Por: Paulo Daniel Sant’Anna Leal, médico veterinário, MSc, DScV, Pós-Doutorado, Membro da Academia de Medicina Veterinária no Estado do Rio de Janeiro/AMVERJ; Mariana Chaves Leal, Psicóloga.

Os cães estão integrados a sociedade humana e interagem de diversas formas, principalmente na utilização destes pela sociedade como animais de companhia, participando da família e desenvolvem outras funções como de cães-guia para deficientes visuais, deficientes auditivos, no trabalho policial e como terapêutica, reconhecendo a importância destes animais em ambientes educacionais e hospitalares, onde melhora a motivação, recuperação e a atenção das crianças, adultos e idosos.

O uso na Terapia Assistida por Animais-TAA, tem sido utilizada e demonstrada em diferentes contextos e para vários perfis de pacientes, tais como crianças, adolescentes, adultos e idosos. A TAA é um processo terapêutico utilizado e reconhecido mundialmente e consiste em tratamentos na área da saúde utilizando animais domésticos, através da interação homem-animal, a prática é realizada por profissionais da área, com o objetivo de promover o desenvolvimento físico, psíquico, cognitivo e social dos pacientes.

Não se trata de uma prática para substituir terapias e tratamentos convencionais, mas um complemento, para melhorar a qualidade de vida de pessoas que possuem alguma necessidade, como no caso de pacientes com deficiências físicas, sensoriais, mentais e motoras onde um animal é “co-terapeuta” e auxilia o paciente a atingir os objetivos propostos para o tratamento. Sua padronização foi baseada nos estudos desenvolvidos pela organização Delta Society.

Esse tipo de terapia pode ser aplicado em diversas pessoas e obrigatoriamente deve ter um acompanhamento profissional.  A eficácia do programa costuma trazer resultados significativos para seus pacientes, com melhora no desenvolvimento geral. Todos os animais utilizados nesses programas passam obrigatoriamente pela avaliação de profissionais da área de medicina veterinária, seja na profilaxia de zoonoses e o risco inerente a doenças e na questão comportamental. Eles atendem aos requisitos de saúde animal, sendo avaliados e monitorados. Os animais são testados quanto ao comportamento, obediência, socialização e aptidão, passando por reavaliações constantes.

Muitas espécies de animais podem ser utilizadas para este fim, com destaque para a equina e a canina.  Os cães são utilizados em projetos de educação, psicoterapia e/ou fisioterapia em crianças, adultos e idosos, nas mais diversas situações físicas e psicológicas com bons resultados. Estudos mostram que o contato de cães com idosos que vivem em casas de repouso, proporcionam bem-estar e qualidade de vida, contribuindo para a evolução comportamental do idosos.

O vínculo criado entre o animal de estimação e o dono tem como vantagens: Alívio da tensão, tendência a sorrir, amizade incondicional, afeto e segurança.  Além dos efeitos psicológicos, os animais também podem trazer benefícios fisiológicos para as pessoas. Constata-se que, quando elas interagem com os seus animais, falando com eles, acariciando-os ou manuseando-os, há diminuição da frequência cardíaca e pressão arterial. Outro fato comprovado é que a presença de animais de estimação no meio hospitalar diminui o tempo de internação, leva mais alegria e bem-estar para o paciente, ajudando assim na recuperação. Vários hospitais de referência no Brasil já buscam a certificação para oferecer a TAA. No mundo há vários que permitem a presença dos respectivos animais domésticos nas visitas hospitalares a partir da certificação da Planetree (organização americana que reconhece o atendimento de saúde humanizado).

As atividades e a terapia assistida por animais conseguem beneficiar pacientes, principalmente as crianças hospitalizadas em muitas diferentes condições, reduzindo o trauma da hospitalização, facilitando a adaptação ao ambiente hospitalar e reduzindo a ansiedade. Por esse motivo, é importante considerar as possibilidades de utilização de programas nas populações hospitalares e as que estão abrigadas em diferentes sistemas onde a interação através da amenização da solidão sejam uma oportunidade de melhor qualidade de vida. Considerando sua implementação como terapia complementar para os pacientes tornando-se uma opção viável, desde que todo e qualquer animal esteja apto na condição de saúde.

Demonstramos a eficiência e a terapêutica promissora da utilização dos animais domésticos, principalmente cães na recuperação de pessoas que necessitam de uma atenção individualizada. Portanto, animais de companhia devem ser estimulados a participarem das famílias, interagir com todo e qualquer tipo de faixa etária, principalmente naquelas onde se observa maior carência e deficiência de atenção.

Palavra-chave: Bem-estar animal, psicologia, interação homem-animal, saúde.