Uso de enzimas auxilia na digestão de nutrientes na alimentação das aves e dos suínos
A safra 2023-2024 pode afetar o setor de nutrição e saúde animal de monogástricos, como aves e suínos, tanto no quesito quantidade quanto na qualidade dos grãos. Enzimas como protease e amilase podem contribuir para minimizar possíveis impactos, uma vez que auxiliam na digestão de até 35% dos nutrientes digeridos na alimentação das aves e dos suínos.
As últimas projeções divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a produção brasileira de grãos na safra 2023/2024 já refletem o impacto negativo que as condições climáticas adversas podem ter sobre o potencial produtivo e qualidade das lavouras.
O Brasil deve produzir 299,8 milhões de toneladas de grãos, 6,3% menos do que a safra passada. A produção de soja está prevista para 149,4 milhões de toneladas, redução de 3,4% em relação ao ciclo anterior. Já a produção de milho, deve cair em 18,2 milhões de toneladas, alcançado 113,7 milhões, queda de 10,9% na mesma comparação.
Segundo a gerente da divisão de Nutrição e Saúde Animal da Novonesis América Latina, Fernanda Frantz, as características nutricionais dos grãos costumam variar conforme a região do cultivo e época do ano, entre as safras de verão e de inverno.
“Mas, neste momento, com o impacto adicional dos efeitos climáticos, que influenciam diretamente a qualidade dos nutrientes encontrados nos grãos, é necessário buscar alternativas ao produtor”, alerta.
Ela explica eu uma das formas de mitigar o impacto dessas variações é a utilização de enzimas no processo, aumentando, assim, a disponibilidade e absorção dos nutrientes, uma vez que todos os animais possuem suas enzimas endógenas para a digestão dos alimentos, sendo essas produzidas pelo próprio organismo ou pelos microrganismos naturalmente presentes no intestino.
Ela menciona que o sistema digestivo dos animais não é completamente eficiente e que a digestão de suínos e aves é afetada, por exemplo, por fatores antinutricionais presentes nos ingredientes da ração.
“Além disso, em alguns casos, os animais podem não possuir as enzimas necessárias para degradar determinados componentes, o acaba comprometendo os indicadores de performance. Estudos mostram o uso de enzimas possibilita aumentar a digestibilidade da ração, resultando em maior ganho de peso e conversão alimentar”, destaca.
De acordo com Fernanda, a adição de enzimas específicas à ração já é uma prática comum e, nesses momentos, se torna essencial. Além disso, estudos mostram que a combinação de enzimas exógenas resulta em um efeito sinérgico, contribuindo ainda mais para o rendimento e da conversão alimentar.
Ela comenta que no caso da utilização conjunta das enzimas fitases e proteases, as duas enzimas trabalham juntas para solubilizar os complexos de proteína e fitatos, presentes em substratos com soja e milho.
“O mesmo acontece com a combinação de protease e amilase – os grânulos de amido, presentes no milho, por exemplo, ficam envoltos por uma matriz proteica e, com a ação da protease sobre estas proteínas, o amido fica exposto para atuação da amilase”, esclarece.
Benefícios
O uso adequado de enzimas na alimentação dos monogástricos pode trazer benefícios que vão além de um aumento na eficiência digestiva desses animais. Ao reduzir a quantidade de nutrientes não digeridos, tem-se uma alteração positiva na da microbiota intestinal, resultando no fortalecimento do sistema imunológico e melhor saúde intestinal.
Como consequência dessa melhora, Fernanda afirma que é possível observar a redução do teor de umidade e viscosidade das excretas, minimizando a incidência de cama úmida. “No caso das aves, isso é crucial para auxiliar na prevenção de problemas de lesões nas patas, que afetam diretamente o bem-estar dos animais.”
Ela ressalta que a suplementação enzimática reduz a variabilidade no valor nutritivo entre lotes de ingredientes, melhorando a precisão na formulação de rações, especialmente ao valorizar amostras de baixa qualidade nutricional impactadas por fatores climáticos na safra, como podemos observar atualmente.
“Adicionalmente, os benefícios das enzimas não se limitam apenas à melhoria na digestão de nutrientes, também abrange implicações cruciais nas transformações em curso na produção avícola e suinocultura global, relacionadas ao ambiente, saúde intestinal, bem-estar dos animais e sustentabilidade”, arremata a especialista.