Estima-se que, no mundo todo, a emissão de gases de efeito estufa advinda do rebanho bovino represente cerca de 9% do fenômeno global da mudança de clima. A base desse cálculo supõe que, na média,cada animal adulto gere, na ruminação, 57 kg de metano/ano.

Parece estranho, antinatural mesmo, que os animais ruminantes possam ser acusados de promoverem o aquecimento do Planeta. Afinal, eles vivem aqui na Terra há milhões de anos. Na origem dessa distorção se encontra a forma de cálculo utilizada pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Na metodologia do IPCC, considera-se a quantidade total de metano “entérico” expelida (arrotada) pelo gado, sem levar em conta, ou seja, sem descontar, o carbono fixado, por fotossíntese, nas pastagens ou aquele carbono existente na ração.

É verdade que o metano, gerado no processo de ruminação, possui um fator de aquecimento bem superior ao gás carbônico. Exatamente por isso seria mais correto contabilizar a fixação do carbono nas pastagens, realizada pela fotossíntese. Seria um “balanço de carbono”.

Esse balanço tornaria a contabilidade ambiental mais realista,pois o carbono expelido, como metano, pela eructação bovina foi, anteriormente, retirado da atmosfera. A diferença se daria por uma equação que balanceasse a diferença entre os fatores de aquecimento do metano e do gás carbônico.

As pastagens, quando bem manejadas, seqüestram carbono, acumulando-os em seus tecidos, especialmente nas raízes. Sistemas de produção pecuária podem, portanto, contribuir de forma positiva para combater mudanças de clima.

Transcrição integral do capítulo citado, do livro Agricultura – Fatos e Mitos – autoria de Xico Graziano, Décio Luiz Gazzoni e Maria Thereza Pedroso.Editora Baraúna.