Lamentavelmente, é isso que se vê na maioria dos municípios fluminenses. A maior e mais tradicional festa rural de todos os tempos, dos fazendeiros, empresários e produtores rurais, promovida pelo Estado e municípios, vem, a cada ano, perdendo espaço e dando lugar a shows artísticos contratados a peso de ouro em detrimento do produtor rural, relegado a segundo plano.
As primeiras exposições rurais (1921) tinham a denominação de “Exposição Agropecuária, Industrial e Comercial”, com o objetivo de valorizar o homem do campo, a produção rural, o comércio e fortalecer a economia e o agronegócio nos seus amplos e múltiplos aspectos transacionais e comerciais.
Triste história
Ao contrário dessa triste história da involução da agropecuária e do agronegócio fluminenses, assinala-se, como nos ensinam os economistas, que as grandes economias do mundo têm como base de fortalecimento e sustentabilidade a agricultura, a pecuária, a pesca e as indústrias extrativas fornecedoras de matérias-primas para alavancar e mover as indústrias de transformação. Se essa afirmação dos economistas é verdadeira, o enfraquecimento ou extinção de nossas exposições agropecuárias, como vitrines do progresso e desenvolvimento do setor primário rural e atividades do campo, que já acontece atualmente, vislumbram um cenário desolador para o futuro da economia fluminense que importa de outros estados os insumos básicos para suprir suas demandas agropastoris e extrativistas básicas.
O pior estado
O Estado do Rio, segundo maior polo consumidor e comercial do País, não produz o que consome. Importamos produtos cárneos, laticínios, hortifruti, peixes, aves e ovos, por exemplo, “in natura” e bene ciados para abastecer o comércio varejista e atacado. Somos, na Região Sudeste, o pior estado no ranking da produção de alimentos de origem animal e vegetal da lavoura permanente e temporária. Nossos rebanhos de animais de grande porte e plantéis de pequenos animais domésticos de produção, bem como grãos, tubérculos, raízes e frutas, têm diminuído drasticamente a cada ano pela falta de planejamento agrícola, apoio técnico rural, e escoamento e comercialização da produção.
Nem sempre foi assim
Mas, historicamente, nem sempre foi assim. Até a década de 1960, a agricultura e pecuária do Estado eram referências para os demais estados da federação. Tínhamos uma agropecuária forte e eficiente, apoiada efetivamente pelo Estado. Desempenharam papéis fundamentais e estruturantes nesse aporte de recursos humanos, cientí cos e tecnológicos de excelência, a então Secretaria de Agricultura, Indústria e Comércio do Rio de Janeiro, as Universidades Rural e Fluminense, os colégios agrícolas e os empresários rurais, que tinham como metas desenvolvimentistas o ensino agrícola, as estações agronômicas, os campos de experimentação, os institutos de biologia agrícola; as faculdades de veterinária, os postos zootécnicos, a proteção contra as doenças de animais, a importação e seleção das raças aperfeiçoadas, os estudos de pastos, jardins botânicos, hortos florestais, museus, laboratórios, as aquisições e distribuição de plantas e sementes e os estudos científicos. As secretarias estaduais tinham autonomia administrativa e uma estrutura semelhante à do Ministério da Agricultura, para cumprir rigorosamente o Plano Nacional de Desenvolvimento Agrícola.
As exposições
Para avaliar o desenvolvimento da agropecuária local ou regional, bem como observar o estado sanitário dos grandes e pequenos animais expostos, surgiram as exposições agropecuárias, que também tinham o objetivo de premiar os produtores rurais e preconizar medidas preventivas educacionais quanto à sanidade animal e ambiental.
A primeira Exposição Agrícola, Comercial e Industrial do Brasil aconteceu no ano de 1921, no município fluminense de Cordeiro, especializada no gado zebu Guzerá e Nelore.
Julgamento
O julgamento incluía o melhor animal por categoria, concursos e certames leiteiros; o melhor reprodutor equino, por raça; campeão, grande campeão, reservado campeão; classificação que servia também para asnos e muares e assim por diante.
Destaque
Fato marcante do início do séc. XX eram as raças equinas, bovinas e suínas vindas da Europa, África e Índia, importadas pelos governos Imperiais e fazendeiros, sobretudo do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Essas raças puras ou mestiças melhoraram os plantéis nacionais que tinham como base os primeiros animais oriundos de Portugal e introduzidos no Brasil pelos Governadores Gerais.
Tempo de diversificar
É tempo de diversificar a economia estadual do RJ, de resgatar e de fomentar as grandes exposições agropecuárias regionais e municipais, para dar um estímulo vigoroso à produção dos produtos do campo, aos trabalhadores, à agricultura familiar e aos empresários rurais. Deseja-se a volta das grandes Exposições Regionais de: Resende, Barra do Piraí, Vassouras, Valença, Paraíba do Sul, Cordeiro, Rio Bonito, Campos dos Goytacazes, Macaé, Itaperuna, Itaocara, Miracema e São Francisco do Itabapoana, as mais antigas e notáveis, entre outras.