Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), em São Paulo, desenvolveu um método que acrescenta um novo parâmetro na seleção e preservação da variabilidade genética em uma população de gado.

Do estudo participaram também pesquisadores da universidade de Maryland, localizada no estado norte-americano do mesmo nome e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA em inglês).

Além do valor genético, associado ao potencial de um exemplar produzir leite, gordura e proteína, entre outros, a nova abordagem considera também a chamada variância da diversidade gamética. Esse novo parâmetro determina a capacidade de um indivíduo transmitir suas características às próximas gerações.

“Nem todos os descendentes de animais altamente produtivos herdam essa qualidade. Com o novo método, conseguimos selecionar aqueles que darão origem a descendentes extremamente produtivos”, diz Daniel Jordan de Abreu Santos, que realizou o estudo durante o seu pós-doutorado na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da da UNESP, em Jaboticabal (SP).

“A variância da diversidade gamética é gerada pela separação dos cromossomos homólogos e pela taxa de recombinação entre genes ligados neles. Até então, ela não era considerada pelo método de seleção tradicional”, explica o pesquisador.

O novo método estima as probabilidades de transmissão de características para as próximas gerações a partir dos dados genéticos de um reprodutor ou das combinações possíveis em um determinado acasalamento.

Apesar de ter sido desenvolvido para seleção de qualquer espécie bovina, na pesquisa a tecnologia foi aplicada em gado leiteiro das raças Jersey e Holstein (linhagem da raça holandesa), devido ao volume e qualidade de dados disponíveis.

As informações permitem estimar as possíveis combinações do material genético do pai e da mãe e prever como será a prole. “Agora, pode-se prever antes do acasalamento que animais vão gerar mais filhos altamente produtivos, acima da média esperada. A diversidade gamética é que vai dar esse valor; ela determina a capacidade do animal de transmitir suas características para a prole”, finaliza Santos.

O estudo foi financiado pela Fundação de Estudos de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo, pela Universidade de Maryland e pelo USDA.