Como é do conhecimento geral, existem, no Brasil, cerca de 500 faculdades de veterinária. Como também é do conhecimento daqueles que se interessam por esse assunto, essa quantidade é superior a todas as faculdades de veterinária existentes do mundo.
Quais as razões dessa quantidade tão grande? São várias: total displicência das autoridades do MEC; uma legislação permissiva; a indiferença ou a impossibilidade legal das entidades do ramo de lutar contra esse absurdo; interesses financeiros, lícitos e eventualmente também ilícitos; interesse dos professores de ampliar o seu campo de oportunidades de emprego, e falta de conhecimento, por parte dos pais, que se sacrificam com a ilusão de que estão contribuindo para formar um filho(a) doutor(a).
Isso significa que todas ou mesmo a maioria dessas faculdades não têm condições materiais e pessoais para formar um bom profissional? Não, não significa, mas significa que um grande número delas funciona, criminosamente, como verdadeiras fábricas de ilusões, uma vez que não oferecem aos seus alunos as condições mínimas de conhecimento que lhes permita enfrentar o mercado de trabalho com as chances mínimas de sucesso.
E, onde encontrar professores nessa quantidade? A “solução” encontrada por esses comerciantes do falso ensino foi simples, ao mesmo tempo que absurda e irresponsável: contratar professores de determinada especialidade para lecionar qualquer matéria, diferente dessa sua especialidade.
E toda essa cadeia, todos os seus componentes, vão ganhando o seu rico dinheirinho, no caso dos professores. e dinheiro grosso, no caso dos proprietários dessas espeluncas, algumas das quais promovem o “ensino à distância”, como se fosse possível ensinar medicina veterinária à distância.
Sim, mas e daí? Qual a solução? Não é simples e dá trabalho. E a palavra mágica é “informação”.
A alternativa é não esquentar a cuca e ir jogando dinheiro – que não é pouco – fora, e formando falsos veterinários.
Mas e os recentemente formados ou em vias de se formar?
Esses precisam compreender que ao se formar não chegaram ao fim mas apenas no princípio de uma nova fase da vida. Uma fase em que é preciso estudar, aprimorar-se em estágios no Brasil e se possível, num dos grandes centros do verdadeiro ensino como por exemplo, os dos Estados Unidos, Europa, África do Sul, Inglaterra ou Austrália. E também conhecer a abrangência e o verdadeiro papel social da veterinária, que é uma profissão de saúde pública.
E isso não basta. É fundamental conhecer um outro idioma, como o inglês, ter uma atitude profissional, um razoável nível cultural, saber comunicar-se, e não menos importante, ter um bom conhecimento de informática. E aí, sim, é partir para o sucesso.