O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo, com mais de 215 milhões de cabeças, e desde 2004 assumiu posição de destaque no comércio mundial de carne bovina e hoje é o maior exportador do produto, gerando receita anual para o pais que ultrapassa US$ 5 bilhões em vendas. Atualmente, o Brasil exporta carne para mais de 140 diferentes mercados,mesmo destinando aproximadamente 80% de sua produção para o abastecimento do mercado interno.

Essa trajetória de sucesso da pecuária de corte teve início na época do descobrimento do Brasil com a chegada dos primeiros bovinos trazidos pelos colonizadores portugueses. Eram animais pertencentes à espécie Bos taurus, provenientes da Península Ibérica. Após a adaptação ao novo ambiente, eles passaram a formar linhagens regionais, dentre as quais Caracu, Curraleiro, Lageano e Pantaneiro.

Posteriormente, depois de quase trezentos anos, a pecuária, até então baseada em gado europeu, passou a contar com animais zebuínos da espécie Bos taurus indicus, oriundos, em sua maioria, da Índia, representados pelas raças Gir, Guzeráe Nelore.

Por ser o Brasil um país predominantemente tropical, com clima semelhante ao da região de origem daqueles animais, a adaptação foi rápida. Com boas condições de criação, de um modo geral, o zebu foi, aos poucos, absorvendo as linhagens regionais.

Com exclusão de todo o gado de corte da região Sul do Brasil, com 19,2 milhões de cabeças (em que predominam raças européias), e apesar de significativa utilização de zebu no estado do Paraná, estima-se que 87,7% do rebanho de corte nacional sejam de origem zebuína, descendente de apenas oito mil animais importados da Índia até o ano de 1962. Dentre os zebuínos, 121,6 milhões, (78% de todo o rebanho de corte brasileiro), têm a raça Nelore em sua composição genética predominante.

Não há dúvidas de que a capacidade de adaptação foi um ponto fundamental para explicar a predominância do zebu na pecuária brasileira. No entanto, além disso, é importante reconhecer o trabalho competente de seleção e promoção das raças zebuínas conduzido há décadas por criadores e técnicos brasileiros, tornando-as cada vez mais eficientes e produtivas.

Modernização da pecuária – Nas últimas quatro décadas, a pecuária de corte passou por uma fase de modernização, sustentada por avanços no nível tecnológico dos sistemas de produção e na organização da cadeia, com claro reflexo na qualidade da carne bovina. Em termos de rebanho, seu efetivo mais que dobrou no periodo, enquanto que a área de pastagens pouco avançou ou até diminuiu em algumas regiões, o que por si comprova grande salto de produtividade.

O aumento em produtividade também se baseia em outros elementos importantes, como o aumento do ganho de peso dos animais, a diminuição na mortalidade, o aumento nas taxas de natalidade e também na expressiva diminuição na idade ao abate, com forte melhora nos índices de desfrute do rebanho, que evoluiu de aproximadamente 15% para até 25%. Desfrute é o porcentual de animais, retirados anualmente para abate, sem redução no número de animais do rebanho.

Todos esses ganhos foram possíveis graças a crescente adoção de tecnologias pelos produtores, especialmente nos eixos de alimentação, genética, manejo e saúde animal.