Cartilha destaca a imunocastração como aliada para a suinocultura
A suinocultura moderna vai muito além dos indicadores zootécnicos tradicionais. Com mercados cada vez mais exigentes e consumidores atentos às condições de produção, o bem-estar animal deixa de ser um diferencial e se torna uma condição fundamental para a sustentabilidade e competitividade do setor.
Nesse contexto, a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) lançou a nova Cartilha de Bem-Estar Animal, documento que consolida diretrizes práticas e técnicas para promover ambientes produtivos mais saudáveis e eticamente responsáveis.
O documento destaca que o bem-estar dos suínos está diretamente ligado à produtividade e à eficiência dos sistemas de produção. Animais confortáveis, sem dor, com acesso adequado a recursos e expressando seus comportamentos naturais, tendem a apresentar melhor desempenho zootécnico, menor variabilidade de lotes e maior longevidade funcional.
Diante desse cenário, a imunocastração surge como alternativa eficaz e sustentável, aliada no cuidado com o comportamento e conforto. Um estudo da Embrapa comprovou que suínos imunocastrados apresentam carcaças com maior percentual de carne e menor espessura de gordura, resultando em um índice de bonificação mais alto e um acréscimo médio de R$ 11,09 por animal pago ao produtor. A técnica se destaca como uma alternativa eficiente, que melhora a qualidade do produto final e gera mais rentabilidade para a cadeia produtiva.
Segundo o gerente de serviços técnicos de suínos da Zoetis, Dalvan Veit, a imunocastração representa um avanço importante na suinocultura moderna: “Estamos falando de uma tecnologia que respeita o bem-estar animal ao eliminar a necessidade da castração cirúrgica, que é dolorosa e invasiva. Quando reduzimos comportamentos indesejados como agressividade, monta e agitação, proporcionamos um ambiente mais estável e seguro para os suínos”
Estratégia
Essa abordagem reforça o que a ciência e a prática de campo já demonstram: bem-estar não se mede apenas no que se vê, mas principalmente no que se evita — dor, desconforto, estresse, medos e limitações comportamentais. É nesse ponto que as cinco liberdades do bem-estar animal se tornam não só diretrizes éticas, mas ferramentas técnicas para alcançar mais produtividade com menos sofrimento:
Livre de fome e sede;
Livre de desconforto físico e térmico;
Livre de dor, injúrias e doenças;
Livre para expressar comportamento natural;
Livre de medo e estresse.
Na prática da suinocultura, essas liberdades se traduzem em decisões como o uso de imunocastração em substituição a procedimentos cirúrgicos, ambientes com ambiência controlada, e protocolos sanitários preventivos que promovem saúde com menor intervenção e mais previsibilidade.
Além de uma exigência técnica, o bem-estar animal representa também um compromisso com o consumidor, cada vez mais atento à forma como os alimentos são produzidos. Proteger os suínos é também proteger a confiança da sociedade na produção nacional, com reflexos diretos na valorização da carne suína brasileira nos mercados interno e externo.
“O bem-estar animal deixou de ser um conceito abstrato e se tornou um componente real da performance técnica e econômica das granjas. Sendo assim, trabalhamos para que a saúde, o comportamento e o conforto dos suínos caminhem lado a lado com a produtividade e a sustentabilidade do setor”, conclui Veit.