Milhões de turistas vão a Paris, todos os anos! Arte por todos os lados!

Visitam museus, como o do escultor Rodin (imperdível). Visitam igualmente dois maravilhosos jardins: o Tuileries e o Luxemburgo; além do afamado Museu do Louvre, com extraordinário acervo de pinturas e coleção de esculturas.

Impossível comentar sobre todas as obras de artistas animalistas existentes nas praças, parques e museus da “Cidade Luz”. Existe uma profusão de esculturas do gênero, verdadeiro museu “en plein air”! São belíssimas, mas podem passar despercebidas, em meio à bela vegetação dos jardins muito bem cuidados.

Feiras e exposições internacionais

Entre as primeiras dezessete feiras e exposições internacionais, de 1851 (Inglaterra) até 1901 (USA), onze foram montadas em países europeus, sendo cinco na França. Na época, quase todos países europeus mantinham como colônias, em outros continentes, sendo que mais de vinte eram francesas.

Prevalecia à força o velho espírito colonialista, impondo o domínio de terras conquistadas, em todos os continentes. O neocolonialismo se apresentava dominador. Durante Feiras Mundiais, as grandes potências apelavam para representações artísticas, com signos culturais imponentes, mostrando ao público visitante aspectos caricatos dos povos e culturas sob domínio. Era a forma de documentar costumes exóticos, religiões, flora e fauna, diferentes de tudo aquilo que o cidadão europeu estava acostumado a ver.

Além de apresentar grandes invenções e avanços tecnológicos da época, havia igual interesse na confirmação do poder das grandes potências, por meio de encenações quase “circenses”. Os belos pavilhões, cheios de curiosidades trazidas do exterior, expunham a presença de seres humanos primitivos, praticamente “enjaulados”. Nos estandes, cercadinhos caricatos e degradantes, reproduzia-se o cotidiano de aborígenes, julgados atrasados e inferiores aos olhos dos europeus.

Possivelmente, ao longo desses eventos internacionais, formou-se o belo acervo de esculturas realistas, monumentais, de animais, que representavam a riqueza da fauna africana.

Capturar, transportar e manter vivos, aqueles animais ferozes africanos não seria seguro. Esculpir, forjar em bronze e colocar nos pavilhões, estátuas dos animais selvagens era mais prático.

Feitas por animalistas, um tipo de artista plástico especializado em reproduzir animais, essas esculturas marcam bem o início do realismo romântico na Europa. Muitas foram encomendadas, visando serem apresentadas durante as Exposições Universais.

O rinoceronte na frente do Museu D’Orsay

Contudo, o objetivo aqui é comentar sobre outro local, igualmente fantástico para visitação: o Museu d’Orsay! Torna-se necessário focar sobre uma escultura, muito especial, denominada “Rhinocérus” (1877/1878), de autoria de Henri Marie Alfred Jacquemart (1824-1896), na frente do Museu.

No mesmo local, podem ser vistas outras belíssimas peças tridimensionais, disponíveis, para visitação gratuita. Não havia, até recentemente, marcas de depredação e tampouco pichações.

A estátua do “Rhinocérus”, desde 1878, tem sido exposta em vários lugares da capital francesa. Foi submetida a inúmeras situações que colocaram em risco a sua integridade. Sobreviveu a revoluções, duas grandes guerras mundiais, violência urbana, poluição e intempéries; e a obra quase não necessitou de restauração. Felizmente, segue lá, imponente, firme, às margens do rio Sena, como representante digna e nobre da Mãe África, eternamente presente à todas as futuras exposições universais, como se estivesse a dizer, ao mundo, uma velha mensagem contida na palavra do idioma Bantu.

Fé na humanidade: “Ubuntu”! (Conforme Desmond Tutu, ubuntu significa “a minha humanidade está inextricavelmente ligada à sua humanidade”. wikipedia.org/Ubuntu)