Trata-se de uma imoralidade autorizada pelo MEC: atualmente, (11.09.2021) atuam no Brasil, 473 cursos de veterinária, quantidade superior a todos os existentes no mundo. Mas tem mais: 16 faculdades oferecem ensino à distância (EAD). É isso mesmo que o leitor entendeu: curso de medicina veterinária à distância, ou seja, não presencial. Imaginar que alguém possa aprender a conter um cavalo, para, por exemplo, castrá-lo, fazer um toque numa vaca, ou fazer um exame de pulorose num plantel de matrizes de aves, na ausência dos animais, sentado em casa, na frente de um computador, é o máximo da desonestidade e da vontade de ganhar dinheiro fácil.

Indústria de frustrações

A verdadeira indústria em que está transformado o ensino da veterinária no Brasil é uma fábrica de frustração tanto para os pais que se sacrificam para formar um filho “doutor” como para os jovens que no término do curso descobrirão que nem de longe estão preparados para enfrentar a dureza do mercado de trabalho.

E tem mais: não existem professores capacitados a ministrar aulas competentes nessa quantidade de faculdades.

A atuação do Conselho Federal

O que pouca gente sabe, e que é justo divulgar é que o CFMV – Conselho Federal de Medicina Veterinária, há tempos, vem atuando em várias frentes para controlar esse comércio em que o ensino da veterinária se transformou.

O Conselho já conversou com o INEP, ficando de apresentar um protocolo de trabalho conjunto sobre a avaliação dos atuais cursos, usando-se a estrutura do Sistema CFMV/CRMVs.

Na Câmara Federal, o Conselho participou de audiência exclusiva, na Comissão de Ensino, propondo “zero” para o EAD (Ensino à Distância), seis anos para o Curso de Medicina Veterinária, com seis meses de estágio obrigatório na área escolhida pelo formando, prova de proficiência e participação com voto decisivo na criação de novos cursos.

O Conselho Federal também está prestes a lançar uma “Campanha de Qualidade do Ensino da Veterinária”, com base no ENADE.
Mas isso não basta. É importante que os colegas veterinários e os profissionais de comunicação interessados nesse assunto colaborem com o CFMV, no sentido de lutar contra essa imoralidade em que está transformado o ensino – pago – da Medicina Veterinária no nosso Pais.