz Octavio Pires Leal

Luiz Octavio Pires Leal é veterinário civil e membro-titular da Academia Brasileira de Medicina Veterinária