Possivelmente, o colega está se formando ou é recentemente formado, por uma das mais de 400 faculdades, quantidade maior do que todas as faculdades de veterinária existentes no mundo.

Possivelmente a sua faculdade, não passa de uma “indústria” sem condições mínimas para um ensino com a boa qualidade desejável.

Mas certamente, nem tudo está perdido. Certamente, há solução.Sempre haverá tempo se o novo colega estiver realmente interessado em ser um bom profissional.

O primeiro passo é informar-se sobre a abrangência e o papel social da nossa profissão, que não se limita à clínica e cirurgia dos animais de estimação e companhia, em que pese à indiscutível importância social e econômica desse setor.

A Veterinária, também não está limitada à medicina e à cirurgia. Ela é muito mais do que isso. Somos profissionais de Saúde Pública e um dos nossos papeis é estudar as Doenças Comuns ao Homem e aos Animais – as Zoonoses. O livro mais importante sobre esse assunto, tem pouco menos de 1000 páginas!

A Inspeção de Produtos de Origem Animal é outro dos segmentos importantes da nossa profissão. É ela que garante a qualidade das proteínas de origem animal consumidos pela população.

A sanidade dos rebanhos, aí incluídas a pecuária de corte, de leite, a suinocultura, a avicultura, a ovinocultura, a caprinocultura, a eqüinocultura, a apicultura, a piscicultura, a raniculura…é parte fundamental da profissão.

E, tem mais: a pesquisa,o desenvolvimento do diagnóstico por imagem, a cirurgia experimental, a nutrição, a farmacologia, para citar alguns exemplos.

É claro que o jovem colega ou quase colega, não precisa conhecer isso tudo, mas ter um conhecimento geral, básico, para poder escolher a sua especialidade, aquela na qual irá se aprofundar.

Outra verdade, é que o dia da formatura, embora muito importante, não é o fim e sim o começo de uma nova faze. Tão importante quando essa primeira é a preparação para enfrentar a dureza do mercado de trabalho (remunerado, ou como um investidor que deseja ser bem sucedido).

E meu primeiro conselho é, não tentar uma atividade, logo de saída e sim continuar investindo no aprendizado.

Como? De várias maneiras. “Grude” num colega experiente no ramo que você pretende seguir. Pode ser um professor, um profissional bem sucedido, um fazendeiro…Fique amigo dele. Colabore com ele. Escute o que ele tem a dizer. Faça perguntas, sem cerimônia. Tope qualquer serviço. Num curso que fiz, no Departamento de Ciência Avícola, da Universidade do Texas, comecei limpando galinheiro.

Lute por um ou mais estágios, no Brasil e no exterior.

Não faça a bobagem de se lançar numa atividade profissional antes de estar muito bem preparado e confiante.

Não pule etapas. Isso poderá lhe custar caro.

Mas, também não basta. É fundamental saber como se comportar, socialmente, dignificando a nossa profissão, e estudar sempre, porque “a fila anda”.

Saber comunicar-se é tão importante quanto ter conhecimento. Uma das máximas da comunicação é a seguinte: “Não importa o que você diz. O que importa é o que o outro entende”. E, raramente, por incrível que possa parecer, o que você diz é o que o outro entende.

Vestir-se adequadamente, também é importante. E adequadamente nada tem a ver com luxuosamente. Mas jeans rasgados, não combinam com um profissional que pretende impor-se.

Saber outro idioma, no mínimo para ler com facilidade, ajudará muito. O da moda, é o inglês, mas o do futuro é o mandarim, usado na China.

Com os meus 52 anos de experiência como veterinário e jornalista atuante, no Brasil e no exterior, esses são os conselhos que me ocorrem Se eles forem considerados úteis, ficarei contente. Se não forem, paciência, fiz o que pude.