Confira os 7 principais desafios da produção

A pecuária leiteira brasileira se destaca pela sua amplitude territorial e diversidade de sistemas de produção, que variam de operações de baixa tecnificação a propriedades de alta performance. Essa heterogeneidade tecnológica, no entanto, define os desafios enfrentados em cada fazenda, podendo levar à ineficiência e, em casos extremos, ao abandono da atividade.

De acordo com a zootecnista e doutora em nutrição e produção de ruminantes, Elissa Forgiarini Vizzotto, existem 7 problemas principais que são consistentemente identificados em fazendas brasileiras responsáveis por afetar a produtividade e a rentabilidade do setor.

O primeiro deles, segundo a especialista, é a nutrição inadequada e seus impactos. A baixa oferta de energia e/ou proteína compromete a conversão alimentar, impactando diretamente a produção de leite e o ganho de peso. “Dietas deficientes mobilizam reservas corporais, prejudicando a produção, a reprodução e o escore de condição corporal das vacas. A qualidade do pasto e das silagens são cruciais para evitar essa limitação”, detalha Elissa.

Outro fator apontado pela doutora é o intervalo entre partos (IEP) longo, acima de 12,5 meses, que resulta em menor taxa de natalidade, aumento dos custos de reposição e mais dias de vacas sem produção. Ela cita ainda que monitorar o DEL (Dias em Lactação) médio é vital, e acrescenta que, um DEL entre 150 e 180 dias é ideal para rebanhos lucrativos e reprodutivamente eficientes, assegurando que a maioria das vacas esteja nos estágios mais produtivos.

Dentre os desafios, Elissa cita ainda a qualidade do leite e saúde da glândula mamária. Nessa questão, segundo ela, o teste do alizarol é fundamental para a triagem da qualidade do leite. Leite ácido ou alcalino (fora dos parâmetros da IN 77) não é aceito pela indústria, gerando perdas. “Enquanto o leite ácido pode estar ligado ao colostro, o leite alcalino frequentemente indica mastite, problemas de imunidade, falhas sanitárias na ordenha ou falta de terapia da vaca seca, práticas essenciais para a saúde do úbere”, pontua.

Zootecnista Elissa Forgiarini Vizzotto. Foto: Divulgação

Outro desafio listado pela zootecnista é o estresse térmico. Fatores ambientais como temperatura, umidade e radiação solar influenciam a zona de conforto térmico. O estresse térmico por calor reduz a ingestão de alimentos, impacta a produção (em até 20%) e qualidade do leite, prejudica a reprodução e aumenta a incidência de doenças. Rebanhos de alta produção são mais sensíveis, exigindo um Índice de Temperatura e Umidade (ITU) abaixo de 68.

Escala, planejamento e compra de matérias-primas também são desafios para quem tem a pecuária leiteira como atividade. A produção individual de leite por vaca está diretamente ligada à margem líquida por hectare, otimizando o uso de recursos. “A falta de escala na compra de matérias-primas eleva os custos. Um planejamento alimentar estratégico é crucial para monitorar o consumo e reduzir despesas, permitindo ao produtor aproveitar melhores condições de mercado”, orienta Elissa.

Também considerado uma dos principais desafios, a ausência de dados zootécnicos impede a identificação de falhas e a aplicação eficaz de tecnologias. Embora softwares auxiliem na coleta, a dificuldade reside em transformar dados em informações acionáveis para a tomada de decisão estratégica.

Por fim, a especialista relata que os problemas de casco estão entre as principais causas de claudicação (60%) e geram perdas significativas (até 20% na produção de leite). Elas também afetam a eficiência reprodutiva, aumentam a incidência de mastite e os custos com tratamentos.

Junto com a nutrição, a saúde da glândula mamária e os problemas reprodutivos, as enfermidades de casco são as maiores causas de perdas econômicas na pecuária leiteira, exigindo atenção constante para a saúde e sustentabilidade dos rebanhos. “É preciso estar atento ao dia a dia da atividade, pois superar os desafios da produção é essencial garantir um futuro mais eficiente, rentável e sustentável para a pecuária leiteira brasileira”, arremata a zootecnista.

Por André Casagrande. Com informações da assessoria de comunicação da Premix
Foto: Divulgação Premix